Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), as vacinas salvam por ano de 2 a 3 milhões de pessoas no mundo. Não é à toa que elas estão entre as maiores descobertas da ciência. Para pessoas que convivem com doenças autoimunes, como as doenças reumáticas, a vacina se torna ainda mais importante, já que as infecções são a principal causa de mortalidade para essas pessoas.
Isso acontece porque o sistema imunológico de quem tem doença reumática pode apresentar comprometimento, ou o próprio medicamento usado no tratamento pode levar à imunossupressão. “O sistema imunológico é o nosso sistema de defesa. Logo, se ele está comprometido e não está agindo na sua força total, essa pessoa fica mais vulnerável a ter qualquer infecção, que pode evoluir com complicações, assim como acontece na gripe e com a Covid-19. As vacinas são a nossa principal proteção contra esses agentes infecciosos, como os vírus e bactérias”, explica Gecilmara Salviato Pileggi, médica reumatologista e coordenadora da Comissão de Doenças Endêmicas e Infecciosas da Sociedade Brasileira de Reumatologia.
De olho nisso, o Programa Nacional de Imunizações (PNI), por meio dos Centros de Referência para Imunobiológicos Especiais (CRIE), oferece alguns grupos especiais de pacientes, principalmente aqueles com doenças crônicas e que tem imunossupressão, o acesso à vacinas que são especialmente recomendadas de acordo com o tipo ou grupo de doenças.
Para quem convive com as doenças reumáticas, há vacinas essenciais e orientações importantes sobre como devem ser feitas as aplicações. Deve-se planejar com o médico o melhor momento para vacinar com segurança e garantia de uma boa resposta. Geralmente, o médico reumatologista avalia se a doença está em atividade e se o paciente está em uso de imunossupressores, além de outros fatores.
Conheça as vacinas recomendadas para quem tem doença reumática
De acordo com Dra Gecilmara, as vacinas previstas no Programa Nacional de Imunizações (PNI) são importantes e recomendadas para todas as pessoas. Contudo, há vacinas especialmente recomendadas que previnem doenças que podem levar a complicações de saúde, como a da gripe, pneumonia e HPV. Estas não estão disponíveis para todas as pessoas da população e o paciente só terá acesso pelos CRIEs.
De olho nisso, a Sociedade Brasileira de Reumatologia destaca as vacinas especialmente recomendadas e orienta sobre como deve ser feito o esquema de vacinação. Entre as vacinas estão a da influenza, a da Hepatite A e B, a do HPV, a meningocócica, a pólio inativada, haemophilus influenzae b e a pneumocócica, que previne complicações causadas pela bactéria Streptococcus pneumoniae ou pneumococo responsável por manifestações como meningite, sepse, otite e pneumonia.
Em março deste ano, o PNI estendeu a oferta da vacina contra HPV nos CRIE para mulheres imunossuprimidas de até 45 anos, por conta da maior suscetibilidade à infecção pelo vírus e complicações. Para ter acesso a essas vacinas, o paciente deve levar o pedido médico em mãos e procurar o CRIE mais próximo da sua região. Clique aqui para conferir os endereços dos CRIE no país. (https://familia.sbim.org.br/images/files/lista-cries.pdf)
Atenção às vacinas com componentes atenuados
Quem convive com as doenças reumáticas por ter comprometimento no sistema imunológico deve ter atenção às vacinas que possuem vírus ou bactérias vivos. “A pessoa com o sistema imune mais debilitado pode vir a desenvolver a infecção que a vacina pretende combater, como se tivesse tido contato direto com o vírus ou a bactéria. Por isso que essas vacinas com componentes atenuados precisam ser planejadas com cuidado em quem tem imunossupressão”, explica Dra Gecilmara.
As vacinas que merecem atenção especial antes de serem aplicadas em pacientes reumáticos são: a da febre amarela, sarampo, pólio oral, caxumba e rubéola, varicela, herpes zóster e dengue.
No entanto, é importante destacar que essas vacinas não são proibidas e podem ser aplicadas nos pacientes com doenças reumáticas, porém com planejamento. “É importante que o paciente converse com seu médico para planejar o momento ideal de tomar a vacina, que é quando a imunossupressão está baixa, a doença de base controlada e que se possa suspender temporariamente a medicação, sempre sob supervisão médica”, explica a reumatologista.
Cuidados especiais com a vacina contra a Covid-19
Seguindo o calendário de vacinação proposto pelo Ministério da Saúde, os pacientes com doenças reumáticas devem se vacinar contra a Covid-19 e fazem parte do grupo prioritário. Em relação às demais vacinas, é importante aguardar o intervalo de no mínimo duas semanas após a vacina contra Covid-19 para se imunizar. “Precisamos observar se há reação à vacina e fazer essa diferenciação entre uma e outra para que não haja erros de interpretação caso haja alguma reação. Em relação às outras vacinas não há necessidade de intervalo, como, por exemplo, a da gripe e a pneumocócica, que podem ser aplicadas juntas”, conta Dra Gecilmara.
Mesmo vacinados, pacientes devem manter cuidados
Por conta do comprometimento do sistema imune no paciente reumático, há a possibilidade da vacina não ter a resposta esperada, que é garantir a proteção completa contra a doença. De olho nisso, é importante manter os cuidados e todas as medidas protetivas, mesmo após receber as vacinas. Esses cuidados devem ser redobrados em relação à vacina contra Covid-19.
“Ainda estamos estudando os efeitos da vacina. Sabemos que alguns pacientes podem ter o efeito de 50 a 70% da vacina. Por isso, é importante manter as medidas protetivas para não se exporem ao vírus, pois não sabemos como será a resposta da vacina e se o paciente irá desenvolver a proteção 100%”, destaca a reumatologista.
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