Desde muito pequena sempre senti muita dor nos braços e pernas, nunca entendi o porque de todos os meus irmãos e primos poderem correr, pular e eu nunca aguentava muito tempo, acordava durante a noite chorando e minha mãe, coitada, ficava doida, tentava de tudo, passava querosene, sebo de carneiro, semente de abacate no álcool e nada melhorava. Na adolescência eu dei uma melhorada, mas sempre que o tempo esfriava eu sofria, não podia dormir na casa de amigos porque qualquer coisa me dava diarreia e muito enjoo, minha família era muito humilde, não tinha recursos e nem informações para procurar um médico. Aos 19 anos tive um sono e um desânimo que nada curava, saia de casa e dormia no ônibus, perdia o ponto, já deitei em banco de praça e dormi antes de ir para o trabalho, já cheguei a sentar na porta do meu trabalho e dormir, acordava muito cansada, minhas noites eram de dor, e minhas manhãs de sono.
Aos 21 anos tive meu primeiro filho, meses depois meu pé direito inchou muito e a dor era insuportável, foram 7 dias de muito sofrimento e muito anti-inflamatório, mas passou, eu pensei que havia passado. Aos 26 anos tive a minha segunda filha, aí a dor veio pior, na gravidez meu quadril não parava de doer por nada, eu não podia fazer raio-x por causa da gravidez, depois a dor diminuiu, mas não passou, aos 30 engravidei de novo, porém meu quadril doeu menos, e assim que a minha caçula nasceu minhas pernas não foram mais as mesmas, doíam sem parar e minhas mãos começaram a ficar duras, meu dedo mindinho ficou meio torto, comecei a procurar um reumatologista, mas pelo SUS é muito difícil.
Até que aos 33 anos tive uma crise, fiquei com pés e mãos mais inchados que o normal, consegui uma reumato que me deu uma bronca e me falou que se eu sentisse mesmo tanta dor eu teria procurado ajuda antes, falou que iria me passar uns exames só porque tinham me encaminhado para ela, mas que eu não tinha reumatismo, marcou meu retorno para uns seis meses depois, quando cheguei no consultório ela já estava com o resultado dos meus exames na mão, me tratou melhor do que a primeira vez, me falou que havia dado um probleminha, perguntei o que era e ela falou que eu tinha artrite reumatoide, eu nunca havia ouvido falar nessa doença, ela não me explicou nada me encaminhou para um gastro, um oftalmo e uma nutricionista, mas não me deu nenhum tipo de informação, me pediu para não ficar muito tempo deitada e nem muito tempo em pé, não fazer movimentos bruscos, não cortar legumes, não usar tesoura, não pegar criança no colo, não torcer roupa, não carregar sacolas, me passou um monte de remédios e mais um monte de exames, a cada consulta e a cada exame me aparecia um problema novo, joelho, ombro, calcanhar, coluna, quadril, mãos, após cinco anos de tratamento, do nada ela me deu alta, mesmo eu reclamando de dores terríveis, me falou que eu tinha uma doença e que o principal sintoma era a dor, como quem diz, se vire não posso fazer nada!
Quando estava saindo do consultório ela veio até a porta e falou: “mocinha e esse salto? você quer voltar e dar uma olhada nos seus exames? Você escolhe, cadeira de rodas ou cama.” Sempre gostei de saltos e infelizmente não uso mais, mas o que me deixou impressionada é que mesmo assim ela me deu alta, fiquei seis anos tomando qualquer coisa para dor, até que mais dois dedos resolveram entortar, procurei o médico do posto de saúde e todos me mandaram procurar um reumato, cada crise de dor era um encaminhamento, acho que tenho uns 13 ou mais e o médico mesmo nada, até que meu quadril resolveu piorar depois de umas duas quedas por não ter firmeza nas pernas, então passei a usar muleta e hoje estou em tratamento no hospital das clinicas, graças a Deus uma médica teve compaixão de mim e me arrumou uma vaga, consegui o telefone dela com uma amiga e contei toda minha historia, mandei fotos de minhas mãos e ela resolveu me ajudar, me diagnosticou com fibromialgia e estou fazendo exames para ver como esta a AR, já comecei o tratamento e a fraqueza nas pernas diminuiu, só uso a muleta na rua por medo de cair, mas a cada dia estou mais segura, vou começar hidroginástica e agora estou com mais esperança, ainda sinto muita dor e muito cansaço, ainda não tenho vontade de fazer nada, esqueço coisas que nem eu acredito, tem dias que acho que estou ficando demente, sinto falta de quando eu ainda podia sair, ainda tinha vontade de me divertir, mas tenho muita esperança que antes de partir desta vida vão descobrir a cura para o nosso sofrimento.
Me chamo Erica Mendes Campos, tenho 44 anos, sou cabeleireira, convivo com o diagnostico de artrite reumatoide e fibromialgia há 10 anos, moro em Serra – ES.
“Dor Compartilhada é Dor Diminuída“, conte a sua históriae entenda que ao escrever praticamos uma autoterapia e sua história pode ajudar alguém a viver melhor com a doença!
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