Me lembro exatamente do dia que recebi o diagnóstico de Espondilite Anquilosante. Sentia dores contínuas e intensas há uns 15 dias. Tinha sido diagnosticada com dengue, com fibromialgia, até que me encaminharam a um reumatologista. Relatei, exatamente, tudo o que sentia, saindo sem diagnóstico e com solicitações para uma infinidade de exames, dos quais a grande maioria nunca tinha escutado falar. Depois de prontos, retorno com os resultados e enfim:
– “O que eu tenho, doutor?
– Você tem Espondilite Anquilosante. Uma doença autoimune, inflamatória, crônica, que causa rigidez e limitações articulares, sem cura!”
Foi assim, direto e reto. As palavras do médico entraram como uma flecha congelante no meu peito. A frase “sem cura” ecoava na minha cabeça, era como se tivesse recebido uma sentença de morte. Fiquei completamente desnorteada. Não sabia ao certo se era melhor não ter tido um diagnóstico, ou melhor, não esse diagnóstico. Não conseguia acreditar e fui receber o diagnóstico mais 7 vezes, de diferentes médicos reumatologistas.
Só vinha a minha cabeça: Por que comigo?! Justo comigo?! Que trabalhava com aulas de ginástica e alongamento em academias, promovendo saúde e qualidade de vida. Que sempre fui apaixonada pelo movimento e expressões do corpo ficaria rígida e limitada?! Por quê comigo? Não sabia ao certo o que me doía mais: as dores físicas ou a dor emocional. Era como se tivesse mudado de identidade, ganhado um novo sobrenome, um rótulo, uma etiqueta que me determinasse como incapaz, mas que, ao mesmo tempo, ninguém conseguia visualizar.
Ter recebido essa “etiqueta” me incomodava e o “pra sempre” também. Acredito que o “pra sempre” pode existir, principalmente quando desejamos e somos felizes com ele (nas diferentes formas). Mas aquele “pra sempre” que me foi determinado, imposto, esse não! Não daquele jeito: com dor e sofrimento. Esse Não!
E o que fazer agora?! Ali mesmo estava o meu ponto de partida. Para dores que eram insuportáveis e sem nome, esse era o primeiro passo: o diagnóstico!
Ter o diagnóstico foi fundamental para que (depois de passado o estado de choque), eu me colocasse em movimento. Mas, naquele momento, a não aceitação me impulsionou: parti para busca de informações, de conhecimento, de tudo o que poderia fazer para lutar contra, me preparar para o que poderia vir… Eu praticamente estava mapeando o meu adversário, a Espondilite Anquilosante, antes de um jogo.
Depois de um excelente mapeamento sobre o adversário, investi nas estratégias de jogo. Tracei diferentes delas e busquei aliados para atacar, passo a passo, em direção a vitória sobre a doença autoimune. Essa vitória não significa derrotar, curar, eliminar, rejeitar ou negar. Essa vitória significa aprender a conviver, a tornar as dores suportáveis, a viver com o melhor possível. Significa perder ou empatar alguns jogos, mas não perder o campeonato.
O que quero compartilhar com você é que o diagnóstico é apenas um ponto de partida, um ponto de vista ou uma perspectiva. Quem decide o que fazer com ele, que caminho deseja trilhar a partir desse ponto é você. O caminho do outro não é nosso caminho. E nosso caminho não será o do outro. Podemos utilizar as trilhas já abertas, caminhos iluminados, caminhos mais curtos e menos demorados, mas as nossas pegadas são únicas.
Existe um caminho para você. Um caminho a partir de sua forma de ver o mundo e agir sobre ele. Um caminho a partir de suas escolhas, de suas decisões, de sua disponibilidade de enfrentamento, da disposição à renovação a partir desse novo ponto de partida.
Com muito amor e um profundo desejo de construir um mundo melhor, desenvolvo meu canal no YouTube: Camila Paraschiva, um espaço de compartilhamento de experiências de vida, ampliação de perspectivas, transformação e ferramentas de autoconhecimento para despertar e conectar pessoas aos seus potenciais, dons e talentos com objetivo de transformarem adversidades, seja a partir de um diagnóstico, como foi a Espondilite Anquilosante para mim, ou de uma inquietação, em desafios inspiradores para construírem seus caminhos únicos, com mais sentido, qualidade e realizações.
Sinta-se abraçado e muito bem-vindo.
Com amor,
Camila Paraschiva.
“Não é o diagnóstico que te determina. O que te determina são as suas escolhas de como você deseja viver.”
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