História foi produzida e lançada pelo PED Kids, projeto de pesquisa em dor em crianças
A Organização Mundial de Saúde estima que cerca de 30% da população mundial sofre com alguma dor crônica. No Brasil, esse problema afeta aproximadamente 60 milhões de pessoas, incluindo crianças, que sofrem com dores persistentes. É o caso de Kainã Gabriel, de 9 anos. Segundo a mãe, Débora Maciel, os primeiros sinais de que havia algo de estranho com o filho ocorreram quando ele tinha alguns meses.
“Quando começou a andar, por volta de 1 ano, reparei que ele só ficava na ponta do pé. Preocupada com esse comportamento, resolvi procurar um pediatra”, relembra a mãe. Na época, o médico garantiu para Débora que não havia nada de errado com Kainã, que a mania de andar na ponta dos pés passaria com o tempo.
Até os 4, Kainã levou uma vida normal. Brincava e se divertia como qualquer outra criança de sua idade. Porém, o comportamento que tinha quando era um bebê voltou a se manifestar e, desta vez, estava mais agravado. A dor é tão forte que Kainã não consegue mais colocar seus pés no chão.
Para poder se dedicar aos cuidados do filho, Débora largou o trabalho. Ela acompanha Kainã em todas as consultas e exames, na tentativa de descobrir a origem dessa dor crônica. Além do diagnóstico desconhecido, Débora também fica angustiada pela atitude dos médicos: “Falta esclarecimento por parte dos médicos, pois eles conversam entre eles e usam muitos termos da área. Então, para quem não entende muito do assunto, acaba criando uma barreira ao diálogo”.
Foi pensando em melhorar esse diálogo entre médico e paciente, de transmitir as informações de maneira mais acessível para quem não é da área de saúde, que foi lançado, em agosto, o quadrinho PED kids – Desenvolvendo estratégias para ensinar sobre dor a crianças, adolescentes, pais e professores, que faz parte do programa Pesquisa em Dor (PED). O objetivo é a conscientização sobre a neurofisiologia da dor em crianças e adolescentes, também voltado para pais e professores.
UMA JORNADA PARA ENTENDER A DOR_FINAL (1)-compressedProjeto
O PED é composto por fisioterapeutas, psicólogos e alunos da graduação de diversos estados do Brasil e de outros países, como Inglaterra, Austrália e Canadá. Surgiu há dois anos, com o objetivo de apresentar informações de estudos científicos em linguagem mais acessível para a população e para os profissionais de saúde. Além disso, a missão do PED é divulgar pesquisas em todo o Brasil sobre dor.
De acordo com o fisioterapeuta Rodrigo Moura, um dos apoiadores do projeto, a ideia surgiu a partir de um grupo de pesquisa de educação em dor no mundo. Ele conta que esse foi o primeiro projeto voltado para estudar dor em crianças, e o objetivo principal do PED Kids é informar, educar e ter contato direto com as crianças que sofrem com dores, principalmente com a dor crônica.
Como falar sobre o assunto pode ser muito complicado, ainda mais para crianças e jovens, foi preciso pensar em uma maneira lúdica de dialogar sobre a dor crônica. E foi assim que surgiu a história em quadrinhos. “É preciso criar ferramentas educacionais que ajudem a discutir e a conversar com as pessoas sobre esses assuntos”, explica. E, na visão de Rodrigo Moura, os quadrinhos têm uma grande adesão pelo público infantil e ainda facilitam a comunicação.
Enredo
A trama da história é focada em Fred, um menino que sofre com dores de cabeça constantes. Os médicos insistem que não tem nada de errado com ele, que essa dor vai passar eventualmente. Após a consulta, Fred se encontra com a amiga Clara e juntos os dois decidem ir até o laboratório do cientista Dexter, na esperança de que ele possa ajudar Fred.
O enredo do quadrinho aborda o assunto com linguagem simples, fácil e até mesmo lúdica. É ensinado sobre o que é a dor e como ela é importante para o corpo humano, pois funciona como um sistema de defesa. Porém, quando se sente dor por muito tempo seguido pode ser um problema. Além disso, o quadrinho ensina algumas maneiras de tratar a dor, e outros estímulos do dia a dia que podem contribuir para o problema não se agravar, como o relaxamento por respiração, atividades físicas, dormir cedo e preparar o ambiente para o sono, brincadeiras com os amigos e outros.
Diferenças
Muitas pessoas ainda confundem os conceitos de dor e dor crônica, acham que é a mesma coisa. Porém, Rodrigo Moura explica que são doenças bem diferentes. A dor crônica é uma dor que persiste por três meses ou mais. “Esse tipo de dor não está associado a nenhum trauma ou lesão, é mais sintomática, explica”. Além disso, o médico compara a doença com um sistema de alarme que fica ligado direto e, consequentemente, gera um incômodo. Fatores psicológicos, sociais, biológicos e hábitos de vida saudável podem influenciar em casos de dores crônicas. Para tratar a doença, são recomendados alguns exercícios físicos orientados, fortalecimento muscular, fisioterapia analgésica e alguns medicamentos.
O projeto “Uma jornada para entender a dor” pode ser consultado no link: www.pesquisaemdor.com.br.
Fonte: www.uai.com.br
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