Texto sobre o produto tem viralizado nas redes sociais. G1 ouviu especialistas para checar as principais informações.
Uma mensagem que circula via WhatsApp e nas redes sociais afirma que o consumo de aspartame, aditivo alimentar usado para substituir o açúcar comum, causa danos graves à saúde. O G1 consultou especialistas para comentar os principais pontos do texto, que citam quadros falsos de esclerose múltipla, desenvolvimento de lúpus sistêmica e acusações contra a empresa de agricultura e biotecnologia Monsanto.
O aspartame dá quadro falso de esclerose múltipla?
TRECHO DA MENSAGEM: “[…] (Artigo escrito pela Dra. Mancy Arckle) Quando a temperatura excede 30ºC, o álcool contido no ASPARTAME se converte em formaldeído e daí para ácido fórmico (o ácido fórmico é o veneno das formigas), que provoca acidose metabólica. A toxicidade do metanol imita a esclerose múltipla e as pessoas recebem diagnóstico errado de esclerose múltipla. A Esclerose múltipla não se constitui em sentença de morte, mas a toxicidade do metanol sim. […] Infelizmente, leva muito tempo para matar, mas está matando as pessoas e causando todos os tipos de problemas neurológicos. O Aspartame muda a química do cérebro. É a causa de diversos tipos de ataque. Esta droga muda os níveis de dopamina no cérebro. Imagine o que acontece com os pacientes que sofrem de Doença de Parkinson?.”
O neurologista Douglas Sato, superintendente de ensino e pesquisa do Instituto do Cérebro, ligado à Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS), e coordenador do Departamento de Neuroimunologia da Academia Brasileira de Neurologia (ABN), afirma que não há comprovação científica sobre nenhuma das afirmações feitas citando a esclerose múltipla. “O texto não tem lógica. Misturou doença neurológica [esclerose múltipla] com doença inflamatória [lúpus sistêmico].” Ele afirma que a médica citada no artigo, Mancy Arckle, não aparece em nenhum livro de medicina. “Essa médica não tem filiação. Fui procurar até umas variações do nome e não achei. Essa pessoa ou se esconde muito ou não existe”, afirma.
Sobre a frase que diz que o aspartame muda a química do cérebro e eleva o nível de dopamina, o médico também explica que não há realidade nela. “Não tem nenhum estudo apoiando esse tipo de afirmação”, conta. Ele completa que as razões para o desenvolvimento da esclerose múltipla são conhecidos e nenhum deles envolve o aspartame. “A gente tem fatores genéticos e ambientais, sim, que podem desenvolver um quadro de esclerose múltipla, mas em nenhum momento entrou aspartame na lista. Os fatores ambientais podem ser o cigarro, falta de exposição solar ou locais frios, exposição a alguns vírus. Isso geralmente aliado a fatores genéticos. A gente sabe que algumas populações têm um risco maior de desenvolver a doença”, relata.
O aspartame causa lúpus sistêmico?
TRECHO DA MENSAGEM: “No caso do Lúpus sistêmico, estamos percebendo que é quase tão grave quanto a esclerose múltipla […]. Nos casos de Lúpus sistêmico causado pelo ASPARTAME, a vítima geralmente não sabe que o Aspartame é a causa de sua doença e continua com seu uso, agravando o lúpus a um grau tão intenso que algumas vezes ameaça a vida. Quando interrompemos o uso do Aspartame, as pessoas que tinham lúpus ficam assintomáticas. Em uma conferência eu disse: ‘Se você está usando ASPARTAME (Nutrasweet, Equal, e Spoonful, etc.) e sofre de sintomas como fibromialgia, espasmos, dores, formigamento nas pernas, câimbras, vertigem, tontura, dor de cabeça, zumbido no ouvido, dores articulares, depressão, ataques de ansiedade, fala atrapalhada, visão borrada ou perda de memória – você provavelmente tem a DOENÇA DO ASPARTAME!”
Segundo o médico reumatologista Fernando Neubarth, ex-presidente da Sociedade Brasileira de Reumatologia, não há evidências científicas que atestem que o lúpus sistêmico, doença inflamatória crônica autoimune que afeta um ou mais órgãos do corpo, é desencadeado pelo consumo de aspartame. “As causas ainda não são conhecidas, mas sabe-se que há fatores genéticos, hormonais e ambientais envolvidos. Portanto, pessoas que têm suscetibilidade genética para desenvolver a doença, em algum momento, após uma interação com fatores ambientais (irritação solar, infecções virais ou por outros microorganismos) passam a apresentar alterações imunológicas. A principal delas é o desequilíbrio na produção de anticorpos que reagem com proteínas do próprio organismo e causam inflamação em diversos locais como a pele, mucosas, pleura e pulmões, articulações”, explica.
Também não há evidências científicas para dizer que os sintomas de lúpus somem se o paciente parar de consumir aspartame. “Não entramos no mérito se o uso de aspartame é ou não recomendável, mas podemos assegurar que não há relação científica reconhecida em relação ao lúpus ou outra doença reumática”, diz Neubarth.
O profissional também explica que os sintomas da “doença do aspartame” citada no texto são semelhantes a várias doenças reumáticas. O recomendado, porém, é se a pessoa tiver alguma alteração na saúde, procurar um médico. “Um especialista, com base na consulta clínica e exames, tem condições de avaliar se esses sintomas podem estar relacionados ao sistema imunológico, característica de muitas das doenças reumáticas”, recomenda.
A Monsanto sabe que o aspartame é mortal?
TRECHO DA MENSAGEM:“TIRE TUDO O QUE CONTÉM ASPARTAME DO ARMÁRIO. ENVIE PARA NÓS SUA HISTÓRIA. Eu asseguro que A MONSANTO, A CRIADORA DO ASPARTAME, SABE COMO ELE É MORTAL. ELES FINANCIAM A ASSOCIAÇÃO AMERICANA DE DIABETES, A ASSOCIAÇÃO AMERICANA DE DIETÉTICA, O CONGRESSO E A CONFERÊNCIA DO COLÉGIO AMERICANO DE MEDICINA. O New York Times, em 15 de Novembro de 1996, publicou um artigo a respeito de como a Associação Americana de Dietética recebe dinheiro da indústria Alimentícia para endossar seus produtos. Por isso, eles não podem criticar aditivos ou falar a respeito de sua ligação com a MONSANTO.”
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