Doença pode impedir a realização de atividades básicas. Diagnóstico rápido é fundamental para minimizar efeitos
Todos os dias, Rosicleide Silva, 41 anos, saía de casa cedo para fazer faxina em outras residências. Ao retornar, cuidava da filha deficiente. Em um dia normal de atividades, começou a sentir dores contínuas no braço, que logo se espalharam para o joelho e, com o tempo, mudaram seu cotidiano. Rosicleide tem artrite reumatoide (AR), doença autoimune que atinge dois milhões de brasileiros, entre eles 92 mil pernambucanos.
Era novembro de 2009, Rosicleide começou a sentir os primeiros sintomas. Em três meses, já não conseguia pegar peso nem se abaixar, e só andava apoiada em alguém. Precisou abandonar o trabalho e, por pouco, não perdeu a capacidade de cuidar da filha. Diagnosticada rapidamente, retomou algumas atividades. “Mas até hoje não consigo me abaixar.”
A pesquisa “Não ignore sua dor: pode ser artrite reumatoide”, encomendada pelo laboratório Pfizer ao Instituto Ipsos, mostrou que no Recife o diagnóstico costuma ser mais rápido que na média nacional.
O estudo foi divulgado na semana passada, em São Paulo.
A rapidez no diagnóstico, que deve ser fechado em até três meses, é considerada imprescindível para evitar a progressão da doença, que provoca rigidez, deformidade articular e desgaste ósseo e leva a incapacidades como deixar de andar e não poder segurar uma xícara.
Assim como Rosicleide, 65% dos portadores de AR levam em média menos de um ano para saberem que têm a doença na capital pernambucana. O índice é maior do que capitais como São Paulo, onde fica na casa dos 60%, e o Rio de Janeiro, onde a taxa é de 43%. A média nacional é de dois anos e um mês.
No Recife, nenhum dos entrevistados demorou mais de cinco anos para saber que tinha AR, diferentemente das outras quatro capitais pesquisadas (Rio, São Paulo, Belo Horizonte e Porto Alegre).
Vida profissional
O estudo apontou que 35% dos doentes têm a rotina profissional interferida pela AR. Em 10 anos, só metade segue no emprego em tempo integral. Daí a importância do diagnóstico em até 90 dias.
Além disso, de 30% a 40% desenvolvem problemas pulmonares, explica Rina Giorgi, da Sociedade Brasileira de Reumatologia. Em um ano, costumam começar as lesões no osso.
“Ela não é só uma doença articular, tem comprometimento sistêmico. Cerca de 30 a 40% dos pacientes têm problemas pulmonares e 50% deles vão ter inflamações ou problemas oculares”, ressaltou Rina Giorgi.
O diagnóstico tardio acontece pela dificuldade de encontrar o médico certo. Na média se vai a três profissionais antes da confirmação. “É importante desconfiar das dores contínuas”, alertou o reumatologia do Hospital Sírio-Libanês, Cristiano Zerbini.
Anvisa aprova novo remédio
A artrite reumatoide é uma doença que não têm cura nem causa definida, apenas fatores de predisposição conhecidos, como a genética e o tabagismo. Por causa disso, os pacientes precisam fazer o controle das dores e tentar evitar a progressão usando medicamentos para o resto da vida. Em dezembro do ano passado, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou o uso do citrato de tofacitinibe para tratamento da AR no Brasil.
O medicamento deve entrar no mercado nesta semana, com o nome de Xeljanz, e é indicado para aqueles pacientes que não têm resposta aos tratamentos oferecidos atualmente. O remédio irá substituir o uso do tratamento via medicamentos biológicos, injetáveis, e será de uso oral.
O Xeljanz tem um mecanismo de ação diferente dos outros tratamentos, pois age dentro das células, neutralizando a ação da proteína janus quinase, que favorece o aparecimento da AR. Atualmente, a Pfizer dialoga com o Ministério da Saúde para oferta do medicamento na rede SUS.
“É um medicamento mais barato que os tratamentos oferecidos atualmente pelo SUS”, ressaltou o diretor médico da Pfizer, Eurico Correia.
Fonte: Diário de Pernambuco
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