Todas as consequências da doença provocada pelo novo coronavírus ainda não são conhecidas, mas já há casos no país de pacientes que seguem fazendo hemodiálise após apresentarem insuficiência renal aguda, gerada pela doença
Passados quatro meses desde os primeiros pacientes apresentarem quadro grave por infecção pelo novo coronavírus no Brasil, já há no país alguns casos de pessoas que não recuperaram o funcionamento normal dos rins após a Covid-19 e seguem fazendo a terapia de hemodiálise em clínicas especializadas.
Juliana Aparecida, 31 anos, era hipertensa, fazia exames anuais para controlar possíveis danos ao organismo pela pressão alta, e seus rins funcionavam normalmente. Mas desde abril a vida dela mudou. Após contrair Covid-19, Juliana teve uma lesão renal aguda, ficou internada 31 dias numa unidade intensiva e 10 no quarto e desde quando obteve alta, passou a fazer hemodiálise três vezes por semana.
“Eu tinha sobrepeso, ficava um pouco inchada, mas nada indicava um problema renal. Todos os anos, fazia exames de acompanhamento por causa da pressão e nunca tive nada nos rins. Ao que tudo indica, estou com uma sequela. E não sei se voltarei a ter os meus rins funcionando normalmente”.
De acordo com a Sociedade Americana de Nefrologia, cerca de 30% dos pacientes internados em ambiente de terapia intensiva precisam de hemodiálise. Por conta da instabilidade do quadro clínico e por não suportarem acúmulo de líquido no organismo, muitos pacientes precisam de um tratamento chamado de “diálise contínua”, pelo qual se fica com o rim ligado à máquina 24h por dia.
A gerente Nacional de Serviços Hospitalares da Fresenius Medical Care, a médica nefrologista, Lectícia Barbosa Jorge, ressalta que no Brasil, os locais com UTI de Covid-19 fazem o dobro de diálise que costumam ser feitas em pacientes internados em leitos intensivos por outras enfermidades.
“Com relação às terapias contínuas, quadriplicou o número de pacientes. Os rins de alguns pacientes, sobretudo os que já possuem alguma comorbidade, têm sofrido uma tormenta de citocinas e temos visto ataques dos vírus em diferentes partes do tecido renal. Temos que individualizar as terapias, porque cada pessoa tem tido lesão em diferentes níveis. Há vários fatores envolvidos”.
A maior preocupação hoje dos médicos é quantos desses pacientes que se recuperaram da infecção pela Covid-19 permanecerão com disfunção renal, necessitando ou não de hemodiálise. “É esperado que a lesão renal aguda cesse após a melhora clínica do paciente, mas hoje não está ocorrendo para todos os casos. Pessoas com comorbidades, como diabetes e hipertensão, estão apresentando menor chance de recuperação.
Há doentes ficando com sequelas, se tornando renais crônicos, com perda de proteínas pelos rins. “Mesmo não estando dialíticos, ou seja, não precisando mais fazer a diálise, alguns doentes têm que ficar em tratamento conservador ambulatorial com nefrologistas”, explica a doutora.
O paciente Luís Henrique da Costa, de 60 anos, passou três meses internado fazendo diálise, depois fez a terapia por mais 45 dias em clínica, e agora comemora o término da diálise. “Eu tenho diabetes, mas nunca tive problemas nos rins. Foi difícil pensar que poderia ficar com esta lesão grave para sempre. Estou muito aliviado em começar a recuperar meus rins. Agora faço acompanhamento”.
Mais de 130 mil pessoas fazem diálise no país, cerca de 800 clínicas distribuídas de forma desigual, concentradas em grandes centros urbanos e, sobretudo, nas regiões Sul e Sudeste, de acordo com o último censo da Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN). “Regiões como Norte e Nordeste, que tiveram muitos casos de coronavírus por milhão de habitantes e consequente aumento dos quadros de insuficiência renal, são sabidamente muito carentes de alternativas para o tratamento dialítico para quem se torna crônico”, afirma a nefrologista Lectícia Jorge.
Um doente renal crônico precisa ir à clínica de diálise de três a cinco vezes por semana para receber o tratamento que lhe garante a vida.
Levantamento da Aliança Brasileira de Pacientes Renais e Transplantados (Abrasrenal) indica que pelo menos cinco mil novos brasileiros são diagnosticados com insuficiência renal por ano, precisando de diálise, sem que a oferta da terapia no SUS cresça na mesma proporção.
“Esse dado não contempla a realidade da Covid-19. Se já existia um gargalo de acesso ao tratamento, imagine com os efeitos pós-pandemia”, alerta a médica Lectícia Jorge.
Outra preocupação é que muitos pacientes renais estão adiando consultas e exames por conta das medidas de distanciamento social e medo de contaminação.
“A doença renal não pode esperar. Se ela não for tratada precocemente, pode ter uma evolução desfavorável, como necessidade irreversível de diálise ou mesmo óbito. Ainda não se consegue mensurar o real impacto do adiamento de consultas e exames, mas doenças graves, como lúpus, nefropatia diabética, entre outras, estão hoje escassas nos hospitais e custo a acreditar que elas reduziram na Covid-19. Ainda não estamos vendo as consequências, mas, em algum momento, creio que esse impacto também chegará ao sistema de saúde”, analisa a especialista.
Sobre a Fresenius – É líder mundial de produtos e serviços para pessoas com doenças renais, das quais cerca de 3,4 milhões de pacientes em todo o mundo passam regularmente por tratamento dialítico. Por meio de uma rede de 4.000 clínicas, a empresa oferece tratamento de diálise a 342 mil pacientes em todo o mundo. A multinacional é também líder na fabricação de produtos para diálise, como máquinas e dialisadores, e está listada na Bolsa de Valores de Frankfurt (FME) e na Bolsa de Nova York (FMS).
A Fresenius Medical Care está presente no Brasil há mais de 20 anos. No país, são mais de 3.000 colaboradores, uma fábrica localizada em Jaguariúna (SP) e outra em Campo Mourão (PR), duas bases operacionais de serviços de nefrologia hospitalar e 35 clínicas de diálise, sendo responsável por mais de 1 milhão de tratamentos por ano.
Fonte: Assessoria de imprensa.
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