Ela pode ser causada por uma série de outros problemas, como esclerodermia, artrite reumatoide e cardiopatias. Saiba mais sobre o assunto.
Pouco famosa entre as doenças que afetam os pulmões, a hipertensão pulmonar é mais comum do que se imagina. Ela pode ser uma resposta a outros problemas não bem acompanhados pelo paciente e seu médico. Para esclarecer o assunto, o iSaúde conversou com a pneumologista Dra. Maristela Sestelo. Confira!
O que é a hipertensão pulmonar?
Dra. Maristela Sestelo – A hipertensão pulmonar é uma condição em que a pressão nas artérias dos pulmões é anormalmente alta.
Por que ela ocorre?
Dra. Maristela Sestelo – O lado direito do coração bombeia sangue por meio dos pulmões, local onde recebe oxigênio. Depois, o sangue retorna para o lado esquerdo do coração, onde é bombeado para todo o restante do corpo. Quando as artérias do pulmão ficam muito estreitas, o transporte de sangue fica prejudicado, levando, assim, ao aumento da pressão arterial. Além disso, quando os vasos sanguíneos estão muito estreitos, o coração precisa trabalhar mais para forçar a passagem do sangue, o que acaba sobrecarregando-o. Fora tudo isso, o estreitamento das artérias ainda impede que o fluxo de sangue seja suficiente. Por isso, se a circulação não acontece normalmente, ou seja, se o sangue não chega aos pulmões em quantidade suficiente para receber oxigênio, a circulação do corpo inteiro fica prejudicada.
A hipertensão pulmonar pode ser causada por: distúrbios autoimunes que prejudiquem os pulmões, como esclerodermia e artrite reumatoide; cardiopatia congênita; coágulos de sangue no pulmão (embolia pulmonar); insuficiência cardíaca congestiva; doença da válvula cardíaca; níveis baixos de oxigênio no sangue por um longo tempo (crônico); doença pulmonar, como DPOC ou fibrose pulmonar; apneia obstrutiva do sono e, em muitos casos, a causa da hipertensão pulmonar é desconhecida.
Quais os principais sintomas desse problema? Quando procurar um médico e qual médico devemos procurar?
Dra. Maristela Sestelo – Dificuldade para respirar ou sensação de desmaio durante alguma atividade é, habitualmente, o primeiro sintoma notado na hipertensão pulmonar. Frequência cardíaca acelerada (palpitações) pode estar presente também, principalmente após atividade física mais intensa. Ao longo do tempo, os sintomas ocorrem com atividade mais leve ou, até mesmo, durante períodos de repouso. Outros sintomas incluem: inchaço dos tornozelos e pernas; lábios ou pele azulada; dor no peito, geralmente na frente do tórax; vertigem ou desmaios; cansaço e fraqueza, sintomas esses que costumam aparecer com frequência.
Quais os fatores de risco? Quem está mais propenso a desenvolver essa doença?
Dra. Maristela Sestelo – Qualquer pessoa pode desenvolver hipertensão pulmonar, contudo os adultos na meia idade são mais propensos a ter esse problema, principalmente quando ele é decorrente do uso de alguns medicamentos. Jovens são mais propensos a ter hipertensão pulmonar de origem desconhecida. Hipertensão pulmonar também é mais comum em pessoas do sexo feminino do que em pessoas do sexo masculino. Outro fator de risco para a hipertensão pulmonar é o histórico familiar da doença. Alguns genes podem estar ligados à hipertensão pulmonar. Esses genes podem causar um crescimento excessivo de células nas pequenas artérias dos pulmões, tornando-as mais estreitas.
Como é realizado o diagnóstico? Algum exame específico?
Dra. Maristela Sestelo – O primeiro passo é ser avaliado pelo médico. Ela pode questionar quando os sintomas começaram, se são frequentes ou ocasionais, qual a sua intensidade, se apresenta dores no peito, sente-se cansado com facilidade, tem dificuldade para respirar, entre outros sintomas. Além disso, o médico fará um exame físico, para determinar a causa dos sintomas. No entanto, apesar de ele ser bem esclarecedor, não é capaz sozinho de confirmar o diagnóstico. Mesmo porque os sintomas apresentados durante uma crise de hipertensão pulmonar são muito parecidos com os sinais de outras doenças, como asma e outros problemas relacionados ao pulmão. Por essa razão, alguns exames podem ser solicitados pelo médico, como: exames de sangue, cateterização cardíaca (o mais específico de todos, pois mede a pressão da artéria pulmonar diretamente nela), radiografia do tórax, tomografia computadorizada do tórax, ecocardiograma, eletrocardiograma, testes de funcionamento dos pulmões (espirometria), arteriografia pulmonar, caminhada monitorada (teste de caminhada de seis minutos) e estudo do sono (polissonografia).
A doença tem tratamento? Há possibilidade de cura?
Dra. Maristela Sestelo – Não há cura conhecida para a hipertensão pulmonar. O tratamento tem o propósito de controlar os sintomas e prevenir danos aos pulmões. É importante tratar dos distúrbios médicos que possam estar relacionados à hipertensão pulmonar também, como apneia obstrutiva do sono, condições pulmonares e distúrbios de válvulas cardíacas. Geralmente, o uso de medicamentos é o método de tratamento mais indicado pelos médicos. Além disso, alguns pacientes devem fazer uso de anticoagulantes para reduzir o risco de coágulos de sangue nas veias das pernas e artérias pulmonares, prevenindo a trombose. Se o tratamento com medicamentos não funcionar, um transplante de pulmão ou transplante combinado de coração e pulmão pode ajudar algumas pessoas.
Quem sofre com essa doença precisa fazer ajustes no seu dia a dia?
Dra. Maristela Sestelo – Sim, na medida em que a doença se agrava, o paciente precisará fazer mudanças em seu estilo de vida para ajudar no tratamento. Nesse sentido, algumas dicas são importantes a serem seguidas: evitar atividades pesadas e levantamentos de peso, evitar viagens para locais de altitude elevada, manter-se atualizado com vacinas anuais contra gripe e outras doenças pulmonares e evitar o fumo.
Quais as complicações possíveis, caso não tratada?
Dra. Maristela Sestelo – As complicações mais graves são: insuficiência cardíaca crônica, insuficiência respiratória, trombose, arritmia e sangramento nos pulmões. Se essas complicações decorrentes de hipertensão pulmonar não receberem atenção e tratamento imediatos, elas podem levar o indivíduo à morte.
A doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) pode levar o paciente a um quadro de hipertensão pulmonar? Nesse caso, evitar o tabagismo seria uma atitude preventiva?
Dra. Maristela Sestelo – Sim, nesse caso, se diz que a hipertensão pulmonar é secundária a uma doença primária, que é, no caso, o DPOC. Sem dúvida alguma, não fumar e deixar de fumar são medidas preventivas para diversas doenças, inclusive a hipertensão pulmonar.
Existe como prevenir a hipertensão pulmonar?
Dra. Maristela Sestelo – Não há, no momento, métodos preventivos conhecidos para a hipertensão pulmonar.
Fonte: ISaúde Bahia
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