Entenda o que provoca o desgaste na região e quais são os tratamentos disponíveis.
Prática de atividades físicas de impacto, sobrepeso, sedentarismo, esforço repetitivo e deformidades articulares podem estar por trás do desgaste do joelho, quadro que provoca dor e incômodo.
O joelho é a maior articulação do corpo humano e sustenta boa parte do nosso peso corporal, sendo uma das mais sensíveis por conta da sua anatomia. Por isso, é importante identificar problemas na região o quanto antes para iniciar o tratamento recomendado.
A cartilagem é a estrutura responsável por suavizar o impacto entre dois ou mais ossos nas articulações. Quando há um desgaste e a cartilagem começa a se perder, os ossos entram em atrito ao realizarmos movimentos, o que causa dor e, em longo prazo, pode levar a deformidade na região afetada. O problema é que, por não ter vasos sanguíneos, a cartilagem tem baixo potencial de regeneração (principalmente na fase adulta), e por isso os tratamentos disponíveis com o objetivo de reconstruí-la ainda são limitados.
Há dois quadros médicos mais comuns relacionados a esse desgaste da cartilagem no joelho: a artrose e a condromalácia patelar.
Artrose (osteoartrite)
É uma doença das articulações caracterizada por degeneração das cartilagens, acompanhada de alterações das estruturas ósseas vizinhas. É a mais comum das doenças reumáticas: de 80% a 90% das pessoas acima de 40 anos já mostram sinais de osteoartrite ao exame de raios X. Mulheres e homens são acometidos na mesma proporção.
No início, a dor surge com o movimento e desaparece com o repouso. Com o tempo, a intensidade da dor aumenta, e pode ocorrer enrijecimento e diminuição da mobilidade articular. O enrijecimento tende a desaparecer segundos ou minutos depois da movimentação. Fases mais sintomáticas costumam ser seguidas por outras com regressão do quadro.
A artrose no joelho pode resultar em um derrame articular (quando há sangramento dentro da articulação ou quando há excesso de produção do próprio líquido articular – chamado líquido sinovial), dor e alargamento das estruturas ósseas vizinhas, com ou sem crepitação (como se houvesse areia na junta). Nas fases mais avançadas as deformidades desalinham os ossos.
Condromalácia patelar
A condromalácia patelar, ou síndrome da dor patelofemoral, caracteriza-se pela degeneração da cartilagem articular da patela (ou rótula), um osso localizado na frente do joelho. Esse desgaste pode ocorrer devido a uma série de fatores, como traumas na região, sedentarismo, excesso de peso, desalinhamento do joelho, atividades físicas de alto impacto e idade.
A condromalácia patelar pode ser classificada em quatro graus:
- Grau I: Há um certo amolecimento da camada mais externa da cartilagem da patela. Pode haver dor e edema (inchaço);
- Grau II: Há lesões na cartilagem com até 1,3 cm de diâmetro. As lesões ainda são pequenas e localizadas;
- Grau III: As lesões são maiores que 1,3 cm de diâmetro;
- Grau IV: Neste ponto, a cartilagem já sofreu tamanha erosão que é possível visualizar o osso subcondral que a sustenta.
Quem tem condromalácia pode sentir uma dor leve ao redor da patela ou sob ela, que piora ao descer escadas ou rampas, durante e após a prática esportiva ou após ficar muito tempo sentado. Além disso, inchaços, ruídos (como um “clique”) ao se movimentar e ardência podem estar presentes em alguns casos.
Como a condromalácia pode não causar dor nos estágios iniciais, o ideal é procurar um ortopedista ao primeiro sinal de desconforto. Isso porque, quando a cartilagem é lesionada, ocorre liberação de enzimas inflamatórias que podem corroer as articulações e estruturas locais como um todo, e há risco de o problema evoluir para uma artrose.
Diagnóstico
O diagnóstico é basicamente clínico, a partir de sintomas, histórico e queixas do paciente. Exames de imagem, como raios X e ressonância magnética da região do joelho, são importantes para definir o quadro com precisão. Após os exames e o relato, o médico vai identificar o quadro e indicar o tratamento recomendado.
Tratamento
Gelo, analgésicos e anti-inflamatórios podem ser utilizados para aliviar os sintomas de ambas as condições, principalmente nas fases agudas, quando o joelho está inchado e o paciente sente dor e ardência. Mas, antes de qualquer medicação, é preciso se consultar com um médico.
No caso da condromalácia patelar, a joelheira (modelo sem o furo na frente) é uma aliada. Ela ajuda no encaixe adequado da patela sobre o fêmur, promovendo melhor distribuição de cargas e, consequentemente, reduzindo a dor e o desgaste.
Evite também manter o joelho flexionado por muito tempo, faça pequenas caminhadas ao longo do dia em casa ou no trabalho, e mantenha a perna estendida sempre que possível.
Após esses cuidados, exercícios de reabilitação com fisioterapia são parte fundamental do tratamento, pois servem para fortalecer o quadríceps (músculo da coxa) e melhorar a estabilidade do joelho. Essa é uma maneira de retardar ou mesmo impedir a progressão da doença. Em alguns casos, o médico também pode sugerir a perda de peso, a fim de diminuir o esforço exigido pela região.
Se a dor ainda persistir, pode ser indicado fazer infiltração com ácido hialurônico para melhorar a lubrificação da área da patela. Sua aplicação auxilia no fortalecimento da camada desse ácido que reveste naturalmente a cartilagem da rótula.
Quando a cirurgia é necessária?
Quando o tratamento conservador não surte efeito, lança-se mão da cirurgia, que geralmente é feita por artroscopia, um método minimamente invasivo.
Nessa cirurgia, removem-se fragmentos de cartilagem danificada e outros resíduos do joelho para promover uma espécie de limpeza da articulação. Dependendo do caso, outros procedimentos podem ser feitos na mesma cirurgia para conseguir maior eficácia.
Como manter a saúde do joelho?
- Repousar depois de atividade que solicite a articulação comprometida;
- Ter cuidado com a postura ao sentar, levantar objetos e andar;
- Evitar posições forçadas que sobrecarregam a articulação;
- Evitar pesos e atividades causadoras de impactos repetitivos;
- Usar calçados confortáveis que ofereçam boa base de apoio; não calçar sapatos com os calcanhares desgastados;
- Evitar a obesidade, a fim de prevenir o excesso de peso sobre a articulação.
Fonte: Dr. Drauzio Varella.
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