Nós, pacientes costumamos colocar toda a culpa do fracasso do tratamento no médico. Para muitas pessoas com AR, o médico é sempre o vilão da história, “o médico não passa o remédio certo, o médico não entende nossa dor, o médico não compreende o que eu falo”, essas são reclamações típicas de pacientes que não estão bem consigo mesmo e que geralmente não estão evoluindo positivamente no tratamento médico. Às vezes, podemos ter a infelicidade de não ter um bom relacionamento com o médico, porém, culpar o médico por não é legal.
Gerenciar a nossa vida com AR requer de nós atitudes proativas, é necessário nos entender primeiro, para depois nos fazer ser entendido. Precisamos estabelecer uma comunicação direta e sem viés com o médico, a tomada de decisão, não cabe somente ao médico, a tomada de decisão deve ser compartilhada. Por exemplo, se o médico te prescreve um medicamento que será tomado várias vezes por dia, e que de certa forma será desconfortável ter que ficar o dia todo controlando horário de comprimido, podemos sugerir ao médico que será difícil ser aderente a este tratamento, pois terá momentos que o horário de tomar o remédio não seja possível.
Quando falamos em decisões compartilhadas entre médicos e pacientes é justamente isso, explicar para o médico a nossa realidade, rotinas do dia a dia, para juntos pensarem sobre qual o melhor tratamento medicamentoso ou complementar que melhor se enquadra dentro das nossas necessidades.
Muitas vezes, aceitamos uma decisão médica sem refletir em conjunto e depois isso reflete em não “aderência” e quase sempre o médico não é comunicado pelo paciente da dificuldade de aderir aquele tratamento. Eu lembro de uma ocasião que foi prescrito um medicamento modificador do curso da doença, em que era necessário tomar 06 comprimidos, todos os dias pela manhã, na primeira semana eu tomei sem reclamar, pois estava convicta, que os dias iriam passar e eu me acostumaria com o tamanho gigante e com o gosto horrível que tinha os comprimidos, (que são fornecidos pelo SUS e não tinham revestimento), eu tentei, tatear esses comprimidos durante um mês, chegou um momento em que eu olhava de manhã para o comprimido e tinha náuseas e tomar aquele comprimido foi se tornando uma tortura, o comprimido de fato, estava diminuindo meus sintomas da AR, mas meu psicológico não estava aceitando, após 5 semanas de tentativa, eu comuniquei o médico sobre o meu desejo de trocar de medicamento, não porque não tinha efeito sobre a doença, mas porque, eu não me adaptei. Coisas deste tipo expressam a importância da decisão compartilhada. Nós, pacientes precisamos expressar as nossas necessidades para que os médicos possam nos ajudar a encontrar o melhor e mais aderente tratamento medicamentoso ou não para a Artrite Reumatoide.
Aliás, nada por nós, sem nós! Compartilhe das decisões com seu médico, se envolva, participe, nunca deixe o consultório com insatisfação ou inseguranças.
Texto original na minha coluna, no Blog Viva bem com Artrite Reumatoide.
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