Confira o texto do especialista e ortopedista do Time Maratona, Dr. Sérgio Maurício, e tire algumas dúvidas sobre a prática.
“As falas e mitos sobre lesões no joelho por conta da corrida existem há muito tempo. Isso faz com que praticantes, treinadores e médicos convivam com diversas opiniões sobre o tema.
Em 2015 foi publicada uma revisão de literatura na Revista Britânica de Medicina do Esporte, mostrando que a corrida não é um esporte que acelera o desgaste dos seus joelhos, doença conhecida como artrose. O estudo reuniu informações de outros 10 artigos. Em 8 deles não houve aumento das chances da doença. Em uma publicação, houve melhora dos sintomas em pacientes com artrose, e em apenas um estudo, feito com maratonistas de elite, as chances de artrose foram aumentadas. Devemos lembrar que esses atletas correm até 200km por semana, com intensidade muito alta, o que está longe de ser a nossa realidade, meros mortais.
No entanto, nenhum dos estudos avaliou em nível molecular o que acontece durante a corrida. No final do ano passado, um novo estudo, feito por pesquisadores de Utah, chegou à uma conclusão interessante. 15 corredores foram avaliados da seguinte forma: foram coletadas amostras de sangue e de líquido sinovial do joelho, através de punção articular. A seguir, eles foram encaminhados à uma esteira, onde correram por 30 minutos na velocidade que desejassem. Foram coletadas também amostras de um grupo controle que permaneceu em repouso durante todo o estudo. Ao fim dos 30 minutos, tanto o grupo que correu quanto o grupo que permaneceu em repouso tiveram as amostras coletadas novamente. O objetivo era medir a quantidade de substâncias inflamatórias dentro e fora da articulação, e avaliar suas variações após o exercício, comparado com o grupo controle.
Pela dificuldade técnica de puncionar líquido articular do joelho, apenas 6 pessoas tiveram todas as 4 amostras coletadas, havendo poucos indivíduos para a análise. No entanto, todos os corredores apresentaram redução dos mediadores inflamatórios nos joelhos. As taxas da citocina GM-CSF reduziram de uma média de 10.7 para 6.2, assim com a interleucina IL-15, que caiu de uma média de 7.6 para 4.3. Além disso, corredores apresentaram redução das taxas da COMP (cartilage oligomeric matrix protein), proteína em geral elevada nos pacientes com artrose. Essas reduções não foram observadas nos pacientes que permaneceram em repouso.
Apesar da baixa amostra do estudo, ele serve como luz para diversos outros que certamente virão no futuro. A corrida, antigo “vilão” do joelhos, pode na verdade ser um grande mocinho. Cada vez mais artigos mostram que correr não faz mal, e quando bem prescrito, previne inúmeras doenças. O que vejo no consultório, como especialista em joelho, é que pacientes que praticam exercícios apresentam muito menos dores em seus joelhos que os sedentários. Portanto, treine com segurança, bem orientado e não tenha medo da corrida.
Fonte: http://maratonadorio.com.br/timemaratonadorio-correr-faz-mal-para-os-joelhos/
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