Comecei a sentir os primeiros sintomas próximo aos meus 30 anos, acordava com um ou dois dedos inchados e às vezes tinha dificuldades para segurar a caneca do café. Na época eu me tratava com homeopatia e o médico foi certeiro no diagnóstico, mas ele disse que era uma doença de quem estava necessitando tomar uma decisão e eu realmente estava, então não dei muita bola para o problema, pois achei que assim que tomasse a decisão as coisas se encaixariam.
Continuei fazendo o tratamento homeopático por cerca de 1 ano, mas mesmo com a decisão tomada e fazendo terapia, as dores começaram a ficar mais incômodas. Passei por vários médicos e cada um dizia uma coisa, cheguei até a ser diagnosticada com depressão… o que não fazia o menor sentido na época. Comecei a fazer acupuntura e quiropraxia, já com quase 2 anos do início dos primeiros sintomas. Foi o quiropata quem me falou que eu provavelmente tinha Artrite Reumatoide e me orientou a procurar um reumatologista, eu nem sabia que especialidade procurar.
A médica pediu os exames que julgou necessários e comecei o meu tratamento com hidroxicloroquina apenas. Depois dela tive um outro médico que me orientou a iniciar também com o metotrexato. Nesse início eu ficava bem a maior parte do tempo, mas tinha umas crises pontuais de dor intensa, de passar noites em claro, não sabia muito como agir e não sentia muito apoio dos médicos também.
Comecei um tratamento no Hospital das Clínicas, em São Paulo, mas foi a pior época pra mim, além de ficar horas aguardando para ser atendida, o que era muito cansativo, lidar com os pacientes confesso que não era fácil, eu não queria aceitar a doença e ali eu via casos gravíssimos, as pessoas contavam casos pesados e aquilo me fazia muito mal, além de ter sofrido alguns erros dos residentes, como indicar medicação errada (e eu ter tomado por meses). Eu não gostava de tomar os medicamentos, achei que engordei, sentia enjoos, bebia um pouco de álcool e já passava mal.
Sou bailarina desde criança e nesse período fui vendo minhas limitações aparecendo na dança cada dia mais, me impedindo de dançar. Mudei novamente de médico e passei a tomar biológicos, nesse momento também veio o desejo de engravidar e com a medicação anterior não seria possível. Tive muita reação alérgica aos biológicos, tomei vários deles, até um dia que tomei o Infliximunabe e meu corpo encheu de edemas, meu rosto desfigurou, foi bem assustador. Neste dia decidi que não tomaria mais remédios e que eu iria achar um meio mais natural de tratar a doença.
Iniciei um tratamento com Ayurveda, a medicina indiana, e comecei a praticar Yoga porque eu não tinha mais condições de fazer aulas de ballet clássico. Eu fiquei muito mal, meu corpo todo começou a enrijecer, as dores se espalharam rapidamente por todas as articulações, mas eu tinha fé que era uma fase, que eu iria limpar meu organismo e ia ficar boa. Depois de 1 ano, procurei uma Xamã que havia curado vários conhecidos de conhecidos meus, das mais variadas doenças.
Eu sou de São Paulo e viajava para Santa Catarina há cada 2 meses para passar com ela. Foram 2 anos sem medicamentos alopáticos tradicionais, eu me sentia melhor de saúde no geral porque os medicamentos da artrite sempre me derrubaram, mas infelizmente com relação a artrite reumatoide fiquei muito mal, tinha dias que passava na cama, muitos outros não conseguia sequer lavar uma louça e interessante como o fato da doença não ter tantos sinais evidentes no corpo, parece que ninguém te leva a sério, ouvi muitos absurdos ao longo desse tempo e uma coisa que sempre me incomodou foi: “nossa você ainda está com isso?”
Eu lembro um dia que a dor era tanta que pensei: hoje eu entendo por que algumas pessoas cometem suicídio. Graças a Deus eu nunca pensei nisso e sempre tive muita fé que encontraria a cura (ainda tenho, embora hoje já aceito maravilhosamente bem a ideia da remissão, como cura), eu fiz mil tratamentos alternativos, complementares: Reiki, Massagens, Tenda do suor, Vivências das mais variadas, Constelação Familiar, Barra de Access, Facelit Energético, Acupuntura, Yoga, Meditação, Herborismo, Naturopatia, Fitoterapia, Florais (várias linhas diferentes) tomei chá de sucupira e muitos outros, magnésio, mudei alimentação, me tornei vegetariana, passei a comer mais alimentos saudáveis, orgânicos, tomei suplementos alimentares, passei com nutricionista, além da Homeopatia e Ayurveda já citados, ufa! E eu devo estar esquecendo algum… tudo na intenção de descobrir a causa da doença e consequentemente sua cura.
Não me arrependo de nenhum e acredito que todos me auxiliaram de alguma fora, entretanto a A.R. continuava lá firme e forte me atacando. Voltei a fazer ballet, mesmo com as limitações e mantive a prática da Yoga e Meditação porque uma coisa é certa, alivia as dores e me faz lidar melhor com a minha situação.
Um dia fui dormir na casa do boy, era minha primeira vez na casa dele. Tive a maior crise da minha vida. Acordei no meio da madrugada com dores alucinantes do corpo todo. Pedi para ele ir à farmácia buscar corticoide e anti-inflamatório, tamanha era a dor (lembrando que já fazia 2 anos que eu não tomava nada). A crise foi tão violenta que os medicamentos não surtiram resultado, precisei ser levada carregada para o hospital, todo o meu corpo estava inflamado e as dores eram agudas.
Passei 5 dias na cama me recuperando, voltei a tomar o metotrexato e alguns meses depois minha médica sugeriu começarmos novamente a saga dos biológicos, mas desta vez com um protocolo de uso de antialérgico e corticoide dias antes e no dia da medicação. As dores começaram a desaparecer, me tornei instrutora de yoga, continuei dançando e casei com o boy <3 até que 2 anos depois, no início da pandemia comecei a ter várias reações de pele, desde espinhas inflamadas e tersol, a ponto de precisar de antibióticos, até um eritema multiforme (umas feridinhas na pele) e minha médica suspendeu o medicamento.
Fiquei 70 dias bem e começou novamente a saga de dores, inflamações, inchaços, limitações… Atualmente estou fazendo uso do corticoide o que não está dando certo, pois as dores estão fortes e a dose está alta. Passei num novo médico que quer tentar o uso de um outro biológico que ainda não testei e estamos aguardando a liberação do convênio. Enquanto isso estou aqui aguardando dias melhores, esperando que o novo biológico faça efeito sem me dar reações alérgicas e com esperanças de que tudo se ajeite em breve.
Meu conselho para vocês é que procurarem um bom médico, não se automediquem, não pararem de tomar o medicamento por conta própria, não fiquem lendo tudo quanto é notícia na internet sobre a doença, busquem seus direitos. Existe vida após a doença, pense positivo, apesar de tudo, sempre podemos aprender com as dificuldades.
Meu nome é Karin Araujo, tenho 43 anos, convivo com a Artrite Reumatoide há 13 anos, sou Bibliotecária e Instrutora de Yoga, e moro em São paulo-SP.
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