Vermelhidão, dor ocular, sensibilidade à luz. Sintomas muitas vezes atribuídos à conjuntivite também podem caracterizar a uveíte, uma inflamação no olho com diferentes causas que, se não diagnosticada e combatida a tempo, pode afetar a visão para sempre. A boa notícia: um remédio moderno está sendo incorporado na rede pública de saúde para enfrentar uma versão desse problema.
Antes de falar em tratamento, porém, precisamos explicar o que é essa enfermidade. “Uveíte é um termo genérico para designar qualquer inflamação na úvea, uma camada que se prolonga pelo olho todo”, introduz o oftalmologista João Lins de Andrade Neto, presidente da Sociedade Brasileira de Uveítes (SBU).
A tal úvea envolve três estruturas principais: íris (a parte colorida do olho), corpo ciliar e coroide (uma membrana que abastece a região com sangue). Especificidades à parte, ela circunda o órgão da visão – portanto, a uveíte pode comprometer diferentes regiões dele.
“Muitos episódios não têm uma causa conhecida. Mas infecções e doenças reumatológicas estão associadas à doença”, ressalta Lins.
A toxoplasmose e a sífilis estão entre as principais causas no Brasil da uveíte posterior, que ataca o fundo do olho. Nesses casos, os agentes infecciosos provocam uma inflamação no olho que dispara o problema.
Já as doenças reumatológicas autoimunes, como a artrite reumatoide, estão mais ligadas à uveíte anterior (que acomete a frente do olho). Aqui, são as próprias células de defesa do corpo que agridem a úvea.
Em resumo, quem sofre ou sofreu com alguma dessas enfermidades deve ficar especialmente atento. Há ainda a uveíte intermediária – que aflige o meio do olho – e até uma versão que acaba abalando o globo ocular como um todo.
Sintomas
Eles costumam variar da uveíte anterior para a posterior. No primeiro caso, envolvem:
• Sensibilidade à luz (fotofobia)
• Olho vermelho (hiperemia)
• Dor no olho
• Eventualmente algum déficit visual
Como se pode ver, essa é a versão do problema que mais se confunde com a conjuntivite. Já na uveíte posterior, alterações na visão são mais comuns e acentuadas.
Sem tratamento correto, a enfermidade eventualmente avança e provoca complicações. Ela pode abrir as portas para catarata e glaucoma, por exemplo, ou alterar a anatomia do olho, o que também culmina em perda de visão.
Diagnóstico
“Eu digo que a uveíte é a doença que mais aproxima o oftalmologista do clínico geral”, afirma Lins. É que são tantas as questões para observar – algumas, em partes do corpo distantes dos olhos – que só uma avaliação do paciente como um todo fará o diagnóstico direito.
Além do mais, a própria confusão com a conjuntivite já reforça a necessidade de o médico descartar outras condições de saúde que trazem sinais semelhantes. “O tratamento da uveíte é diferente do da conjuntivite. Sem entender o que está causando os sintomas, fica complicado amenizá-los”, esclarece o oftalmologista da SBU.
Por outro lado, pessoas que já tiveram uveíte (sim, ela pode ir e vir ou ser crônica) não raro aplicam medicações específicas ao menor sinal de olho vermelho por acharem que se trata de mais uma crise. Mas e se for apenas uma conjuntivite?
“Eu insisto para os pacientes me ligarem nesses casos”, relata Lins.
Para diagnosticar a uveíte, os médicos podem lançar mão de exames de sangue, aparelhos que observam o fundo de olho e até testes oftalmológicos mais refinados.
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