Nas duas últimas décadas, o tratamento da artrite reumatoide trouxe grandes mudanças para o cenário global da doença. À medida que os novos medicamentos tornaram-se acessíveis, a remissão foi se tornando um alvo cada vez mais possível. E, foi para falar sobre o valor da remissão na jornada do paciente e no impacto financeiro para o sistema de saúde que a Aliança Global para o Acesso do Paciente (GAfPA) reuniu em Bruxelas, na Bélgica, especialistas da Europa, Estados Unidos e América Latina, entre eles grandes reumatologistas e representantes de associações de pacientes. Na ocasião, o Brasil esteve representado por Priscila Torres, autora do Blog Artrite Reumatoide, Conselheira Nacional de Saúde pela Biored Brasil e coordenadora do Grupo de Apoio ao Paciente Reumático Brasil.
O artigo “Value of Remissão in Patients with Rheumatoid Arthritis: A Targeted Review”, constatou que os pacientes com artrite reumatoide em remissão, tem custos médicos diminuídos, com menor quantidade de hospitalizações, cirurgias nas articulações e radiografias. A diminuição no impacto financeiro do paciente em remissão, também é observado em pacientes com artrite psoriásica e espondilite anquilosante. O Brasil possui um dos grandes cases de sucesso na oferta de medicamentos no sistema público de saúde, sendo fornecidos 25 tipos diferentes de medicamentos, oito deles de origem biológica e três novos medicamentos orais alvo específicos, formando um potente arsenal terapêutico para que o reumatologista e o paciente possam compartilhar a melhor decisão usando o medicamento certo para o paciente certo, no tempo oportuno.
Outro estudo apresentado, mostrou que 70% dos pacientes com artrite reumatoide apresentam alta atividade da doença, mas apenas 38% deles receberam a oferta de mudança de tratamento. Indicando ainda que, até 50% dos pacientes com AR não têm acesso a uma revisão regular do seu tratamento. Dados assustadores, pois as diretrizes internacionais de tratamento da AR recomendam a revisão de eficácia de tratamento a cada três meses, ou seja, se após três meses em uso de um medicamento, não houver melhora, o paciente precisa ser reavaliado por seu reumatologista. Sabemos que este é um grande desafio na jornada do paciente no sistema público de saúde, não somente no Brasil, mas também para países como o Reino Unido, onde os pacientes que vivem em regiões remotas podem demorar dois anos para ter uma consulta com o especialista enquanto aguarda sendo atendido pelo médico da família. No Brasil, o acesso ao reumatologista pode demorar até cinco anos na rede pública e os pacientes em atendimento nos centros de referência em sua maioria são atendidos duas vezes por ano, situação que limita a reavaliação da eficácia do tratamento a cada três meses.
Para que o acesso a remissão aconteça com equidade, o grupo presente no debate compreende que é preciso avançar nos modelos de políticas públicas, para que este acesso não seja focado apenas no medicamento e sim, em cuidados integrais, com suporte interdisciplinar e centrado no paciente. A educação do paciente e sua navegação no sistema de saúde são fundamentais para que a remissão seja um alvo atingível para todos os pacientes que convivem com artrite reumatoide, artrite psoriásica e espondilite anquilosante. Durante a reunião, trabalhamos em um documento que será publicado em 2024, trazendo o cenário atual e as perspectivas das políticas públicas de tratamento da AR nos países Argentina, Brasil, Chile, Estados Unidos, Reino Unido, irlanda, Índia, África do Sul, Austrália, Suíça, Letônia e Chipe. Participaram da reunião:
Rodrigo Garcia Salinas – Argentina
Tony Woolf – Reino Unido
Andrew Ostoc – Austrália
Prachee Bhosie – Índia
Priscila Torres – Brasil
Souzi Makri – Chipe
Matthew Fah – África do Sul
Lillarin Wermskog – Irlanda
Annelise Goecke – Chile
Inita Bulina – Letônia
Chris Saffore – Estados Unidos
Grainne O’Leary – Irlanda
Lic. Sandra Toledo – Uruguai
René Bram – Suíça
Clare Jacklin – Reino Unido
Andrew Bennet – Reino Unido
Magdalena Wtadysluk – Polônia
O evento foi realizado por GAfPA com incentivo social da Abbvie.
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