A terapia medicamentosa é parte essencial no tratamento de qualquer doença. E quando se fala em artrite reumatoide, o uso da medicação correta pode ser a diferença entre ter uma ‘vida normal’ ou sofrer constantemente com as dores e limitações geradas pela doença. Mas com tantas opções no mercado farmacêutico, como saber se o medicamento utilizado é o ideal? O que é levado em consideração pelo(a) reumatologista para prescrevê-lo? Para obter essas respostas, conversamos com a Dra. Lícia Mota, reumatologista e diretora científica da Sociedade de Reumatologia de Brasília, durante o Congresso Brasileiro de Reumatologia, SBR 2019, realizado em Fortaleza, no Ceará.
Atualmente existem grupos de medicamentos utilizados para tratar a AR. O primeiro grupo tem o objetivo de controlar a inflamação e eliminar a dor, como os anti-inflamatórios, os corticoides e os analgésicos (comuns ou em casos mais severos, os opioides). “Porém, os anti-inflamatórios não são capazes de modificar a evolução do doença. Já os corticoides, nas fases iniciais da artrite reumatoide, podem auxiliar no controle, além de reduzir a inflamação e a dor”, explica a reumatologista. Outra ressalva que a Dra. Lícia expõe sobre os corticoides é a existência de muitos efeitos colaterais desse medicamento, o que faz com que os profissionais da reumatologia restrinjam o uso para os menores tempo e quantidade possíveis.
Medicamentos para evitar a progressão da Artrite Reumatoide
Para, de fato, tratar a doença, são utilizados os chamados Medicamentos Modificadores do Curso da Doença (MMCD). Eles são divididos entre os sintéticos convencionais, feitos por síntese química de alguns princípios que levam ao princípio ativo da medicação. Alguns dos MMCD sintéticos mais utilizados são o Metotrexato, a Sulfasalazina, a Leflunomida e Hidróxido de Cloroquina.
Já os MMCD biológicos são produzidos por engenharia biológica, onde uma célula viva é ‘ensinada’ a produzir outras substâncias, como proteína ou anticorpos. Alguns dos medicamentos biológicos dessa classe incluem os anti fator de necrose tumoral, os anti-TNF, os anti-receptor de interleucina 6, os anti-linfócitos B, os anti-CT20, os anti-linfócitos T e os anti-CTLA 4.
Inicialmente, no tratamento da artrite reumatoide é prescrito um MMCD sintético, preferencialmente o Metotrexato, em monoterapia ou em combinação com outros. E dependendo da resposta do paciente, são feitas as alterações necessárias de acordo com as opções disponíveis citadas. A especialista explica que essas alterações são prescritas de acordo com um fluxograma pré-estabelecido, mas levando em conta a individualidade de cada paciente.
“A progressão da medicação obedece a um protocolo pré-estabelecido pela Sociedade Brasileira de Reumatologia, mas vai ser escolhida de acordo com o paciente, de acordo com o estágio da sua doença, comorbidades, o histórico de infecções prévias, como hepatite B, hepatite C, tuberculose. Algumas medicações, por exemplo, não serão utilizadas em mulheres em idade fértil que possam engravidar, porque há risco para o bebê. Então, há sempre uma personalização da escolha da medicação”, reforçou Dra. Lícia.
Novidades no tratamento medicamentoso
Além dos MMCD sintéticos e biológicos, a especialista compartilhou também uma nova classe de medicamentos voltados para o tratamento da AR, os Medicamentos Modificadores do Curso da Doença Sintético Alvo Específicos. Essa nova geração de medicamentos age em pontos específicos do processo de sinalização intracelular.
Atualmente no Brasil existem apenas dois medicamentos desse tipo aprovados: o Tofacitinibe e o Baricitinib. Porém, durante o Congresso Brasileiro de Reumatologia que ocorreu em Fortaleza, no Ceará, o SBR 2019, foram apresentados diversos trabalhos sobre novas opções terapêuticas para a artrite reumatoide que estão em fase de estudo e em alguns casos de pré-liberação de medicamentos. Entre as novidades inclui um novo Medicamento Modificador do Curso da Doença Sintético Alvo Específico chamado Upacitinibe, que faz parte de uma nova tecnologia chamadas de “pequenas moléculas”, com grande eficácia no controle da doença semelhante aos medicamentos biológicos. Converse com o seu reumatologista e procure entender o plano de gestão de sua doença.
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