Yoga é uma forma de vida que vai, pouco a pouco, reabrindo a via de conexão com o nosso corpo e a nossa mente. “Com a prática de yoga, o medo, que nos predispõe a reações violentas cede espaço a uma sensação de harmonia e de segurança interior”, explica a professora doutora Elisabete Castelon Konkiewitz, médica neurologista e psiquiatra, professora da Faculdade de Ciências da Saúde de UFGD. A docente também divulga um evento de Imersão em Yoga Tradicional Loknath com Yogacharya Tonmoy Shome, que será de 8 a 10 de janeiro de 2016, em Dourados. Mais informações: [email protected] Confira a entrevista.
O que é o yoga?
Na verdade, Yoga não é a realização de movimentos lentos acompanhados de respiração rítmica. Yoga é uma forma de vida que vai pouco a pouco reabrindo a via de conexão com o nosso corpo e a nossa mente. A interiorização e o silêncio vão desenvolvendo em nós capacidades esquecidas que nos ajudam a nos estabilizar. Não ficamos tão vulneráveis às oscilações ao nosso redor, realizamos nossas escolhas de acordo com os nossos sinais internos, não reagimos aos estímulos, às provocações e às ameaças o tempo todo.
Que pessoas podem praticar yoga? Existe alguma indicação ou contra-indicação?
A prática do Yoga não tem idade e não tem contra-indicações. Mesmo quando realizada em grupo, é uma prática individualizada, posturas são adaptadas para a condição física de cada um.
A nossa época é alucinante e caótica. O sentimento dominante é o medo. Um dos resultados desta situação se reflete no perfil de adoecimento das pessoas. A depressão e a ansiedade nas suas variações, como ataques de pânico, insônia, fobias, mas também a obesidade, a hipertensão, o diabetes, as doenças inflamatórias, as alergias são exemplos de males da nossa civilização, todos de algum modo relacionados ao estresse. Sim, de fato, o estresse altera o metabolismo em todo o corpo, colocando-nos num estado de alarme contínuo. Sempre preparados para reagir, para mudar o que for necessário à nossa sobrevivência. Assim acumulamos mais tecido adiposo, sentimos mais fome, procuramos alimentos mais calóricos, não “desligamos” nunca. Chegamos ao ponto de precisar de substâncias que nos acalmem, nos possibilitem dormir e nos tirem o pavor e a angústia. O estresse também altera os nossos mecanismos de defesa imunológica, fazendo com que agentes inofensivos sejam interpretados como ameaça (alergias, asma), ou mesmo que elementos constitucionais do corpo deixem de ser reconhecidos como próprios (doenças autoimunes, como artrite reumatoide e lúpus). O estresse também prejudica a função de vigília do sistema imune, aumentando o risco de infecções e até do desenvolvimento de células cancerígenas.
Com a prática de yoga, o medo, que nos predispõe a reações violentas- atos, palavras e até mesmo pensamentos carregados de agressividade -, cede espaço à satisfação- uma sensação de harmonia e de segurança interior. Isto não é resignação e passividade. Isto é agir com reflexão, tomar as atitudes justas e não ficar apreensivo pelos seus resultados. A saúde é promovida de várias formas: mais atenção aos sinais do corpo, mais atenção ao que se come, ao que se diz, ao que se pensa, maior valorização do tempo como oportunidade de serenidade e paz e não apenas como algo que deve ser aproveitado de forma otimizada.
Crianças podem praticar?
O Yoga já vem sendo inserido em escolas, que sabidamente constituem ambientes muito difíceis, pois refletem em lentes de aumento todos os problemas sociais, como hiperestimulação, sobrecarga, ansiedade, exclusão, insegurança, violência. Aqui as repercussões da prática do Yoga são impressionantes, justamente por ser a infância um período de formação, no qual tudo é assimilado de forma mais intensa e mais rápida. Ocorre melhora da concentração, do aprendizado, redução da ansiedade.
Fonte: Progresso
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