Uma em cada mil pessoas no mundo nasce com o osso da bacia fora do lugar, o que os médicos chamam de displasia de desenvolvimento do quadril. Uma alteração que provoca desconforto na infância, muitas dores na adolescência e pode até evoluir para uma artrose na vida adulta.
No caso de crianças, o diagnóstico é feito com um simples exame de ultrassom, e para tratar basta o uso de um aparelho ortopédico. Já para os adolescentes, os médicos recomendam uma cirurgia antes dos 19 anos. Só que a técnica ainda não é aplicada no Brasil, por falta de infraestrutura no sistema de saúde nacional. Em busca desse conhecimento, o médico ortopedista Eduardo Novais deixou Belo Horizonte e foi estudar nos Estados Unidos onde hoje é professor da Faculdade de Medicina de Harvard e referência em cirurgia no quadril. Segundo Novais, a intervenção cirúrgica elimina dores e resolve definitivamente o problema.
‘Quanto mais cedo for corrigido o quadril, melhor é o prognóstico, a chance de preservar a articulação e evitar a degeneração ou o que a artrose do quadril que leva a um quadro de dor e disfunção do indivíduo’, diz Novais.
Esta semana Eduardo voltou ao Brasil para fazer a palestra mais aguardada do Congresso Brasileiro de Ortopedia Pediátrica. A importância dessa técnica fica evidente quando o médico relata os resultados alcançados, como o caso de um paciente de apenas 16 anos de idade.
‘O sonho dele era jogar futebol americano em uma universidade. E no ano seguinte ele ia começar tipo como se fossem as peneiras aqui do futebol brasileiro. E aí a gente fez a cirurgia nele e com seis meses ele voltou a correr e 9 meses após a cirurgia ele já estava jogando futebol americano como era o sonho de vida dele. Hoje ele já está com 19 anos’, explica o médico.
Outro assunto muito debatido entre os ortopedistas pediátricos é o aumento da gravidade nas lesões em crianças. Segundo o presidente da Sociedade Brasileira de Ortopedia, Jamil Faissal Soni, as crianças de hoje, na sua grande maioria criadas em apartamentos, desaprenderam a cair e levantar.
‘Hoje as crianças vivem mais restritas a ambiente doméstico, até a própria escola de característica integral, e antigamente as crianças brincavam na rua, no próprio bairro, jogando bola correndo… não que elas tenham uma fragilidade, mas elas tem uma menor exposição às atividades de vida diária’, diz Soni.
Foi o que aconteceu com Mariana, de apenas 4 anos. A mãe, Ana Batista, conta que a filha estava correndo dentro do apartamento e apenas bateu o braço na parede. O que deveria ser uma trombada normal provocou uma trinca no osso e 20 dias de braço imobilizado.
‘Ela estava reclamando muito de dor. Daí quando chegou no hospital, fez raio x, e viu que tinha trincado. E aí aos poucos foi melhorando. Se você pensar, dentro de casa, bater e quebrar um braço, parece absurdo né?’, conta Ana.
Para os ortopedistas, a melhor receita para que as crianças não precisem deles como médicos é olhar atento dos pais, mas sempre muita brincadeira em casa e na rua também.
Fonte: CBN Globo
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