As doenças crônicas são um dos principais desafios de saúde pública no Brasil, com impactos na qualidade de vida e nos serviços de atendimento. Dentre essas doenças estão: obesidade, câncer, doenças vasculares, hipertensão arterial, doenças respiratórias, diabetes e doenças mentais, que são responsáveis por mais de 75% das causas de morte no país, segundo dados do Ministério da Saúde.
O Fórum de Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNTs), que busca por meio do compartilhamento de conhecimento criar soluções efetivas de prevenção e tratamento de doenças crônicas, discutiu durante o decorrer do ano essas doenças, seus impactos, suas principais formas de tratamento e prevenção e as consequências da pandemia sobre as DCNTs. A seguir, destacamos alguns dos principais eixos discutidos e apresentado pelo Fórum ao longo de 2021:
Saúde Mental
No mês de setembro, a campanha “setembro amarelo” evidenciou doenças mentais e a prevenção ao suicídio que apesar da queda de seus números observados pela Organização Mundial da Saúde (OMS) entre os anos 2000 e 2019, apresentou um aumento de 17% em países das Américas durante o mesmo período. No Brasil, segundo o Ministério da Saúde, o aumento foi de 30% no mesmo período, sendo as principais vítimas jovens, que em 2000 representavam 3,52% dos casos e em 2019 somaram quase o dobro e subiram para 6,36% dos casos.
De forma geral, a pandemia impactou diretamente no tratamento e acompanhamento médico de todas as doenças crônicas não transmissíveis. Contudo, para a saúde mental a pandemia se apresentou como um desafio extra. “Todas as DCNTs foram negligenciadas. Porém, agora com a retomada gradual das atividades é esperado que as pessoas retornem às consultas médicas, ajustem seus tratamentos e apostem em hábitos saudáveis, que irão permitir prevenir DCNTs e suas complicações, além de melhorar a qualidade de vida”, explica o Coordenador do FórumDCNTs e Doutor em Fisiologia Humana pela USP, Dr. Mark Barone. Entretanto, segundo o próprio Barone, como a saúde mental lida com muitos estigmas e tabus, tratar deste tema e convidar as pessoas para refletir sobre o assunto é muito importante. “Uma vez que é possível que a população deixe de buscar o tratamento mais adequado por preconceito”.
Dor Crônica
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), 30% da população mundial sofre com alguma dor crônica. Por não estar necessariamente associada a uma outra enfermidade, é muito mais difícil compreender, tratar e diagnosticar. Em alguns casos pode ser indício de que há disfunções no sistema nervoso ou nas fibras nervosas do membro afetado. Está também associado a outras doenças crônicas, como artrite reumatoide, artrose da coluna ou nos joelhos, fibromialgia, hérnia, diabetes ou câncer.
Uma pessoa com dor crônica pode apresentar cansaço, distúrbio de sono, falta de apetite, perda de paladar, diminuição na libido, constipação, entre outros. Seu tratamento pode variar de acordo com a dor, local e a sua intensidade, pode ser indicado tratamentos fisioterapêuticos, medicamentos para ajudar a aliviar os sintomas e, em casos específicos, intervenções cirúrgicas.
O Coordenador do FórumDCNTs aponta que: “a dor crônica é altamente incapacitante. Ela impacta na saúde física e mental. Além dos obstáculos que a pessoa enfrenta, muitas vezes ela ainda tem que lidar com a dificuldade de encontrar profissionais e serviços especializados”.
Projeto 3S
Sabe-se que o risco de doenças crônicas é bem maior quando hábitos como a prática de exercícios físicos e o consumo de alimentos saudáveis não está presente no dia a dia da população. Buscando uma forma de alterar esse cenário foi apresentada uma proposta de reforma tributária chamada 3S ao Congresso Nacional.
O Projeto 3S busca criar um ambiente saudável, sustentável e solidário para a sociedade e tem como foco promover a redução do consumo de produtos que fazem mal à saúde e ao meio ambiente. A proposta segue o modelo semelhante à política de preços e impostos de tabaco adotada há 10 anos, ou seja, aumentar os impostos sobre produtos que fazem mal à saúde e ao meio ambiente, dentre eles: refrigerantes, bebidas alcoólicas e agrotóxicos. Dessa forma podendo incentivar uma mudança de hábito e de estilo de vida, o que contribui para a redução do consumo nocivo de bebidas alcoólicas, da obesidade e de outras doenças crônicas causadas, em grande parte, pelos hábitos não saudáveis.
A expectativa do impacto positivo na saúde representa uma esperança aos especialistas. “Assim como outros países já têm se beneficiado com medidas semelhantes, esperamos que essa proposta para a reforma tributária seja acatada, a fim de impactar positivamente a vida das pessoas pelo tripé: redução da desigualdade, promoção da saúde e do meio ambiente”, explica o Coordenador do FórumDCNTs, Dr. Mark Barone.
O cenário das doenças crônicas é preocupante em todo o país e, por esse motivo, levantar debates sobre essas doenças e seus impactos é um importante passo no processo de combate das DCNTs. O FórumDCNTs é um grande facilitador desses debates e busca trazer mudanças significantes nesse cenário.
Fórum de Doenças Crônicas Não Transmissíveis (FórumDCNTs)
O FórumDCNTs é uma inciativa que tem como proposta reunir lideranças dos setores público, privado e terceiro setor para o combate à principal causa de mortes precoces no país, as doenças crônicas não transmissíveis. Através de suas plataformas digitais e reuniões semestrais seus objetivos são por meio do compartilhamento de conhecimento criar soluções efetivas de prevenção e tratamento de doenças crônicas.
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