A falta de medicamentos de alto custo e de materiais para o tratamento de diabetes – como fitas usadas para medição de glicemia – nas farmácias da rede pública de Ribeirão Preto (SP) tem causado transtornos aos pacientes há pelo menos dois meses.
O fotógrafo Rodrigo Amaral, que foi diagnosticado com diabetes tipo 1 em janeiro, chegou a registrar um boletim de ocorrência porque precisa de 90 fitas por mês para o teste de nível glicêmico, realizado por ele próprio, mas tem recebido apenas 50 unidades.
“Eles falam que está em falta e o pouco que tem vai ser distribuído para quem precisa mais, como idosos, gestantes. Existem leis que amparam os diabéticos, mas isso não tem sido respeitado. Eles não estão querendo fornecer a quantidade correta”, reclamou o fotógrafo, que possui uma receita médica com a indicação do exame três vezes ao dia.
Em nota, a Prefeitura de Ribeirão negou que haja racionamento de insumos para pacientes com diabetes, alegando que as fitas estão sendo “entregues de acordo com o protocolo estabelecido pela Secretaria Estadual da Saúde.”
Apesar da justificativa, a aposentada Marilene Marchesini disse que também não consegue retirar as 70 fitas que precisa por mês para realizar o teste de glicemia. Paciente de diabetes tipo 1, a idosa disse que tentou buscar o material em uma unidade de saúde na Vila Virgínia, mas recebeu apenas 50 unidades.
“Falaram que não vão dar porque não tem e vai fazer falta para outras pessoas. Todo mês fica faltando. Eles dizem que o governo não mandou, que está faltando e vai faltar mais medicamentos. Não sei o que vou fazer”, reclamou.
A presidente da Associação dos Diabéticos de Ribeirão Preto, Adriana Jorge, disse que está reunindo as queixas para apresentar à Secretaria da Saúde e alertou que a Prefeitura está desrespeitando a lei municipal n.º 10.299/2004, que determina o número de materiais de uso contínuo que devem ser distribuídos gratuitamente.
“Existe um protocolo de entrega de 100 unidades de fitas por mês para pacientes dependentes de insulina e de 50 unidades para pacientes com diabetes tipo 2. Ninguém pode fazer uma entrega por achismo ou porque acha que deve ser feito dessa maneira. Isso é contra a vida, isso é crime”, afirmou.
Sem previsão
Mas não são apenas as fitas para aferição do nível de glicemia que estão em falta na rede pública de Ribeirão. Há pelo menos dois meses a cuidadora de idosos Regina Helena Gomes diz não conseguir os medicamentos para a mãe e a tia, que são idosas.
Segundo Regina, as duas precisam de 20 remédios diferentes todos os dias. Os que são indicados para evitar gastrite, outro para ansiedade e um terceiro para tratar depressão não estão sendo encontrados nas unidades de saúde.
Juntos, os receituários chegam a custar R$ 250 em drogarias comuns. “Eu imagino que tenham mais medicações em falta porque, no mês passado, tinha uma lista com pelo menos 12 remédios em falta na rede pública”, disse.
A mesma situação é enfrentada pelo aposentado Vicente Soares Braga. Ele e a mulher precisam tomar um medicamento contra gastrite diariamente, mas desde 17 de setembro não encontram nas farmácias populares de Ribeirão.
“Ainda bem que a médica deu quatro envelopes para nós. Se não tivesse isso, não teríamos. Não tem em posto nenhum. Dentro de Ribeirão Preto, o único posto que tinha era no bairro São José, mas já deve acabou”, afirmou.
Solução em breve
Sobre a falta de fitas para medição de glicemia, indicada a diabéticos, a assessoria da Prefeitura de Ribeirão Preto informou que nenhum paciente está sem receber o produto e que a “Secretaria da Saúde tem quantidade suficiente em estoque para atender os usuários.”
Em relação ao fornecimento de Omeprazol e Sertralina, a administração justificou que o contrato com os fornecedores desses medicamentos terminou e que uma nova licitação já foi realizada. “A previsão é que em duas semanas a situação esteja normalizada”, diz a nota enviada pela assessoria.
Fonte: G1
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