A osteonecrose dos maxilares é um grave efeito colateral da terapia com bisfosfonatos – muito utilizados por pacientes com osteoporose ou que estão em tratamento de câncer metastático no tecido ósseo. Não se trata de uma doença específica, mas de uma condição em que ocorre a morte de uma área localizada de osso, especialmente nos maxilares. De acordo com André Caroli, um dos coordenadores do Encontro de Patologias Ósseas da APCD – que acontece no dia 13/5, a partir das 9h, na sede da entidade – esse problema tem desafiado a classe dos cirurgiões-dentistas há alguns anos.
“É fundamental que os profissionais da Odontologia tenham amplo conhecimento dos efeitos adversos de determinados componentes químicos presentes em inúmeros medicamentos amplamente utilizados – especialmente para tratar o câncer. No caso específico dos bisfosfonatos, o paciente deveria ser orientado a se consultar com um cirurgião-dentista antes de começar o tratamento da doença principal, se prevenindo da osteonecrose”, diz o especialista em patologias bucais. Dados revelam que, por sua eficácia no tratamento de osteopenia e osteoporose, os bisfosfonatos resultam em 190 milhões de prescrições médicas realizadas em todo mundo.
“Uma parte da dose administrada costuma se acumular no osso, permanecendo ali até ocorrer sua completa absorção – o que pode levar meses ou anos. Os bisfosfonatos se concentram mais nos maxilares, por conta de sua maior vascularização e maior atividade celular em relação a outros ossos. Grande parte das reações adversas ocorre no sistema digestivo, favorecendo episódios de náusea, vômito, diarreia, inflamação e úlcera no esôfago. Mas também surgem reações alérgicas, dores ósseas, musculares e articulares. Entretanto, a complicação mais grave é quando o uso dessas substâncias leva ao aparecimento de osteonecrose. Neste caso, o paciente pode apresentar exposição óssea na mandíbula, inflamação gengival, dor ou inchaço na região afetada, além de infecção com presença de pus”, afirma Caroli.
O especialista explica que os bisfosfonatos não devem ser encarados de forma negativa, embora seu uso acenda uma luz de alerta diante dos possíveis desdobramentos. “Esses medicamentos reduzem a reabsorção óssea e oferecem uma série de outros benefícios para pacientes em tratamento de osteoporose e metástase óssea, entre outros. Porém, principalmente em pacientes que foram submetidos à extração dentária (exodontia), temos percebido aumento dos casos de osteonecrose. Apesar do uso de antibióticos demonstrar bons resultados no controle das fases agudas da infecção e na melhora da dor, muitos pacientes necessitarão de tratamento cirúrgico na tentativa de resolução do problema”.
Outro ponto importante destacado por Caroli é verificar com o médico que assiste o paciente se existe a possibilidade de suspensão ou substituição do medicamento quando o paciente for submetido a extrações dentárias ou procedimentos eletivos nos maxilares. “Isso contribuiria para minimizar o risco de desenvolvimento de osteonecrose – lembrando que essa complicação pode comprometer a alimentação, o bem-estar e o estado emocional do paciente já debilitado por sua doença de base”.
Fonte: Dr. André Caroli, mestre em patologia bucal pela FOUSP e um dos coordenadores do Encontro de Patologias Ósseas da APCD (Associação Paulista de Cirurgiões-Dentistas) – que acontece no dia 13/5, a partir das 9h, na sede da entidade, à Rua Voluntários da Pátria, 547, Santana – SP. http://www.apcd.org.br/index.php/pagina/palestras-cientificas-do-coci
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