O ácido hialurônico é uma substância produzida naturalmente pelo organismo, mas também artificialmente em laboratório para finalidades tanto estéticas quanto médicas. Quando fabricado em laboratórios, o ácido hialurônico ganha composições diferentes: algumas são específicas para preenchimento na harmonização facial, por exemplo, enquanto outras são indicadas para ajudar no tratamento da dor em dois tipos de problemas, principalmente: lesão da cartilagem, também conhecida como condropatia, ou de osteoartrite do joelho, também chamada de artrose.
Injeção de ácido hialurônico é um dos tratamentos para artrose — Foto: Istock Getty Images
Nas articulações, sua função é lubrificar e diminuir o atrito entre as superfícies articulares, especialmente no joelho e no quadril. Para entender melhor como essa substância funciona no organismo, o Eu Atleta conversou com alguns especialistas. Confira!
Quando a infiltração com ácido hialurônico é indicada
A técnica apresenta mais resultados nas fases iniciais de artrose e de condropatia (lesões da cartilagem). Mas de acordo com a gravidade dessas condições, em que os pacientes podem apresentar dor, limitação de movimento, inchaço e restrição para atividades esportivas ou da vida cotidiana, a infiltração ainda pode ser sugerida em fases mais avançadas.
– Quando o especialista sugere a infiltração com ácido hialurônico, esse tratamento não deve ser isolado, deve estar associado a uma reabilitação fisioterápica – esclarece o médico ortopedista Sérgio Rocha Piedade.
Por isso, após o diagnóstico, o primeiro tratamento é o fortalecimento muscular adequado para os membros inferiores e para o core, podendo ser realizado com fisioterapia. Se não houver melhora, aí pode ser indicada a infiltração com o ácido hialurônico de alto peso molecular, que possui melhor resultado clínico e funcional, incluindo a melhora da dor.
A infiltração com o ácido hialurônico pode ser realizada para tratar dor de:
- Joelho;
- Quadril;
- Articulações menores, dependendo da avaliação.
Diagnóstico
A consulta passa por algumas etapas que não devem ser negligenciadas: histórico, exame físico e exame de imagem, como a ressonância magnética. Esta última, nos casos de condropatia e de artrose, ajuda na classificação do grau da lesão, na localização e a diferenciar de outras doenças que podem ser responsáveis pela dor.
Indicações para outras doenças
Não há comprovação científica do efeito da infiltração de ácido hialurônico em outras doenças que não sejam condropatia ou osteoartrite (artrose). Nem mesmo para artrite reumatoide, que é uma condição autoimune, causando uma degeneração muito grave da articulação.
– Nesses casos de degeneração grave, o ácido hialurônico não está indicado porque ele não vai melhorar – afirma o médico ortopedista Tiago Lazzaretti Fernandes.
O tratamento da artrite reumatoide deve envolver, inclusive, acompanhamento com reumatologista, já que é uma condição inflamatória crônica.
Como o ácido hialurônico funciona no organismo
Quando se usa a infiltração com o ácido hialurônico para complementar um tratamento, ocorre uma ajuda mecânica ao processo de lubrificação das superfícies articulares e também na absorção do impacto, além de haver uma propriedade biológica para nutrir as células da cartilagem, para elas poderam voltar a funcionar.
– As revisões sistemáticas sérias sobre essa substância nas articulações relatam que existe evidência científica para a melhora da dor do joelho, por exemplo, quando comparada com uma infiltração de placebo ou soro fisiológico – conta Tiago Lazzaretti Fernandes.
Infiltração: precisa ou não de ultrassom?
A aplicação deste líquido viscoso é feita pela injeção dentro da articulação, chamada infiltração. Ela pode ser feita ambulatorialmente ou no consultório médico.
- No caso do joelho, por exemplo, a articulação está próxima da pele e é facilmente identificada pela palpação. Por esse motivo, realizando-se a técnica correta, o uso do ultrassom não é obrigatório.
- Já para articulações como o quadril, que são mais profundas, o uso de ultrassom ou outra técnica por imagem é necessária.
O procedimento é realizado com assepsia local e colocação de campos estéreis, uso de luvas, seringas e agulhas. Após a infiltração, é feito um pequeno curativo na pele no ponto de entrada da agulha. A realização do procedimento, após os cuidados de antissepsia e assepsia e o preparo dos materiais, é relativamente rápida.
Depois de quanto tempo posso voltar a fazer exercícios?
Após a infiltração, o paciente deve ficar em repouso de suas atividades físicas e esportivas durante uma a duas semanas, principalmente se o joelho estiver mais reacional (inchado e com dor na movimentação).
– Paralelamente à infiltração, a fisioterapia é determinante para obtermos analgesia, ação anti-inflamatória necessária para iniciar programa de reequilíbrio muscular, que irá proteger a articulação e contribuirá para melhora da função articular – explica Sérgio.
Atenção: pode ter efeitos colaterais
Apesar de o ácido hialurônico ser uma molécula já presente na articulação e ter efeitos protetores, não sendo prejudicial para a cartilagem ou para a articulação, dependendo da formulação podem ocorrer eventos adversos. Entre eles:
- Sinovite, que é a inflamação da membrana sinovial;
- Inflamação da articulação por uma reação alérgica;
- Hipersensibilidade à medicação;
- Além disso, apesar de apresentar um baixo risco, todo procedimento minimamente invasivo pode causar infecção de pele e da articulação.
Em quanto tempo deve ser realizada uma nova aplicação?
O efeito esperado da injeção do ácido hialurônico, quando bem indicada, a depender do correto diagnóstico e da classificação do grau da lesão, é de seis a 12 meses de alívio dos sintomas.
– A partir do momento em que o paciente sentir dores novamente, entre seis meses a um ano ou mais, ele pode realizar novamente a infiltração. Não recomendo realizar infiltração se não estiver sentindo dores. Lembrando que o organismo vai reabsorvendo o ácido hialurônico injetado. E esse tempo de absorção é individual e não depende se a pessoa faz mais ou menos atividade física – acrescenta Tiago Lazzaretti Fernandes.
Após a aplicação a dor voltou: o que fazer?
Torna-se importante ressaltar que o efeito da infiltração varia de pessoa para pessoa, e caso o efeito esperado mínimo não seja atingido e o paciente volte a sentir dor novamente em dois meses, por exemplo, uma nova infiltração não está recomendada. Devem ser realizadas novas investigações e conversas com o médico sobre outras possibilidades de tratamento, podendo ou não envolver cirurgias.
– Nos casos de artrose avançada, a infiltração não trará grandes benefícios, pois na presença de degeneração articular importante, o tratamento cirúrgico pode ser necessário, como uma osteotomia ou prótese no joelho. E isso vai variar de acordo com o grau de acometimento, ou seja, de acordo com o desgaste articular – conclui Sérgio Rocha Piedade.
Fonte: Assessoria de Imprensa
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