De acordo com a Sociedade Brasileira de Estudos da Dor (SBED), ao menos 37% da população brasileira sofre com dor crônica, o que corresponde a quase 60 milhões de pessoas. Estudos recentes sobre o sistema nervoso, no entanto, podem trazer esperanças para quem sofre de um dos problemas médicos mais comuns do mundo.
Essas pesquisas focam na glia, um conjunto de vários tipos de células presentes no sistema nervoso central que, apesar de importante, sempre recebeu menos atenção do que os neurônios. Acontece que a glia parece desempenhar um papel fundamental na dor crônica.
Quando sentimos dor, receptores são ativos e o estímulo é conduzido pela medula espinhal até o cérebro. Essa parte do processo ocorre de maneira quase automática no nosso corpo mas, após isso, quando a dor chega no cérebro, é que entra o trabalho da glia. Durante a passagem do sistema nervoso periférico para o central é a glia que regula a intensidade e duração da dor.
Por conta disso, esse conjunto de células pode trazer uma resposta para a dor crônica. As pesquisas indicam que, quando algo dá errado na glia, a dor pode não ter cura, já que glia acelera o sistema em um ciclo inflamatório sem fim, mantendo o alarme de dor do corpo sempre ativo.
Glia pode ajudar no tratamento da dor crônica
Agora, o que causa essas falhas na glia que levam a esse ciclo? É justamente para isso que os cientistas buscam uma resposta. Ainda não está claro como isso se desenvolve, mas existem algumas hipóteses como, lesões e ferimentos. No entanto, mesmo pessoas que não passaram por traumas físicos consideráveis podem sofrer com esse tipo de dor, o que aumenta ainda mais o mistério.
Justamente por isso, que analgésicos convencionais não costumam ser eficazes contra a dor crônica. Infelizmente, as pesquisas ainda não avançaram a ponto de entender o suficiente para contornar esse problema na glia. No entanto, o fato de o foco das pesquisas ter mudado nos últimos anos coloca um pouco de esperanças em um tratamento mais efetivo.
“Os neurocientistas estudaram os neurônios por mais de um século, mas estão tentando recuperar o atraso com a glia”, disse Doug Fields, pesquisador da glia do National Institutes of Health, ao The New York Times.
Uma das dificuldades no tratamento se dá pelo fato de a glia transmitir a dor de tantas formas diferente que mesmo que um caminho seja bloqueado, outros continuam passando os sinais. “Isso não vai oferecer um alvo que você pode simplesmente atingir com uma droga ou uma mudança genética. Pode exigir algo totalmente novo, como descobrir como desligar uma família inteira de genes em algum ponto crucial”, explica David Clark, pesquisador da dor em Stanford.
Agora, a expectativa é de que com o avanço das pesquisas sobre o tema seja possível desenvolver tratamentos mais eficazes contra a dor crônica, capazes de facilitar a vida das milhares de pessoas que convivem com essa doença no mundo.
Fonte: Olha Digital
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