Cada ano, cada inverno, eu sentia uma dor no pé direito. Nunca entendi o porquê.
Até que um dia – exatamente o dia em que voltei pro Brasil, depois de haver passado 3 semanas no frio de zero graus na Noruega, tudo mudou.
Meu dedo polegar e o pé direito começaram a avermelhar, inchar, doer e enrijecer cada manhã. Eu não entendia nada. Mal saberia eu que longos anos de dor, luta e sentimentos encontrados viriam pela frente. Não encontrei respostas com meu médico na minha cidade natal.
Me lembro de no dia do meu casamento ter tanta dor no pé – era uma das últimas vezes que suportaria usar salto alto. Meses mais tarde, agora na Noruega, o médico logo suspeitou de artrite. Fui encaminhada à um reumatologista e recebi então a minha sentença – artrite reumatoide.
Só quem sofre ou vê de perto alguém convivendo com essa doença, compreende o que ela é. Tantas frustrações por não conseguir às vezes segurar uma xícara de café, ou vestir -se sozinho. Abrir o botão de uma camisa ou subir escadas normalmente. Dias chuvosos, invernos intermináveis. Pontadas como se fossem agulhas.
O sonho de maternidade quase impedido por conta da medicação, a saúde ao fim, colocada de lado pelo desejo de construir uma família. Foram anos tomando somente corticoide. As consequências da falta de um tratamento adequado me levaram à um quadro de artrose nos punhos. Perdi praticamente os movimentos e forças de ambas as mãos. Resultado: uma prótese no punho direito. Graças a ela, hoje tenho 50% dos movimentos novamente e um pouco mais de força também.
Estou longe de ter uma vida normal, ou de fazer tudo o que desejaria. Mas agradeço a Deus e à minha família por me apoiarem em cada fase nessa caminhada. Às vezes esqueço das minhas limitações e exagero, faço mais do que deveria. Pago caro – horas de dores, lágrimas de frustração, desespero. Mas também lágrimas de gratidão – porquê até aqui me ajudou Deus a superar cada etapa. (Segue na seguinte publicação)
Meus primeiros filhos não sentiram tanto os efeitos da doença. Infelizmente com o terceiro foi mais difícil. Eu precisava 100% do meu esposo em casa – não conseguia carregar sozinha meu bebê. Após um mês amamentando, fui praticamente obrigada a deixar de fazê-lo, para dar início ao tratamento com biológicos.Era ele ou eu – disse a doutora. Com o coração partido eu deixei de me doar completamente, para começar a cuidar da minha saúde novamente, com esperanças de ter uma vida melhor.
Difícil explicar para as pessoas que você vai deixar seu bebezinho com o pai, porquê você não pode cuidar dele sozinha. Que é melhor você trabalhar fora, porque nesse momento cuidar dos afazeres domésticos é praticamente impossível.
Hão sido longos anos, períodos de dor e remissão também. Difícil entender porquê nem sempre o tratamento funciona como esperado. Uma prótese não resolve todos os problemas. Sigo em constante luta – contra a doença, contra a dor que insiste em voltar em diferentes pontos do corpo, contra os pensamentos negativos.
Dizem que não há cura para esse mal. Mas eu creio que a solução para a AR está em ser rodeado por fé e família. Sem essas duas coisas não temos futuro. Sem fé não há esperança. E sem família – de sangue e de coração, não há porquê lutar por um amanhã melhor.
“Dor Compartilhada é Dor Diminuída”, conte a sua história e entenda que ao escrever praticamos uma autoterapia e sua história pode ajudar alguém a viver melhor com a doença! É super simples, basta preencher o formulário no link:https://goo.gl/UwaJQ4
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