Na última quinta-feira (25), o Ministério da Saúde confirmou as duas primeiras mortes pororopouche. Trata-se dos primeiros registros de óbitos conhecidos até o momento.
Na semana anterior, a pasta divulgou uma nota relatando preocupação com os possíveis riscos para grávidas pela infecção do oropouche, com possibilidade de danos ao feto. E, na quinta (18), a Opas (Organização Pan-Americana de Saúde), ligada à OMS, emitiu um alerta para novos casos na América Latina. Mas é motivo para preocupação? Podemos ter uma nova epidemia? É sobre isso que falo na edição de hoje.
ALERTA PARA O OROPOUCHE
A febre oropouche é uma doença viral transmitida principalmente por mosquitos do gênero Culicoides paraensis (diferente do Aedes, transmissor da denguee chikungunya).
O vírus oropouche é endêmico em algumas regiões da América Latina, especialmente na Amazônia. A doença se manifesta com sintomas que podem incluir febre alta, dor de cabeça intensa, dores no corpo e nas articulações e, em alguns casos, erupções cutâneas.
No último sábado (20), pesquisadores da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) divulgaram uma investigação de quatro mortes suspeitas relacionadas à febre oropouche na Bahia. Esses casos acendem um sinal de alerta para a necessidade de reforçar a vigilância e as medidas de controle, especialmente em áreas endêmicas e regiões densamente povoadas.
TRANSMISSÃO VERTICAL
Além disso, tanto o Ministério da Saúde quanto a Opas, ligada à OMS (Organização Mundial da Saúde), investigam casos de transmissão vertical do oropouche da mãe para o bebê, o que pode acarretar em riscos no desenvolvimento fetal, incluindo microcefalia.
- ! Relembre: a microcefalia é uma condição em que o cérebro do bebê não se desenvolve adequadamente, resultando em uma cabeça menor do que a média. Casos foram notificados no Brasil entre 2015 e 2016 quando o país vivia uma epidemia de zika.
COMO SE PREVENIR
Como toda arbovirose (infecção transmitida por mosquitos), a principal forma de prevenção da oropouche é o combate ao inseto. Veja abaixo algumas dicas para evitar a transmissão:
- Eliminação de criadouros: assim como contra o Aedes, o combate ao Culicoides se dá pela remoção de qualquer foco de água parada em recipientes como vasos de plantas, pneus velhos e outros locais que possam servir de local para reprodução do inseto;
- Repelentes: aplicar repelentes de insetos nas áreas expostas da pele e nas roupas pode reduzir o risco de picadas de mosquitos;
- Dentro de casa: a instalação de telas em portas e janelas, além de mosquiteiros em camas e redes de dormir pode impedir a entrada dos insetos;
- Atenção para os sintomas: se você mora em uma área endêmica para oropouche, fique atento a sintomas como febre, dor de cabeça e dores no corpo, e procure atendimento médico em caso de suspeita.
HÁ RISCO DE EPIDEMIA?
Embora seja uma doença emergente, com potencial risco para a saúde pública, o país registrou, até o momento, 7.044 casos, sendo a maioria na região da Amazônia –onde é considerada endêmica.
Foram detectados casos no Acre, Amapá, Amazonas, Bahia, Espírito Santo, Maranhão, Mato Grosso, Minas Gerais, Pará, Pernambuco, Piauí, Rio de Janeiro, Rondônia, Roraima, Santa Catarina e Tocantins. Antes, eles ficavam restritos ao Norte do país.
Outro ponto importante é ampliar a comunicação dos riscos e das medidas preventivas individuais através de campanhas de conscientização e divulgação de orientações das autoridades de saúde. Manter-se informado e agir rapidamente em caso de surtos pode fazer a diferença na contenção do vírus.
CIÊNCIA PARA VIVER MELHOR
Novidades e estudos sobre saúde e ciência
Infecção pré-natal de zika causa danos imunológicos de longo prazo. De acordo com uma pesquisa da Cleveland Clinic (EUA) em parceria com a Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz), publicada no periódico eBioMedicine, uma infecção durante a gestação pelo zika vírus pode provocar alterações imunológicas no feto que podem ter efeitos no sistema imunológico no longo prazo. O estudo avaliou amostras de sangue de bebês de mães que tiveram o vírus, e viu que os problemas podem persistir até dois anos após a infecção.
Vacinação contra a dengue no Paraná reduz infecções em quem já teve a doença. Em um estudo de eficácia na vida real (quando a vacina é aplicada na população), pesquisadores da Escola de Saúde Pública da USP em parceria com a farmacêutica Sanofi viram que a imunização em massa contra a dengue no Paraná em pessoas de 15 a 27 anos que já tiveram a doença reduziu drasticamente os novos casos do vírus em 2019 e 2020. O estudo avaliou a efetividade da vacina Dengvaxia, aprovada em 2015 e indicada somente para pessoas que já tiveram dengue com idade entre 9 e 45 anos. O artigo foi publicado na revista The Lancet Regional Health: Americas.
Fonte: Folha de S.Paulo
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