“Quando começou este surto de coronavírus, por conviver com artrite idiopática juvenil há 34 anos e usar medicamento biológico a maior preocupação da família e amigos era comigo. Fui infectada pelo covid19, mas graças a Deus, meus sintomas foram leves, estou quase curada, mas meu marido que não era o alvo da preocupação está internado, será que o biológico me protegeu? fico com esta hipótese”
Minha jornada com a artrite idiopática juvenil, começou quando eu tinha 2 anos e meio, desde então faço tratamento contínuo, já usei diversos medicamentos, entre eles, corticóides, cloroquina, metotrexato, etc. Em 2016 comecei a utilização de biológicos, comecei com adalimumabe (Humira), depois etanercepte (Enbrel) e outros que já não me lembro, por perda de eficácia, sempre trocava de medicamento, isso ocorreu umas 5 vezes. Atualmente faço uso de Certolizumabe e prednisona 5mg. Já operei várias vezes, sendo elas, duas artroscopias em cada joelho. Catarata e glaucoma nos dois olhos. Faz 2 anos que realizei artroplastia total dos dois joelhos, estou bem, graças a Deus!! Sinto dores? Sim, mas nada que me derruba. Sempre estudei, fiz faculdade, mestrado e atualmente trabalho na área da saúde.
Nossa jornada com o coronavírus, começou na sexta-feira dia 20 de março, em um dia cotidiano almocei em um restaurante de bairro, e depois de umas 2 horas, me senti mal, vomitei bastante, fui para casa, e repousei. Dois dias depois, comecei a ter uma tossinha chata. No meu trabalho, estavam fazendo rodízio, trabalhávamos um dia sim, outro não, como eu só iria trabalhar na terça-feira, fui ao Pronto Socorro, dizendo que tinha vomitado, estava com um pouco de diarreia, e com a tosse chata, mas achava que poderia ser uma tosse alérgica, já que por esses tempos eu sempre tinha tosse. Então, o médico me receitou nimesulida e loratadina, e coincidentemente, a tosse passou. Na terça-feira, dia 24 de março fui trabalhar normalmente.
Cinco dias depois da minha primeira crise de tosse, estava em casa, preparei o café da manhã e quando fui fazer o almoço, já estava sem olfato e paladar. No dia seguinte, fui na clínica do meu trabalho, mas não fizeram o teste de coronavírus, pois eu não estava com sintomas como febre e falta de ar. Fui trabalhar, porém na sexta-feira (27/03) a médica assessora do meu setor, autorizou a coleta do teste de covid19. No sábado (oito dias depois), saiu o resultado positivo para covid19.
Aqui em casa somos um grupo familiar de 6 pessoas eu, meu marido, meu irmão, minha cunhada e meu sobrinho de 8 meses. Na sexta-feira, meu marido e meu irmão começaram a apresentar febre. Eles tomaram dipirona, meu irmão melhorou, mas meu marido não. No sábado, minha cunhada também teve perda de olfato e paladar, e meu sobrinho (bebê) teve febre, coriza, tosse, espirro. Levaram ele ao PS, onde receitaram paracetamol, e graças a Deus o bebê melhorou.
Meu marido continuou a ter febre acompanhada de dor de cabeça, mas a orientação era só levar ao PS em caso de falta de ar. Na segunda, meu irmão também teve perda de olfato e paladar, começou a sentir dor nos olhos. Passaram-se os dias, e na quarta-feira, fiquei muito preocupada com meu marido, que mesmo sem ter falta de ar, estava com muita febre, e moleza no corpo. Então ele foi ao PS, e na quarta-feira (01/04), foi internado, estava com 25% de pneumonia. Começou a tomar antibióticos, e no sábado (04/04) recebeu alta.
A febre estava controlada, mas as dores de cabeça ainda continuavam. Ele está totalmente sem apetite, e não queria levantar da cama. Comecei a fazer tudo batido, vitamina, comida, mas ele se alimentava bem pouco. Na segunda-feira perguntei se ele estava com falta de ar, e ele disse que estava um pouco. E foi aí que falei para ele voltar ao PS. Chegando lá, a saturação dele estava baixa, ele foi internado novamente, colocaram catéter de oxigênio, está recebendo antibióticos, e iniciaram o protocolo de cloroquina. A tomografia acusou 50% de pneumonia, ele segue internado e com cateter de oxigênio, mas está estável, graças a Deus!!
Os outros membros da família seguem estáveis e todo em isolamento em casa, meu irmão ainda não voltou a ter olfato e paladar, minha cunhada, eu e minha cunhada já voltamos a sentir um pouco do olfato e paladar, porém ainda não estamos 100%. O bebê graças a Deus está bem!!
Quando começou este surto de coronavírus, a maior preocupação da família e amigos era comigo, devido ao meu histórico, de artrite idiopática há muitos anos (34), utilização de imunossupressor. Mas graças a Deus, meus sintomas foram leves, diarréia, vômito, tosse, dor de cabeça (bem pouco) e perda de olfato e paladar. E isso nos surpreendeu imensamente. Conversei com a minha reumatologista que me deu uma palavra de ânimo, dizendo ser bom eu já ter pego nessa altura, para criar imunidade, e para eu ficar de olho, mas se eu estava bem, era para seguir em frente confiante.
Atualmente não estou utilizando nenhum medicamento para artrite, o biológico foi suspenso assim que fui diagnosticada com coronavírus estou sentindo dores, mas estou tentando me manter forte. Procuro manter a fé e não deixar a doença me abalar. Acredito que por meu marido estar passando por essa situação tão complicada, eu não tive tempo de pensar que estou doente. Tento continuar a vida, faço café, almoço, e procuro não baixar a cabeça.
Meu conselho para todos os pacientes artríticos e autoimunes é, sigam em frente com fé, não pensem na doença, nem no coronavirus para não se desesperar. Estou quase curada, seguindo para isso, e estou bem!!! Tenho fé, que meu marido ficará ótimo, meu irmão cunhada e sobrinho também, meus pais e familiares estarão protegidos, com a graça de Deus!!!
20 de abril de 2020, atualização do depoimento da Pri:
Depois que contei a minha história aqui no BlogAR, o meu marido evoluiu com insuficiência respiratória chegou a ficar em cuidados intensivos, utilizou antibióticos, cloroquina e fez uma infusão de plasma, depois de 10 dias recebeu alta hospitalar e está em casa. Eu, estou bem sem sintomas, já se passaram praticamente 4 semanas desde que manifestei os primeiros sintomas de covid, para retornar ao trabalho na unidade hospitalar onde trabalho, realizamos o teste para verificar se ainda estamos com o vírus, infelizmente o meu teste deu positivo e por isso ainda não retornei ao trabalho. Juntos aqui em casa, superamos o coronavírus.
Me chamo, Pri moro em São Paulo, tenho 36 anos e há 34 convivo com artrite idiopática juvenil. Sou bióloga e atuo na área da saúde, considerada “serviços essenciais”. Sempre tive muita fé e força de vontade mesmo diante da dificuldade sempre fui à luta. Tenham fé, ninguém além de nós sabe o que passamos.
Descubra mais sobre Artrite Reumatoide
Assine para receber nossas notícias mais recentes por e-mail.