O termo condromalácia patelar é utilizado para definir uma doença degenerativa que atinge a cartilagem da patela (antigamente denominada rótula).
Trata-se de uma lesão que acomete mais especificamente a cartilagem articular da superfície posterior da patela e dos côndilos femorais correspondentes.
Seus principais sintomas são:
- Dor profunda no joelho ao subir e descer escadas, ao se levantar de uma cadeira, ao correr ou se agachar-se, muitas vezes restringindo atividades físicas;
- Uma ardência ou dor ao ficar com o joelho flexionado por longos períodos, mesmo sem forçá-lo, também é um sintoma comum nesse tipo de lesão;
- Podem ocorrer crepitação e estalos, muitas vezes audíveis;
- É possível também a presença de derrame intra-articular (edema).
O termo mais genérico “síndrome da dor patelo-femural” se refere aos estágios iniciais dessa condição, na qual os sintomas ainda podem ser completamente revertidos, que produz desconforto e dor ao redor ou atrás da patela.
Esse quadro é comum em jovens adultos, especialmente jogadores de futebol, ciclistas, jogadores de tênis e corredores.
No entanto, mudanças causadas por reações inflamatórias internas da cartilagem produzem um dano estrutural muito mais difícil de ser tratado.
Entre as causas mais comuns da condromalácia patelar destacam-se:
- O traumatismo crônico por fricção entre a patela e o fêmur, em razão do uso inadequado de aparelhos de ginástica, exercícios em step, agachamentos ou leg press, força excessiva aplicada à patela durante a prática de exercícios físicos;
- O trauma com lesão aguda da cartilagem, resultante de uma pancada ou choque do joelho sobre um objeto, com impedimento de sua nutrição ideal devido às rachaduras originadas, e
- Anomalias biomecânicas, como a superpronação dos pés, que podem resultar em incongruência entre a direção em que a patela é puxada pelo músculo da coxa e o formato do sulco ósseo por onde ela se desloca.
Segundo a classificação de Outerbridge (1961), a lesão da cartilagem pode ser caracterizada em quatro diferentes graus:
- Grau I (1º estágio): edema e amolecimento da cartilagem;
- Grau II (2º estágio): aparecimento de fissuras na cartilagem;
- Grau III (3º estágio): falhas na superfície do revestimento cartilaginoso;
- Grau IV (4º estágio): aparecimento de erosões e desnudamento do tecido ósseo abaixo da cartilagem. (sendo indicado correção cirúrgica)
O diagnóstico detalhado da condromalácea patelar é possível por meio da análise de exames de ressonância magnética.
O tratamento se baseia na redução da dor e no realinhamento da patela, inicialmente através de tratamento fisioterápico (exercícios isométricos e alongamento muscular), associado a medicamentos analgésicos e anti-inflamatórios.
O fortalecimento do quadríceps (músculo anterior da coxa) é primordial e é preciso também recuperar a potência do membro inferior, executando exercícios com um grau de dificuldade progressiva para evitar uma sobrecarga na articulação fêmoro-patelar.
É comum, hoje, o uso de medicamentos denominados condroprotetores, além da viscossuplementação intra-articular, a exemplo do tratamento com ácido hialurônico, que aumentam viscoelasticidade da cartilagem.
Casos graves podem ser indicados ao tratamento cirúrgico, quando é feito o alinhamento patelar e o tratamento da lesão da cartilagem por via “aberta”, artroscópica (vídeo) ou mesmo a combinação das duas.
Ao apresentar os sintomas, o paciente deve procurar seu ortopedista para uma detalhada investigação, sendo que a definição do tratamento mais adequado depende do grau da lesão de cada paciente.
Referências
Machado FA, Amorin AA. Condromalácia patelar: aspectos estruturais, moleculares, morfológicos e biomecânicos. Revista de Educação Física. 2005 Abr; 130: 29-37.
Tavares GMS, Brasil ACO, Nunes PM, et al. Condromalácia patelar: análise de quatro testes clínicos. ConScientiae Saúde. 2011; 10(1): 77-82.
Texto adaptado de http://www.jmonline.com.br/novo/?noticias,22,ARTICULISTAS,50002
Descubra mais sobre Artrite Reumatoide
Assine para receber nossas notícias mais recentes por e-mail.