A Agência Nacional de Saúde Suplementar realizou, nesta quarta-feira (29), a 42ª audiência pública, onde foi debatida a proposta de incorporação ao Rol de Procedimentos e Eventos em Saúde do Brodalumabe, utilizado no tratamento da psoríase em placas, moderada a grave.
Inicialmente, Mara Jeane Chagas, representante da Leo Pharma Ltda (proponente da tecnologia), destacou que a recomendação preliminar foi desfavorável conforme a nota técnica 21/2024. O recebimento de contribuições teve início em 16/05/2024 e estenderá até 04/06/2024.
As evidências clínicas sobre a eficácia e a segurança do brodalumabe foram provenientes de três ensaios clínicos randomizados, duas revisões sistemáticas com metanálise em rede e três estudos observacionais. O brodalumabe mostrou superioridade na obtenção de 75% e 100% de redução da gravidade da psoríase (PASI 75 e PASI 100) em comparação com o Ustequinumabe e o placebo (alta certeza da evidência); e não demonstrou resultados estatisticamente significativos para obtenção de 90% e 100% de redução da gravidade da psoríase (PASI 90 e PASI 100) quando comparado ao guselcumabe (alta certeza da evidência).
Mara ressaltou que não foram identificados ensaios clínicos que comparem o brodalumabe com as demais intervenções disponíveis na saúde suplementar como primeira linha de biológicos em pacientes com psoríase moderada a grave. Ela também mencionou que há diversas metanálises em rede que realizaram comparações indiretas entre o brodalumabe e os outros agentes biológicos disponíveis na saúde suplementar. Os resultados dessas análises são variados, com o brodalumabe geralmente ocupando uma posição intermediária em termos de eficácia e segurança.
Em seguida, Ana Cecília Faveret, coordenadora de Avaliação Econômica em Saúde da ANS, destacou que o proponente apresentou um estudo de custo por respondedor, comparando o brodalumabe com os medicamentos adalimumabe, entarcepte, infliximabe, secuquinumabe, ustequinumabe, guselcumabe, ixequizumabe, risanquizumabe e certoluzimabe pegol. O resultado indicou que o brodalumabe é o terceiro medicamento com menor custo de resposta.
Com relação à análise de impacto orçamentário com uma população-alvo de 225.947 pacientes em 5 anos, a média anual seria de 45.189 pacientes ao ano, utilizando os mesmos comparadores citados anteriormente. A difusão ao longo de 5 anos seria de 5,5% em todos os anos no cenário 1 (equivalente ao apresentado pelo proponente), enquanto no cenário 2, a evolução seria de 5% a 10% (distribuição linear entre as tecnologias). O impacto orçamentário incremental seria de R$ 34 milhões em cinco anos, com uma média anual de R$ 6,9 milhões no cenário 1; e de R$ 249,1 milhões em cinco anos, com média anual de R$ 49,8 milhões no cenário 2.
Colabore com o Futuro
Andrea Bento, representante da Colabora com o Futuro, destacou em sua fala a defesa em relação à incorporação do Brodalumabe, argumentando que cerca de 20% dos pacientes evoluem para psoríase moderada a grave. Ela ressaltou os sofrimentos enfrentados por esses pacientes, incluindo dores inflamatórias em diversas partes do corpo e a questão da fobia social.
Ela enfatizou seu pedido de incorporação, destacando que não se trata apenas de uma questão de custo-efetividade, mas sim de oferecer mais uma opção terapêutica para os pacientes que apresentam resistência a algum imunobiológico.
Leo Pharma Brasil
Daniel Henrique Oliveira, diretor da Leo Pharma Brasil, ressaltou que o brodalumabe proporciona economia para a saúde suplementar. Ele enfatizou que, tendo a certeza dessa economia gerada pela tecnologia, a Leo Pharma optou por adotar os mesmos valores de custo anual de tratamento por tecnologia e a mesma população que a ANS definiu como elegível, utilizando o relatório disponível para acesso pela empresa.
Médicos
Guilherme Muzy, médico dermatologista destacou que o relatório elaborado pela ANS, desconsidera dois fatos considerados importantes, sendo eles, a sobrevida do medicamento ou seja, qualidade de vida do paciente que fará o uso da tecnologia e o mecansimo de ação. Destacando também a relação de gerar uma grande econômia.
Em seguida, Renan Clara, farmacêutico e ex-diretor da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica, enfatizou em sua fala a dor que cada paciente enfrenta ao lidar com doenças crônicas e imunomediadas. Ele destacou a necessidade de mudança na maneira como as audiências estão sendo conduzidas, pedindo mais tempo para que as pessoas, sejam médicos ou pacientes, possam expressar seus pontos de vista de forma abrangente e explicativa. Ele também ressaltou a inaceitabilidade da divergência entre relatórios e comparações entre o Cosaúde e a Conitec. Por fim, ele manifestou ser favorável à incorporação.
Neo Pharma Brasil
Lucas Giglio Colli, gerente da Neo Pharma Brasil, enfatizou que o brodalumabe difere significativamente de seus comparadores, representando uma nova opção terapêutica. Ele ressaltou que essa alternativa beneficia tanto pacientes que estão iniciando o tratamento quanto aqueles que não obtiveram sucesso com tratamentos anteriores. Isso resulta em uma demanda significativa nos consultórios de dermatologistas brasileiros.
Hospital do Servidor Público Municipal de São Paulo
Maria Victoria Guest, coordenadora do ambulatório de psoríases, terapias avançadas e doenças imunomediadas do Hospital do Servidor Público Municipal de São Paulo, explicou que a comparação com outras tecnologias seria inviável de ser realizada. Segundo ela, tal empreendimento exigiria anos para ser concluído, prejudicando apenas o paciente. Por fim, ela destacou os resultados da metánalises, enfatizando que chega a 75 e quase 90, antes da semana 12 de do tratamento.
Paciente
José Peixoto, vice-presidente da Psoríase Brasil, compartilhou sua experiência como portador da doença por mais de 40 anos. Ele mencionou ter utilizado várias tecnologias ao longo do tempo e ressaltou a importância da incorporação do brodalumabe como mais uma oportunidade de tratamento. Peixoto explicou que, com o passar do tempo, os medicamentos utilizados tendem a perder eficácia, o que justifica a busca por novas opções terapêuticas. Por fim, ele destacou o desafio e o sofrimento enfrentados para que o organismo se adapte a cada troca de medicamento.
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