A Artrite Reumatoide (AR) é uma doença crónica, autoimune e sistémica, que se carateriza por inflamação das articulações, condicionando dor, rigidez matinal, inchaço, incapacidade funcional e redução significativa da qualidade de vida dos doentes.
Atualmente, os números mostram que afeta 1,5% da população mundial e cerca de 0,7% em Portugal, sendo 2-3 vezes mais frequente nas mulheres. Sendo uma doença que afeta mulheres em idade fértil é importante falar do seu impacto em aspetos como a sexualidade e a gravidez.
A AR pode interferir fisica e emocionalmente com o desejo e acto sexual, por diversas razões, como a presença de dor e inflamação das articulações, a fadiga, a limitação de movimentos articulares, a interferência na auto-estima e até alterações de humor. Contudo, estratégias de relaxamento e analgesia antes do acto sexual podem ajudar, sendo fundamental abordar este problema na consulta e envolver o parceiro sexual.
Um dos maiores receios nas mulheres com AR em idade fértil é a impossibilidade de engravidar e os riscos associados. Embora a AR não afete a fertilidade e a gravidez não seja desaconselhada , esta deve ser devida e atempadamente planeada, de forma a garantir o seu sucesso. Existem medicamentos contraindicados na gravidez, como o metotrexato, um fármaco amplamente utilizado no tratamento da AR, que terá de ser suspenso 3 meses antes de uma gravidez, pelo risco de malformações do feto. Desta forma é necessária a preparação e a partilha dessa informação com o reumatologista para que este possa mudar ou suspender terapêuticas de risco; avaliar a coexistência de outras condições associadas a artrite reumatoide que impliquem cuidados especiais; e avaliar a doença, de forma a que a conceção aconteça num período em que a inflamação esteja controlada. A maioria das mulheres com AR tem uma gestação sem contratempos, com desenvolvimento normal do feto. Até 70% das mulheres referem melhoria da artrite durante a gravidez, mas algumas sofrem agudizações articulares, principalmente, até aos 3 meses depois do parto.
A amamentação deve ser estimulada pelos benefícios para a criança reconhecidas no leite materno, exceto quando a mãe necessita de fármacos para controlo da AR, que são excretados no leite materno.
Além destas preocupações, a incapacidade funcional para a realização de tarefas do dia-a-dia em contexto familiar, constitui uma das maiores angústias destas mulheres, com consequente impacto emocional, na autoestima e na qualidade de vida da doente. Desabafos como “as lágrimas correm-me pela cara cada vez que não consigo apertar os botões das camisolas do meu filho, sinto-me incapaz de cuidar dele”, refletem bem o impacto que esta doença pode ter. Os efeitos da incapacidade repercutem-se quer na sua relação com os outros, quer consigo própria, levando a situações de ansiedade e depressão.
O diagnóstico precoce e a instituição de tratamentos, adequados e eficazes, permitem um controlo eficaz do processo inflamatório e a minimização deste impacto. Contudo, é fundamental avaliá-lo continuamente e instituir medidas que permitam a sua redução, nomeadamente não farmacológicas.
Uma abordagem holística, centrada na doente, valorizando estes aspetos é fundamental para minimizar o impacto da AR na vida da mulher, melhorar o seu prognóstico e a sobretudo a sua qualidade de vida.
Fonte: Assessoria de Imprensa/Activa
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