A artrite reumatoide é uma doença que acomete as articulações e provoca dor, inflamação e rigidez nas áreas afetadas. Essa condição exige acompanhamento médico e tratamento continuado. Neste artigo falaremos sobre meios de controle da artrite e a importância destes para a qualidade de vida dos pacientes.
Diagnóstico e controle da artrite
O diagnóstico é o ponto de partida para o controle da artrite.
O exame físico e a entrevista do paciente (anamnese) durante a consulta são os principais recursos do reumatologista. Com eles, o especialista tem um panorama do quadro apresentado e, sendo necessário, poderá pedir exames laboratoriais complementares.
Uma vez tomadas essas providências iniciais, a contenção da doença dependerá de uma análise caso a caso e será específico diante de cada realidade.
Isso porque os sintomas, que incluem dor, rigidez, fadiga e perda de apetite variam de pessoa a pessoa, assim como as articulações afetadas.
Por isso, se você sente dores em duas ou mais juntas há algum tempo, rigidez matinal e inchaço/inflamação, convém procurar um especialista e esclarecer a questão.
Não tenha medo ou vergonha de relatar todos os sintomas e incômodos ao seu médico, porque isso será de grande auxílio não só no diagnóstico como também no controle da artrite.
Existe cura?
Infelizmente, até o momento não há cura para essa patologia, que afeta 1% da população, atingindo especialmente mulheres e idosos.
No entanto, os meios de controle da doença evoluíram muito nos últimos anos e, além de alívio da dor, há medicamentos específicos para conter a progressão da doença.
Mas os remédios não são (e nem devem ser) a única via: a abordagem adequada é multifatorial. A alimentação e o estilo de vida do paciente devem ser ajustados com vistas à promoção de uma qualidade de vida e bem-estar geral.
Aqui, propomo-nos a conversar um pouco sobre cada um desses tópicos, a fim de lhe oferecer uma visão mais ampla das formas de controle do problema.
Controle da artrite: medicamentos
Quem convive com a artrite sabe que um dos sintomas mais incômodos é, sem dúvida, a dor. Geralmente de moderada a severa, ela pode se tornar de difícil administração. O alívio da dor é, por isso, um dos aspectos mais essenciais no controle da artrite.
Todavia, as pessoas acometidas pela artrite reumatoide sofrem, também, com a inflamação e rigidez nas articulações atingidas, além de possíveis deformidades.
Por isso, a contenção da doença através de medicamentos deve atacar os sintomas por todas as frentes.
O tratamento medicamentoso frequentemente envolve analgésicos comuns (como o paracetamol), anti-inflamatórios não esteroides (diclofenaco de sódio e ibuprofeno, por exemplo), inibidores seletivos de COX-2 e neuro moduladores.
Na prática, os neuro moduladores são imunossupressores, e atuam na causa, sendo muito indicados para o controle da artrite. Como sabemos, esta patologia é provocada por uma espécie de confusão dos anticorpos: ao invés de atacar apenas corpos estranhos (os antígenos), eles começam a destruir as células sinoviais, presentes nas juntas.
Em adição a este tratamento padrão, são utilizados também relaxantes musculares e antidepressivos. Dependendo do grau de dor vivenciado pelo paciente, medicamentos opioides (morfina) ou equivalentes (tramal, codeína, entre outros) podem se mostrar necessários.
Mas, apesar da diversidade de opções de remédios, em casos de estágios mais avançados da doença ou devido a especificidades do paciente, o tratamento tradicional poderá não apresentar resultados satisfatórios.
Felizmente, com os avanços da medicina, hoje contamos também com o tratamento biológico, através de infusões intravenosas.
Essa alternativa é cada vez mais utilizada pelos médicos, e se apresenta bastante eficaz no controle da artrite.
E, além de grande eficácia, essa abordagem tem, ainda, a vantagem de eliminar a ingestão oral de remédios, muitas vezes incômoda e difícil a algumas pessoas.
Todavia, como ressaltamos anteriormente, independente do estágio, o controle da doença não pode se restringir ao uso de medicamentos. É preciso uma visão multifatorial, na qual a alimentação e o estilo de vida são questões centrais.
Por isso, nos deteremos um pouco nestes pontos, visando conscientizar e esclarecer o papel de cada um deles na eficácia do tratamento e na qualidade de vida do paciente.
Visão integral no controle da artrite
Hoje em dia, sabemos que o tratamento efetivo de qualquer doença requer muito mais que medicamentos, e não é diferente quando se trata do controle da artrite.
A humanização da medicina suporta, cada vez mais, uma visão integral do paciente. Isso quer dizer que os profissionais de saúde buscam um olhar do ser humano como um todo, isto é, para além de uma doença específica. A saúde geral, a qualidade de vida e o bem-estar estão no centro das preocupações e cuidados médicos.
Mas significa, também, que nós, tanto pacientes quanto médicos, precisamos nos conscientizar da importância de uma atuação multifatorial nos tratamentos.
Portanto, não só a orientação do especialista, como também do próprio paciente, precisa ser global. Só assim ela será efetiva, tanto no controle da artrite como de quaisquer outras patologias.
A importância da alimentação
Uma alimentação saudável e equilibrada é o segredo na prevenção e cuidado de todas as condições patológicas.
As pesquisas mais recentes a respeito dos efeitos da alimentação sobre a saúde geral mostram que um corpo adequadamente nutrido é capaz de reagir melhor aos tratamentos, quando não, até mesmo de prevenir algumas doenças ou sintomas.
Na artrite reumatoide, doença eminentemente inflamatória, alimentos com componentes antioxidantes, ácidos graxos n-3, vitamina D e probióticos têm demonstrado bastante eficácia.
Assim, bananas, morangos, semente de linhaça, salmão, camarão, batata-doce, abobrinha, gengibre, alho, lentilhas, couve, abacaxi e pimentão, entre tantos outros, são excelentes pedidas no controle da artrite.
Por outro lado, há alimentos não aconselháveis, como refrigerante, carne vermelha e álcool.
Os estudos do controle da doença por meio da alimentação estão avançando significativamente e, apesar de não haver, ainda, uma dieta completa específica, alimentos também conhecidos como ¨junkie food¨ devem ser evitados por todos, com ou sem condições patológicas.
Ou seja, hoje você já pode contar com um repertório razoável de nutrientes eficazes para o controle do problema. E, com os estudos e descobertas constantes, essa lista só tende a crescer.
Estilo de vida e controle da artrite
O mito de que exercícios físicos deveriam ser excluídos da rotina de pessoas com artrite reumatoide foi derrubado já há um bom tempo. Atualmente sabemos que os esportes são não só permitidos como aliados essenciais no controle da artrite e melhora da qualidade de vida de quem lida com essa doença no seu dia a dia.
Assim, na consulta com seu reumatologista, fale abertamente sobre essa questão.
A prática de esportes previne e trata sintomas da artrite reumatoide, e atua, inclusive, na analgesia.
As pesquisas apontam que tanto as atividades de fortalecimento muscular quanto as eminentemente aeróbicas contribuem (e muito!) no controle da doença.
Os exercícios físicos trazem um aumento na mobilidade dos pacientes, uma redução da inflamação e, como dissemos acima, até mesmo um alívio da dor.
Ressaltamos, no entanto, que a orientação de profissionais especializados, como o reumatologista, nutricionista, fisiatra ou fisioterapeuta, é mais que recomendável.
O programa de exercícios adequado, sob indicação e acompanhamento médico garantirá a efetividade no gerenciamento da doença, caso a caso.
Neste artigo, tratamos do controle da artrite. Cientes de que as pessoas acometidas por esta patologia enfrentam muitos desafios, além de lidar com sintomas tantas vezes difíceis, buscamos falar um pouco de como tratar de forma eficaz a doença de natureza reumatoide.
Concluímos que o a contenção e o gerenciamento dessa patologia deve ser feito de forma multifatorial e que, tanto a alimentação quanto um estilo de vida saudável, incluindo a prática regular de esportes, são extremamente benéficos ao paciente.
Mais que isso, são, na verdade, essenciais.
Assim, esperamos ter lançado uma luz sobre o tema e cooperado com as tantas pessoas, profissionais ou pacientes, que lidam cotidianamente com o controle da artrite reumatoide.
O Dr. Marcelo Corrêa é Médico Reumatologista, formado pela Universidade Federal do Pará, com residência em Clínica Médica pela UNITAU (Universidade de Taubaté) e especialização em Reumatologia pela Universidade Federal de São Paulo (Escola Paulista de Medicina). É mestre em Reumatologia pela Universidade Federal de São Paulo, além de ex-professor do curso de medicina do Centro Universitário UNIFAMAZ.
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