Palestra sobre uveítes nas doenças reumatológicas apresentada pelo Dr. Flávio Calil Petean, médico reumatologista doutor e professor de imunologia clínica do Hospital das Clínicas da USP de Ribeirão Preto. Apresentada durante o 2º EncEA.
Doutor Flávio continuou no evento, mas desta vez abordou as Espondiloartrites, que envolvem uma gama considerável de doenças, onde a Espondilite Anquilosante (doenças reumáticas inflamatórias), é a “doença mãe”.
Conforme a explicação do médico, os critérios estão na identificação de acometimento da sacroiliacas e coluna vertebral, especialmente lombar e o surgimento de artropatia periferica geralmente assimétrica. O acometimento de enteses – e esporões também devem ser identificados, além do fator reumatoide negativo do HLA B27 +, que identificado por meio de um exame clínico.
A EA (Espondilite Anquilosante) se define como uma doença inflamatória sistêmica, crônica, do esqueleto axial (composto por cinco partes: o crânio humano, os ossículos do ouvido interno, o osso hióide da garganta, o tórax e a coluna vertebral). A EA acomete ainda, frequentemente, as articulações periféricas.
Nas causas e origens, o médico salienta a predisposição genética associada ao HLA B27, presente em aproximadamente 90% dos pacientes brancos com EA. Contudo, 2% dos indivíduos HLA B27 desenvolvem EA. E nos que possuem um parente portador de EA, a frequência aumenta para 15 a 20%.
Nas classificações, é possível observar a primária e a secundária, quando associado a Artrite Reativa (Síndrome de Reiter), Artrite Psoriásica, Colite ulcerativa ou Doença de Crohn.
“O que pode ter diferença é que a Espondilite tende a ter uma evolução mais grave do que as doenças inflamatórias intestinais”, explica o médico.
Os sintomas geralmente se iniciam no final da adolescência e em adultos jovens. É incomum após os 45 anos. Já entre homens e mulheres, existe uma diferença: homens são acometidos 3 vezes mais, já em mulheres, as alterações clínicas são mais leves.
Nos casos de Uveítes da EA, que é a manifestação extra articular mais comum da EA, pois, se a HLA do paciente for B27 +, a chance de ter é de 50%, se for B27 -, em torno de 20%.
Para o médico, os exames laboratoriais podem ajudar e muita na identificação precoce das doenças.
Dr. Flávio comentou ainda sobre as manifestações clínicas Esqueléticas e Extra-Esqueléticas, e são divididas das seguintes formas:
Esqueléticas têm a Sacroileíte/ espondilite; a Artrite de quadris e ombros; a Artrite periférica; a Entesite e a Espondilodiscite. Já as Extra-esqueléticas estão a Irite; Alterações cardíacas e na aorta; Alt. Pulmonares; Sd da cauda equina e Amiloidose.
Para a identificação mais assertiva da doença e como melhor agir existem os exames clínicos. Nos casos de dor na sacroilíaca (região lombar baixa e nádegas), são recomendados a compressão dos ossos ilíacos da pelve; Teste de Patrick e Teste de Gaenslen. Já na progressão da doença espinhal na EA, são recomendados Teste de Schober e Distância occipito- parede, onde o paciente coloca os calcanhares e as nádegas encostados na parede, assim o médico consegue verificar a distância entre a coluna deste paciente e a parede, avaliando qual o grau de curvatura.
“Nós costumamos dizer que, para ver o “estrago”, usamos a tomografia, para ver a inflamação, a ressonância, e para ver a entesite, a cintilografia”, contou Flávio Petean.
Dentro deste tema, o médico comentou sobre a Uveíte aguda anterior, que traz o envolvimento extra- articular mais comum, sempre unilateral e os sintomas são geralmente agudos: dor, lacrimejamento, vermelhidão e fotofobia.
Pode acontecer ainda a Aortite, insuficiência aórtica, mas que tem aparecido muito pouco nos dias e hoje.
O médico faz questão de enfatizar que as drogas precisam ser administradas em conjunto com a atividade física. Ele diz ainda que o paciente pode ficar “sem dor, mas todo duro, sem movimento”, e isso não ajuda em sua qualidade de vida. Além disso ele informa que os exames laboratoriais são bons e devem fazer parte da rotina de acompanhamento da doença.
Dr. Flávio finaliza dizendo que na Espodilite o paciente precisa tomar o remédio, sempre. Às vezes a doença pode sim entrar em remissão, mas é necessário um acompanhamento sempre e não parar com a medicação e todas as outras terapias, como a atividade física, por exemplo.
Ele parabeniza ainda a todos pela iniciativa do evento e diz que se sente muito honrado em participar do encontro, e afirma ainda que sempre que quiserem chamá-lo para participar, será uma honra e uma satisfação muito grande.
Descubra mais sobre Artrite Reumatoide
Assine para receber nossas notícias mais recentes por e-mail.