Muito do tempo ,dos pacientes portadores de doenças crônicas, autoimunes, é passado em consultas médicas, tratamentos, muitos deles penosos, remédios ( inúmeros). Conversas que parecem intermináveis, médicos, fisioterapeutas, nutricionistas, psicólogos e outros profissionais mais, que se fazem necessários diante de quadros tão desafiadores ,de doenças tão diversas ,que afetam o cotidiano de tantos.
Quando somos apresentados a diagnósticos que trazem em sua essência , a palavra crônica , sem cura , traz junto um turbilhão de sentimentos , uma sensação de estar à deriva . Sentimentos de perder todo o chão que pisávamos até aquele dia, e desconhecer o que iremos pisar. Começamos então a usar uma metralhadora de palavras, em forma de questionamentos que talvez nos dará a sensação de tomar em nossa essência, em nossa alma, este desafio. Uma nova estrada.
Desafio de conviver com uma avalanche, de informações , de novos conceitos, novos valores, novo quase tudo. Como devemos mesmo tomar este remédio? Mas ele dá este enjoo todo? E o cabelo ? O seu cai como o meu?
Me sinto cansada , muito …é normal? Não quero me exercitar , sinto dores, mas faz bem, estou engordando , não me reconheço mais no espelho , nem nos lugares onde vou. O que devo comer ? Quanta impaciência ! Será dos remédios , do sono ruim , do trabalho interrompido? Das dores? Muitas dores…. Ou desse caminho novo? Disso tudo junto …pode ser.
Vou sozinha ou acompanhada? Mas ninguém pode ir junto , quanto medo , o que é mesmo que vou perguntar ? Quantas coisas gostaria de saber, mas me esqueço ,acho que me perdi em tantas informações.
Cansei , mas e se pensarem que estou desistindo, ou estou deprimindo ,ou estou triste? Mas , antes da doença eu também não tinha dias que me sentia assim? Todos nós não somos assim? Meu Deus quanta confusão , que aperto no peito.
Estou querendo só ficar um pouco em silêncio, não perguntar nada, não ouvir nada, aquietar meu coração , e deixar de tentar sorver tanta informação . Como se esta agitação fosse me preencher todos os vazios, os medos , as dores e afastar por vários instantes a dura realidade. Mas preciso também do silêncio , agora eu quero me calar sem medo, por instantes ou até me sentir pronta para recomeçar a caminhada.
Quem sabe assim , consiga resgatar as memórias vividas, os sorrisos gargalhados , os desafios que podem ser revividos e o ser humano que empresta este corpo. Quem sabe o silencio não possibilitará outras escutas. De amigos e amores que não souberam falar e se calaram e continuam assim , diante do burburinho ruidoso do nosso adoecimento.
Nem sempre o silêncio é solitário, é só um acalento da alma e uma escuta amorosa do corpo dolorido.
É preciso e necessário escutar.
Andréa Donnard
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Quem sabe assim , consiga resgatar as memórias vividas, os sorrisos gargalhados , os desafios que “será?” que podem ser revividos e o ser humano que empresta este corpo. Quem sabe o silencio não possibilitará outras escutas. De amigos e amores que não souberam falar e se calaram e continuam assim , diante do burburinho ruidoso do nosso adoecimento.
Muito identificado…