Cuidados com a higiene oral previnem complicações para além da boca
Já é de se imaginar que uma boa higiene bucal pode prevenir doenças que se desenvolvem na boca. Uma delas é a periodontite, uma inflamação do tecido que sustenta os dentes – o periodonto – e que provoca sangramentos na gengiva. Mas a escovação adequada, aliada ao uso do fio dental diário, reduz também a chance de outras enfermidades para além dessa região. As bactérias que se proliferam na boca e causam a periodontite, por exemplo, podem migrar para outras partes do corpo quando não são devidamente tratadas. Por isso, essa doença pode estar relacionada a outras, como a artrite reumatoide e até mesmo o Alzheimer.
A periodontite é provocada, principalmente, pela má higiene bucal, que possibilita a acumulação de placas bacterianas na gengiva. A acumulação dessas placas causa a inflamação da região, levando à gengivite. Esse quadro, então, pode evoluir para a periodontite, a forma mais grave que acomete o tecido responsável pela sustentação dos dentes. Por atingir esse tecido, uma das principais complicações é a perda dentária.
Quando os microrganismos responsáveis por essa inflamação oral caem na corrente sanguínea e atingem outras partes do organismo podem possibilitar enfermidades como lúpus e doenças reumáticas. Além disso, algumas doenças cardiovasculares, como infarto, e também doenças neurológicas, como o Alzheimer, podem ter relações com a periodontite.
“Não é a única causa do Alzheimer, pois é uma doença muito complexa. Mas ela pode ter sim uma associação com esse distúrbio e até pode aumentar o risco de Acidentes Vasculares Cerebrais – AVC”, pontua a professora do Departamento do Aparelho Locomotor da Faculdade de Medicina da UFMG, Débora Cerqueira Calderaro. Ela ressalta que vários estudos ainda estão em andamento, por isso não é possível afirmar que a periodontite cause todas essas doenças. “Mas percebemos que existe alguma associação”, observa a professora.
Será que a periodontite é mesmo a causa?
Para saber se a periodontite tem mesmo relação com outra doença, é preciso verificar se as toxinas liberadas pelas bactérias ou as inflamações causadas por elas são encontradas em outras partes do corpo. Quando encontradas, elas são comparadas com as bactérias que estão na boca para avaliar se são as mesmas.
“A gente tem estudos em pacientes com artrite reumatoide, em que o DNA desses microrganismos aparece nas articulações inflamadas, por exemplo”, relata a professora Débora Cerqueira Calderaro.
Sinais
Os primeiros sinais da periodontite podem ser observados no dia a dia. Sangramentos ao escovar os dentes ou ao utilizar o fio dental, bem como a gengiva com coloração avermelhada, são sintomas que requerem atenção. Um dos cuidados que podem ser tomados é melhorar a escovação, além de procurar um profissional para diagnosticar o problema e indicar o melhor tratamento para esse distúrbio.
Esse problema tem maior incidência entre os adultos, principalmente na faixa dos 35 a 44 anos. Segundo o Ministério da Saúde, 19,4% das pessoas que se encontram nessa faixa etária têm quadros relacionados à doença periodontal. No entanto, todos, independentemente da idade, devem ficar atentos aos cuidados de higiene bucal.
Câncer de boca
Por outro lado, são diferentes doenças que podem acometer a boca e, nem sempre, a higiene é determinante para a prevenção. Um dos exemplos é o câncer de boca, caracterizado pelo desenvolvimento de tumores nas estruturas que fazem parte da região oral, como língua, mandíbula, gengiva, entre outras.
Além de ser um problema de saúde mais sério, esse tipo de câncer pode prejudicar a fala e a deglutição dos alimentos. “As estruturas bucais como céu da boca, língua e lábios, tem uma participação importante na fala e na mastigação. Então, se o paciente desenvolver um tumor que impeça a movimentação dessas estruturas, a fala fica prejudicada, bem como a mastigação dos alimentos”, explica a professora do Departamento de Fonoaudiologia da Faculdade de Medicina da UFMG, Laélia Vicente, que atua na área de motricidade orofacial.
Esse grave problema pode ser desencadeado pelo fumo e pelo consumo de álcool em excesso. Esses hábitos podem causar também o câncer de laringe. Além disso, a exposição ao sol, sem proteção, por exemplo, pode ser um fator para o desenvolvimento do câncer de lábios. Por isso, o uso de protetores labiais é importante para evitar o aparecimento desse problema.
Além disso, hábitos alimentares saudáveis também são importantes para prevenir esse problema. “Tentar evitar alimentos embutidos, com corantes e muito agrotóxico é importante, pois são alguns dos fatores para o desenvolvimento do câncer de boca”, orienta a professora Laélia Vicente
No entanto, os fatores citados não são os únicos determinantes para a doença. O distúrbio também está relacionado a fatores genéticos e hereditários, além de ter relação com má adaptação de próteses. Quando as próteses estão mau posicionadas, podem provocar feridas na boca. Como complicação dessas feridas, podem causar o câncer de mandíbula.
“Qualquer lesão que apareça na boca, até mesmo uma simples afta, não pode ultrapassar a 15 dias. Caso exceda esse período, é necessário procurar um médico”, alerta a professora Laélia Vicente.
Fonte: D24am.
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