Doença inflamatória crônica de origem autoimune, que afeta vários tecidos e órgãos, que pode ocorrer em pessoas de qualquer idade, raça e sexo, mas que normalmente acomete mais as mulheres entre 20 e 45 anos de idade, e que apresenta sintomas diversos, pelos quais se dimensiona a gravidade do quadro. Estamos falando de Lúpus Eritematoso Sistêmico (LES, ou apenas lúpus), que de acordo com o médico reumatologista e professor titular da Pontifícia Universidade Católica (PUC) São Paulo, José Eduardo Martinez, tem tratamento e o paciente pode ter qualidade de vida, mas sem no entanto poder dispensar o acompanhamento médico.
De acordo com o reumatologista, o Lúpus causa desequilíbrio no sistema de defesa que produz anticorpos, sendo que nesses pacientes, ao contrário das demais pessoas cujos anticorpos as defendem, os anticorpos provocam inflamações. O titular de reumatologia na PUC São Paulo explica ainda que nem todos os pacientes apresentam as mesmas manifestações, e segundo ele, conforme o tipo de manifestação é a gravidade do quadro de saúde.
As manifestações, conforme elencadas pelo especialista, podem ocorrer devido à inflamação na pele, articulações (juntas), rins, nervos, cérebro e membranas que recobrem o pulmão (pleura) e o coração (pericárdio). Outras manifestações podem ocorrer devido à diminuição das células do sangue (glóbulos vermelhos e brancos), devido a anticorpos contra essas células. Segundo Martinez, no entanto, as manifestações mais comuns são as da pele, das articulações e dos rins.
Vale porém frisar que alguns sintomas são gerais, tais como a febre, emagrecimento, perda de apetite, fraqueza e desânimo, enquanto outros são específicos de cada órgão, como dor nas juntas, manchas na pele, inflamação da pleura, hipertensão e/ou problemas nos rins. Os sintomas podem surgir tanto isoladamente como em conjunto, e também de forma sequencial.
José Eduardo Martinez atenta ainda que a doença pode levar à morte quando há envolvimento de órgãos centrais, mas destaca também que isso é raro. Outra possibilidade do paciente vir à óbito refere-se a infecções que podem ocorrer por conta da baixa imunidade, tendo também esses pacientes maior propensão a doenças cardiovasculares.
O médico reumatologista afirma, porém, que o lúpus tem tratamento e bom prognóstico, quando tratado corretamente, uma vez que por se tratar de doença crônica, necessita de acompanhamento médico, cuja regularidade vai também depender do estado de cada paciente. O médico também esclarece que apesar de ser uma doença séria, é possível ter uma vida normal, reforçando que para isso é preciso haver o acompanhamento médico regular.
Perfil
De acordo com uma pesquisa existente no site da Sociedade Brasileira de Reumatologia, além dos casos serem registrados mais frequentemente em mulheres de 20 a 45 anos, há evidências de que os casos atingem mais pessoas mestiças e afrodescendentes. Ainda segundo a estimativa ali apresentada, os indícios apontam para 65 mil pessoas no país com lúpus, sendo a maioria mulheres. Acredita-se assim que uma a cada 1.700 mulheres no Brasil tenha a doença. Desta forma, em uma cidade como o Rio de Janeiro haveria cerca de 4.000 pessoas com lúpus e em São Paulo, aproximadamente 6.000.
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