Depoimento Ana Lúcia Paduello – Paciente de esclerose sistêmica com diagnóstico em 2002
Assim que iniciou o tratamento teve perdas de dentes e com isso a abertura do sorriso foi diminuindo. Mas ela deu preferência a cuidar da doença em si, buscar a remissão antes de verificar as questões odontológicas. Sendo o último profissional que profissional que procurou.
Antes de tentar realizar o sonho do implante a paciente tentou outras opções como a prótese removível, mas devido a microstomia era muito difícil retirar e colocar a prótese e por isso não se adaptou. Ela contou que houve bastante dificuldade em encontrar um profissional que entendesse as limitações que a esclerose sistêmica impõe para ela. E que foi preciso o auxílio de múltiplos profissionais para que fosse possível a realização do procedimento.
“Eu vivi um período da minha vida que eu tinha vergonha de sorrir. As pessoas me julgavam que eu era desleixada, porque minha boca faltava dente. E eu observava o sorriso das pessoas e eu ficava acanhada com vergonha de sorrir. Eu sei que o implante não é fácil, não é para qualquer pessoa, porque o acesso é difícil. Não é um tratamento barato, mas é um tratamento possível. Existe tratamento no SUS, existe como fazer esses implantes nas faculdades. Mas até mesmo para o dentista comum, para a população de baixa renda, para quem tá na ponta e para nós ainda muito mais, uma população periférica, preta, é muito difícil a gente ter acesso a esse tipo de tratamento. Eu me considero uma pessoa privilegiada, uma pessoa que teve uma dificuldade muito grande, principalmente por ter microstomia. Inicialmente eu passei por vários profissionais que eles querem enfiar uma moldeira normal dentro da boca de uma pessoa que tem esclerose sistêmica e a moldeira não entra. Ter um profissional que tenha um equipamento de scanner, com uma ponta pequena, que pode fazer todo o escaneamento para você é muito mais fácil do que ter que colocar aquela moldeira e tirar, cortar a boca. Porque já aconteceu comigo. É possível fazer implante sim. É barato? Não. É possível que você encontre profissionais que tenha a vontade maior de que você encontre qualidade de vida e que você recupere as suas funções sim. Mas você precisa, assim como com o médico, confiar no profissional e o profissional precisa ter empatia com você e que vocês juntos tracem o plano de trabalho. E que você vai conseguir chegar ao sonho que eu consegui de reabilitar e ter o meu sorriso de volta”.
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