O atraso na entrega e a falta de previsão para a aquisição dos remédios de alto custo pela Farmácia Integrada do Governo do Estado, dentro do complexo do Conjunto Hospitalar de Sorocaba (CHS), tem deixado pacientes desesperados especialmente pela dificuldade em poder comprá-los por conta própria. A Secretaria de Estado da Saúde informa no entanto que o desabastecimento ocorre por vários motivos, mas que os fornecedores serão comunicados sobre a necessidade de urgência na entrega.
Embora por causas diferentes, os dramas dos pacientes se assemelham pela pressa em dar continuidade aos tratamentos, como no caso do aposentado Claudinei Aranda, 66 anos, que necessita do medicamento Entecavir, indicado para hepatite B. Sem condições para comprar o remédio, que custa R$ 1.200 em média, ele atenta que é obrigação do governo suprir essa demanda “já que pagamos impostos”. Claudinei está sem o remédio (toma um comprimido por noite) desde o último dia 17, e sua esperança é que com a reportagem o processo seja agilizado, como ocorreu no ano passado, em que recebeu o medicamento três dias após a publicação da matéria em 20 de janeiro.
Quem também se encontra apreensiva é a dona de casa Vanessa Rodrigues, que há dois meses não consegue pegar a injeção Leuporrelina, indicada para casos de puberdade, para o tratamento da filha de 8 anos de idade. A injeção, que também custa mais de R$ 1 mil, precisa ser aplicada a cada 28 dias, e o tratamento da menina seguirá até ela completar 13 anos de idade. Vanessa disse que desde a semana passada o telefone da farmácia só dá ocupado. Ela, que também recorreu ao Cruzeiro do Sul ano passado e logo após obteve o medicamento, torce para que isso ocorra novamente.
Paciente de esclerose múltipla diagnosticada há quatro anos, a atendente acadêmica Renata Cristina Guilherme teria o medicamento Gilenya somente até segunda-feira, e não possui a mínima chance em compra a caixa com 28 comprimidos ao custo de R$ 7 mil. Conforme explicou, há dez meses ela utiliza esse medicamento, e desde então já enfrentou outro atraso, mas o que a preocupa é a falta de previsão para a entrega. Renata disse que como alternativa, na esperança que o remédio chegue logo, ela tomará os poucos comprimidos que lhe restam de forma alternada, e não diariamente. Ela soube da falta do medicamento na terça-feira, quando seu marido foi fazer a retirada e voltou sem o remédio.
Estado responde
Em resposta por meio da assessoria de imprensa, a Secretaria da Saúde explicou que o Núcleo de Assistência Farmacêutica de Sorocaba informou que o Sistema Único de Saúde (SUS) distribui mais de mil tipos de medicamentos em diferentes apresentações no Estado de São Paulo, e que para atender os pacientes cadastrados no programa de Medicamentos Especializados (Alto Custo), a pasta realiza planejamento periódico dos estoques, com base no consumo e mais uma margem de segurança para garantir que a unidade tenha estoque até que seja abastecida pela próxima compra.
Entretanto, alguns fatores, alheios ao planejamento da pasta, podem ocasionar desabastecimentos temporários. Entre esses fatores foram citados o aumento inesperado de demanda (acima da margem de segurança prevista), atraso por parte do fornecedor, logística de distribuição do Ministério da Saúde, pregões “vazios” (quando nenhuma empresa oferta o medicamento) ou pregões “fracassados” (quando as empresas estabelecem preços acima da média de mercado, o que inviabiliza legalmente a aquisição).
Com relação ao medicamento Leuprorrelina para a paciente de 8 anos de idade, foi informado que houve um desabastecimento temporário em razão do aumento inesperado de demanda, mas que uma nova compra já está em execução e os fornecedores serão comunicados da necessidade de urgência na entrega.
Já no caso dos medicamentos Entecavir e Gilenya, a pasta esclareceu que a compra e a distribuição para todo Brasil é de responsabilidade do Ministério da Saúde, ou seja, a Secretaria aguarda o envio dos comprimidos por parte do órgão federal para abastecer os municípios do Estado.
Fonte: Jornal Cruzeiro
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