Ao conhecer Maria M. A. Ferreira, de 57 anos, não se pode imaginar sua luta diária contra os efeitos da artrite reumatoide (AR). Isso porque ela aprendeu ao longo de 24 anos a não se lamentar e se apoiar na família e na vontade de seguir em frente com otimismo. Ela é casada, mãe de uma filha e tem um pequeno comércio de alimentos.
Sua rotina é marcada por limitações. Maria não consegue mais escrever, trocou as torneiras de casa pelas de fácil acionamento, utiliza copos de plástico, conta com o marido para picar alimentos e tem muita dificuldade para escovar os dentes. “A cada três meses tenho que ir ao dentista para fazer limpeza porque não consigo usar fio dental”, diz.
No tempo livre, ela aproveita para buscar mais informações sobre a doença e os tratamentos na internet, assim como trocar experiências com outras pessoas que têm AR. Maria morava em São Paulo e aos 33 anos começou a ter dores no calcanhar durante o trabalho.
Foi atendida por um ortopedista que não lhe deu nenhum diagnóstico. “Ele ficou engessando meu pé durante nove meses. Não aguentava mais. Menti no trabalho dizendo que estava pronta para retornar. A dor voltou três meses depois, no joelho”, conta.
Em outro ortopedista, Maria foi submetida a cinco punções, pois o médico alegava “líquido acumulado no joelho”. Durante dois anos, tomou corticoides e de fato as dores sumiram. Ela já não trabalhava mais, pois a recomendação era de repouso, mesmo sem diagnóstico. Foi então que Maria teve a indicação para procurar um reumatologista. “Foi a primeira vez que escutei a palavra artrite reumatoide”, lembra.
Porém, os exames não acusavam a doença. A família mudou-se para Londrina e Maria descobriu que a AR estava nas mãos, punhos, joelhos, ombros e cotovelos. Ela também foi alertada que tinha artrose na coluna e quadril.
“Fiquei seis meses sem medicação porque os remédios estavam mascarando a doença. Nos exames de sangue, não aparecia nada apesar das radiografias apontarem as deformidades. A médica precisava desses resultados para me medicar corretamente e eu teria que consegui-los pelo SUS”, afirma.
Hoje, Maria faz uso uma vez por semana do etanercepte, um medicamento biológico disponibilizado pelo governo federal, associado ao metotrexato. Além disso, utiliza mais dois medicamentos, um para proteger o fígado e outro para fibromialgia, diagnosticada há poucos dias.
“Apesar dos efeitos colaterais como sonolência e enjoo, minha vida hoje com os medicamentos é outra. Vejo como uma qualidade de vida conquistada”, desabafa. Maria teve depressão, ainda sofre com dores, tem muito medo de se tornar totalmente dependente, mas se esforça para manter vivo o otimismo em relação ao tratamento.
“Digo para todas as pessoas que estão com artrite reumatoide que não desistam nunca de lutar. Eu tive perseverança. Se eu tivesse desistido, não estaria aqui hoje. Quanto às limitações, a gente aprende a usar a criatividade a nosso favor. Novos medicamentos estão surgindo e há esperança”, completa. (M.O.).
Entrevista concedida no Folha Web/Saúde
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