Pior do que sentir as dores da fase aguda da chikungunya — uma das doenças transmitidas pelo mosquito Aedes aegypti —, é conviver com elas por semanas, meses e até mesmo anos, no que os especialistas chamam de fase crônica. Embora os estudos não apresentem respostas para a cronificação, ela costuma ocorrer com mais frequência em mulheres acima dos 45 anos e que já apresentavam alguma doença articular prévia ou outras comorbidades, como a diabetes, por exemplo.
Reumatologista do Hospital Jayme da Fonte, Aline Ranzolin explica que o primeiro passo para entender o que acontece no corpo do paciente é identificar se as queixas por dores articulares estão de fato relacionadas à chikungunya. “Para dar início ao tratamento, é preciso se certificar dessa relação entre dor e doença”, pontua. Geralmente, são receitados analgésicos ou anti-inflamatórios. E, em alguns momentos, medicações para formigamento ou dormência também podem ser receitados, dependendo da demanda do paciente.
Conforme esclarece a especialista, alguns pacientes podem evoluir para doenças mais graves. “Não é recorrente, mas há casos em que as dores crônicas da chikungunya se transformam em artrite reumatoide ou espondiloartrites. Quando isso ocorre, o tratamento realizado no paciente é o mesmo tratamento dessas doenças”, afirma Ranzolin. Aline ressalta ainda que, na maioria das pessoas acometidas pela chikungunya, as dores crônicas não evoluem para as inflamações.
Aos 71 anos, a aposentada Maria José viu suas dores aumentarem. Diabética, ela já sofria com problemas articulares, mas considera que a chikungunya agravou não só a intensidade, como também a frequência dos incômodos. “Até pela idade, eu já sofria com dores, mas depois dessa doença eu passei a me queixar mais vezes. Quase toda semana eu sentia muita dor, mesmo sem ter feito muito esforço ou ter sobrecarregado aquela parte do corpo”, desabafa.
Foi quando Dona Maria passou a ser acompanhada por uma equipe multidisciplinar. Além do tratamento medicamentoso com reumatologista, as sessões de fisioterapia foram fundamentais para a melhor convivência com o problema.
A ortopedista Luciana Mozer explica que os alongamentos e exercícios físicos, sempre com acompanhamento de um profissional qualificado, podem ser bons aliados nessa recuperação. “Exercitar o corpo faz parte do tratamento de todo paciente que apresenta dor crônica, porque a atividade física ajuda na redução da inflamação”, destaca. Além disso, os exercícios influenciam no humor e ajudam a melhorar o sono, garantindo mais qualidade de vida ao paciente.
Fonte: Folha de Pernambuco
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