As feridas crônicas caracterizam-se como aquelas lesões que não cicatrizaram espontaneamente e que têm longa duração, podendo perdurar por meses, anos e até décadas. Elas apresentam recorrência frequente, mesmo que o paciente conte com cuidados médicos e de enfermagem.
A cronicidade de uma lesão pode estar associada a problemas locais e sistêmicos, como tamanho da ferida, localização, existência de necroses, infecção local, indicação errada de curativos e manejo inadequado da ferida. Como fator de complicação, as feridas apresentam contaminação e colonização de bactérias multiresistentes, que, com a presença de processo infeccioso associado, pode evoluir para a osteomielite e sepse.
No grupo das feridas crônicas estão inclusas as úlceras de membros inferiores de origem vascular, que podem ser venosas, arteriais ou mistas, cuja maior dificuldade é a recidiva, já que, se não tratadas adequadamente, 30% das úlceras cicatrizadas voltam em um ano e 78% após dois anos. As úlceras venosas ocorrem por falha de retorno venoso, acarretando na hipertensão venosa e, consequentemente, tornando os capilares mais permeáveis. Isso faz com que moléculas maiores, como os glóbulos vermelhos, extravasem para o espaço extravascular. Nessa condição, basta um pequeno trauma para que a úlcera se desenvolva. Já as úlceras arteriais são o resultado da inadequada perfusão dos membros inferiores, ocasionado pela obstrução completa ou parcial do suprimento arterial para pernas e pés.
Além das úlceras vasculares, outros tipos de feridas crônicas são bastante comuns, como as úlceras neuropáticas (frequentes em portadores de diabetes ou hanseníase e em alcoólatras), as lesões por pressão e as originadas devido a doenças autoimunes, como artrite reumatóide e lúpus eritematoso sistêmico.
Cicatrização
São inúmeros os fatores que interferem no processo cicatricial, como idade, alimentação, higiene pessoal, tabagismo, presença de doenças anteriores (diabetes, por exemplo) e o uso de corticosteróides. Grande parte das úlceras com infecção pode ser tratada ambulatorialmente, mas a presença de uma ulcera torna o paciente mais suscetível à infecção, o que constitui a causa mais comum de internações prolongadas.
Falar em feridas crônicas significa reconhecer um ciclo vicioso dentro do sistema de saúde, implicando em altos custos de hospitalização, reinternações, complicações e curativos. Além disso, o paciente sofre física e emocionalmente, já que lida com as dores, o aumento do risco de mortalidade, o tempo de reabilitação e o afastamento de suas atividades de trabalho e lazer.
Fonte: Segs
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