Comecei sentindo dores fortes nos joelhos, os médicos passavam uma injeção que tirava a dor em instantes e assim fui levando. Até que um dia acordei com dor em todas as articulações, doía tudo e eu não conseguia me mover. Fui as pressas para a emergência e dessa vez as inúmeras injeções não surtiram efeito. Fiquei durante 6 meses em idas e vindas aos médicos, e nenhum diagnóstico. Em cada lugar me diziam uma coisa, eu gritava dia e noite com dor, tinha dores terríveis, tive vontade de morrer.
Então veio o diagnóstico, artrite reumatoide severa. Meu mundo e minha vida pararam ali, naquele ano de 2001. Interrompi meus sonhos, minha vida, meus estudos, minhas esperanças. A cada tratamento, a cada medicação uma nova frustração, nada surtia efeito positivo. A cada dia minhas articulações iam atrofiando, e meus movimentos acabando. No meio a tudo isso ainda sofria muito preconceito, criticas e falta de entendimento, principalmente por parte dos familiares, contava apenas com apoio, amor, carinho e compreensão por parte da minha mãe Ana, mulher forte, guerreira, que me amou acima de tudo e sofreu junto comigo cada momento de dor e desespero.
Infelizmente 4 anos após o diagnóstico, ela partiu, foi para junto de Deus. A dor da perda me fez perceber que tudo o que eu havia passado com a doença não era nada perto daquela dor da perca e tudo que eu teria que enfrentar, daquele momento adiante sozinha. Não tenho irmãos e meu pai faleceu logo em seguida também. Foi uma fase horrível da minha vida. Dores horríveis, morando de favor, precisando ser forte quando a vontade era desistir de tudo e morrer, tive que escolher ou me entregava ou enfrentava tudo de frente.
Acabei por me tornar uma pessoa triste, calada, não sorria nunca, não me apegava a nada e a ninguém. Para que? Ninguém me entendia, os “amigos” não mais existiam. E quem se aproximava geralmente era para me criticar, me chamar de mole, folgada, preguiçosa. E minha vida foi assim até 3 anos atrás, em primeiro de julho de 2013 Deus voltou seus olhos para mim, me deu um presente maravilhoso, conheci um rapaz que hoje é meu esposo, ele me fez voltar a sorrir e querer lutar pela vida, hoje estou aqui escrevendo esse texto com os olhos cheio de lágrimas, mas lágrimas de felicidades. Meu estado clínico? Muito ruim, quadris e joelhos atrofiados, estou na fila de espera há 8 anos para cirurgia de artroplastia total de joelhos e quadril. Minhas mãos, punhos, tornozelos, cotovelos, todos travados. E sim, eu sou feliz, hoje eu sou feliz. Tenho ao meu lado o melhor companheiro que Deus poderia ter me dado. Ele me entende, cuida de mim, me protege com amor e carinho, nunca me questionou por um segundo sequer.
Hoje, após de 16 anos nessa luta contra a dor, posso dizer que apesar de tudo sou muito feliz, essa doença me fez aprender muita coisa, me deu um amadurecimento incalculável, me deu valores que talvez eu não teria tido se não tivesse passado por tudo isso. Hoje tenho forças para continuar e tenho certeza que estou vencendo a cada dia. A felicidade para mim, está nas pequenas coisas, como poder me pentear, ou lavar um copo, conseguir atravessar a rua tendo um braço para me apoiar e me conduzir, há dias que não saio da cama por causa da dor, cansaço, desânimo mas tenho um ombro amigo e protetor onde posso me apoiar, meu esposo amado.
A mensagem que deixo aos portadores da doença é que não percam a fé e nem a esperança de viver, viva, aproveite da forma que puder, podemos sim ser feliz e aos não portadores, que procurem entender a doença antes de julgar alguém que a tenha. Precisamos de apoio, carinho, cuidados e atenção e não de críticas maldosas e preconceitos.
Me chamo Andreia Souza, tenho 32 anos, convivo com a artrite reumatoide há 15 anos, moro na cidade de Goiânia – GO.
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