O joelho é a maior e uma das principais articulações do corpo humano. É dividido em duas articulações distintas: uma entre o fêmur e a tíbia, chamada de femorotibial e outra entre o fêmur e a patela, denominada femoropatelar. É uma articulação das mais complexas, estando sempre sujeita a lesões, tanto traumáticas como em acidentes e quedas, quanto degenerativas, como desgaste e envelhecimento.
Essa articulação é formada na sua parte superior pelo fêmur, que é o osso da coxa, que roda sobre a tíbia, o osso da perna. Na parte anterior existe um osso arredondado, palpável, chamado patela (nova denominação para rótula). É formado por ossos e articulações, ligamentos e tendões, músculos, nervos e vasos sanguíneos. São responsáveis pela absorção de impactos, realização e controle de movimentos, suporte do peso corporal e dissipação da força da gravidade. “Apesar de tantos desempenhos e complexidades, os joelhos são mais vulneráveis a traumas, não só pelas suas funções mas pela localização anatômica”, explica o ortopedista Maurício Póvoa Barbosa, especialista em Medicina do Esporte da Clínica Orthobone (SP).
“Um em cada três indivíduos com mais de 40 anos pode vir a ter dor articular em algum momento da vida”, afirma a reumatologista Fernanda Rodrigues Lima, do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo (HCFMUSP). Um dos principais motivos é o sedentarismo, especialmente quando as pessoas querem deixar de ser sedentárias e começam a fazer algum esporte sem acompanhamento médico. Há ainda as causas relacionadas a doenças.
As lesões de joelhos acometem homens e mulheres. O que muda é o tipo de lesão. Os homens, por exemplo, são mais suscetíveis a lesões meniscais, pois se envolvem mais em atividades com mais explosão e movimentos bruscos, como o futebol. Já as mulheres costumam ter mais sintomas relacionados à síndrome femuropatelar, pois a mecânica óssea do esqueleto feminino e a relação de força dos músculos favorecem mais esse tipo de lesão. Por outro lado, ambos os gêneros podem ser afetados por doenças reumatológicas como osteoartrite, artrite reumatoide e espondilite anquilosante, que podem dar artrite no joelho.
Tipos de dores e lesões
Os traumas que atingem os joelhos podem ser classificados em diretos, quando são na articulação, e os indiretos, quando provocam entorses, que são uma excessiva distensão dos ligamentos e das restantes estruturas que garantem a estabilidade da articulação.
O problema mais comum é a artralgia, nome dado para dor articular. Na maioria das vezes ela é causada por uma sobrecarga mecânica na articulação, ou seja, excesso de peso, uso inadequado do joelho, musculatura da coxa fraca ou pouco alongada. Outras situações comuns dependem da idade. Nos idosos, por exemplo, temos a osteoartrite, que é o processo de desgaste da cartilagem do joelho, e nos jovens temos as tendinopatias dos tendões, que se situam na articulação dos joelhos, causada geralmente pela prática de esportes.
Também podem acontecer lesões isoladas ou combinadas. As mais comuns são a lesão cruzado anterior (LCA), que afeta o ligamento responsável pela estabilidade do joelho anteriormente, não permitindo o movimento para a frente. E a lesão no menisco medial (LMM). “As mais graves, porém, são as combinadas entre LCA e lesão cruzado posterior (LCP), que afeta o ligamento posterior, responsável pela estabilidade do joelho posteriormente, não permitindo o movimento para trás, somada às lesões de ligamentos colaterais, localizados nas laterais do joelho, responsáveis pela estabilidade lateral e medial da articulação”, explica Barbosa.
Outra causa de problemas nos joelhos são as congênitas, ou seja, que surgem antes do nascimento ou nos primeiros anos de vida. Costumam se manifestar por volta dos 3 ou 4 anos de idade e são as chamadas deformidades dos joelhos varos, quando o joelho é voltado para fora e a perna para dentro, e dos joelhos valgos, quando o joelho é voltado para dentro e perna para fora, conhecido também como joelho em X. Vale salientar que o joelho varo pode ser causado também pelo raquitismo — deficiência de vitamina D.
Atividades físicas sem risco
Segundo a reumatologista Fernanda, estudos mostram que, em termos esportivos, o que conta mesmo para lesionar o joelho não é tanto o esporte, mas a condição prévia do joelho do esportista. Praticar esporte com um joelho previamente lesionado que não foi bem cicatrizado, com sobrepeso, com pouca força muscular, com pouco alongamento, aumenta a predisposição para uma osteoartrite, que é uma lesão definitiva nessa articulação. “Os esportistas profissionais são os que estão entre os com maior risco, pois a carga na articulação é muito alta. Os esportes com muito salto e muita rotação também aumentam a chance de maior lesão aguda, como ovôlei e o futebol”, diz.
Como prevenir e tratar
Os esportes repetitivos, de alto impacto e de alto contato são os que mais prejudicam os joelhos pois exigem muita força. Para fortalecer essas articulações, a natação e a bicicleta são as atividades mais indicadas, uma vez que são mais suaves.
As lesões que são mais comuns nos homens …
A lesão no menisco costuma ser as mais comum quando o assunto é atividade física. Entenda como ela acontece:
– Os meniscos são duas estruturas cartilaginosas, que ficam dentro da articulação do joelho. São chamadas menisco medial e menisco lateral.
– Eles funcionam para amortecer e estabilizar a articulação em determinados movimentos. A lesão em geral ocorre durante um movimento rotacional abrupto da perna.
– Os sintomas são dor intensa, inchaço da articulação e pode acontecer também e sensação de bloqueio ou falseio da articulação.
– O tratamento vai depender do tipo e da extensão da ruptura. É provável que haja necessidade de algum reparo eito de forma cirúrgica.
– Algumas lesões são degenerativas e são achadas na ressonância. Nesses casos o tratamento é fisioterápico, pois estão relacionados com outras alterações na articulação do joelho.
Mulheres – A articulação femoropatelar, também chamada de condromalácea, é uma condição que afeta mais o sexo feminino.
– A dor é na frente do joelho, piora quando a pessoa fica muito tempo sentada ou com o joelho muito flexionado, e pode ser acompanhada da sensação de joelho rígido.
– Na maioria das vezes, decorre de um desbalanço de forças entre os músculos que estabilizam e alinham a patela na articulação do joelho, provocado por fraqueza ou falta de alongamento dos mesmos.
– Em alguns casos, a articulação é excessivamente elástica ou tem algum problema congênito de “encaixe”. Isso pode ser detectado no exame físico e com exames de imagem.
– O tratamento, na maioria das vezes, é clínico e deverá incluir exercícios de reabilitação.
O diagnóstico começa na interpretação da história que o paciente conta sobre a dor e os sintomas relacionados ao quadro junto com o exame físico, que é muito importante para definir qual ou quais componentes da articulação estão envolvidos na lesão. “Quando se suspeita de patologias reumatológicas, é importante examinar não só o joelho afetado, como também as demais articulações, pois o envolvimento pode ser do corpo todo”, explica Fernanda. Mas, de maneira geral, o diagnóstico é feito pelo ortopedista mediante manobras para testar a estabilidade do joelho, podendo ser auxiliado por exames de imagem como radiografias e ressonâncias magnéticas.
Embora muita gente tema as cirurgias no joelho por acreditar que elas sejam incapacitantes, Barbosa afirma que “na verdade isso é um mito, pois atualmente há diversas técnicas com excelentes resultados. A tecnologia e o avanço da ciência fizeram com que os riscos diminuíssem quase a 0%”. Barbosa concorda e afirma que “o preparo físico e muscular é importantíssimo, tanto para atletas como não atletas. Alongar, caminhar, fazer teste ergométrico periodicamente e manter o peso, através de uma alimentação balanceada, são alguns dos procedimentos que devem fazer parte da rotina de todos. É a melhor forma de manter uma vida saudável e livre de lesões”.
O ortopedista e reumatologista são especialistas que cuidam do aparelho locomotor. Se a lesão é traumática, a melhor indicação é procurar um ortopedista. As demais dores de joelho, que surgiram sem relação aparente com um trauma específico, podem ser investigadas por qualquer um dos dois profissionais. Vale ressaltar que, se a dor aparece em mais de uma articulação e vem acompanhada de algum outro sintoma geral como febre, fadiga ou dor muscular, há uma chance de ser uma doença reumatológica. Nesse caso, é melhor já procurar um reumatologista
Fonte: Revista Saúde Uol
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