A medicina científica baseada em pesquisas tem aproximadamente 200 anos, incluindo-se a veterinária e odontologia. Antes, a medicina era repleta de opiniões e crenças, tal como ainda se faz na religião e política. Os tratamentos pareciam bruxarias e curandeirismo como as sangrias e ingestão de metais pesados tóxicos. A ciência baseia-se no método de Descartes e por isto que a medicina alternativa é muito criticada.
O fato da prática da medicina alternativa ser aceita e paga pelos serviços do SUS ou ser reconhecida como especialidade pelo Conselho Federal de Medicina não lhe dá qualquer conotação científica, como ocorre com a acupuntura, fitoterapia, ortomolecular, quiropraxia, cromoterapia e outras. Os conselhos estão associados legitimamente com o exercício profissional e representam interesses corporativos.
O conhecimento científico pelo método aplicado às práticas da medicina alternativa não tem resultados coerentes e são atribuídos ao efeito placebo. Na ciência opiniões, crença, achômetro, nome famoso, posição social, prêmio recebido e medalhas honoríficas não são importantes. O que vale são fatos comprovados por métodos que possam ser repetidos em qualquer lugar sob as mesmas condições.
O mundo foi construído, em sua maior parte, por conhecimentos empíricos, aleatórios na base da tentativa de acerto e erro. Muitas vidas foram sacrificadas e sofrimentos gerados. De início, a roda e a aspirina não foram cientificamente obtidas. Algo que não é cientifico, não significa que é ilegal, imoral e não praticável, apenas não foi comprovado pelo método cartesiano.
Para fundamentar uma discussão sobre a medicina alternativa precisa ser imparcial, sem paixões e ter um mínimo de cultura científica. Muitas coisas e práticas eram inicialmente empíricas e depois a ciência comprovou ser efetivas. A vida é um constante aprender, desaprender e reaprender: em todos os dias. Isto inclui modos de vida, educação, elegância, senso de oportunidade e meios adequados de se interagir com o próximo no dia a dia e mídias sociais. As vezes, nas discussões, as pessoas perdem a linha e são grosseiras.
Três livros com muitos aspectos sobre a medicina alternativa. 1) Em “Você acredita em mágica? O sentido e a falta de sentido da medicina alternativa”, o infectologista pediátrico Paul Offit critica de forma incisiva a prática das crenças absurdas que sabotam a saúde pública. 2) Em “Ciência charlatã: a verdade sobre a medicina complementar e alternativa”, o bioestatístico Barker Bausell relata sua missão em avaliar estas práticas para o Instituto de Saúde Estadunidense (NIH) por cinco anos e concluiu que não funcionam e seus efeitos são placebos. 3) No terceiro livro “Truque ou tratamento?”, Simon Singh e Edzard Ernst analisam detalhadamente a medicina alternativa.
Os dois princípios da homeopatia criados por seu fundador Samuel Hahnemann (1755-1843) ainda não foram cientificamente comprovados por publicações nas grandes revistas. O primeiro diz que coisas semelhantes são curadas por semelhantes e o segundo, que a eficácia dos produtos aumenta com a diluição. Metodologicamente é impossível, dentro do que sabemos, que estes princípios funcionem. Acreditar e opinar tem a ver religião e política. O fato de não ter coerência não significa que seja ilícito ou deva ser condenado, mas simplesmente não é científico!
O efeito placebo funciona para cefaleia, dores, insônia, náusea, depressão e outros quadros, mas não para câncer, cárie, infecções, doenças periodontais e intoxicações. Em 2005, na prestigiosa “The Lancet”, analisou-se 110 trabalhos clínicos duplos cegos criteriosos publicados, envolvendo produtos homeopáticos e placebos: concluiu-se que não havia diferença entre as duas formas de se tratar doenças.
Mesmo que um fato não seja comprovado cientificamente não o desmereço e defendo o direito de se exercitado dentro do princípio de que tudo seja explicitado e não afete o direito e a integridade dos que vivem juntos, tal como diz Raul Seixas na música Sociedade Alternativa: todo homem e toda mulher é uma estrela!
OBSERVATÓRIO
Contrários? Quando a prática médica não se baseia em evidências científicas recebe o nome de medicina alternativa. Hipócrates (460-370 a.C), pai da medicina, dizia que a cura das doenças se dá tratando-as com agentes contrários as suas causas: esta medicina é conhecida como alopata. O criador da homeopatia afirmava que a cura das doenças deve vir pela ação de agentes semelhantes e diluídos.
Quais? São “medicina alternativa”: acupuntura, aromaterapia, arteterapia, auriculoterapia, ayuryeda, biodança, cromoterapia, fitoterapia, florais de Bach, homeopatia, iridologia, medicina natural, magnetoterapia, ortomolecular, musicoterapia, quiropraxia, reflexologia, reiki e tratamento espiritual. A medicina alternativa é remunerada pelo SUS desde portaria 971 de 2006 do Ministério da Saúde.
Texto: Alberto Consolaro
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