Especialmente depois da chegada do coronavírus, passamos a ouvir com mais frequência o termo “comorbidade”, um dos agravantes para aqueles que contraíram a COVID-19. Mas você sabe exatamente o que ele significa?
Comorbidade é uma palavra usada para descrever a existência de mais de uma doença ou condição manifesta no organismo ao mesmo tempo. Também recebe o nome de “condições coexistentes ou multimorbidades”. De modo geral, as “co-morbidades” incluem doenças crônicas, ou seja, que não têm cura, porém, passíveis de controle. Entretanto, podem ser também questões de longo prazo, a exemplo de problemas transitórios, como o uso temporário de imunossupressores ou tratamentos de neoplasias.
Certas doenças tendem a ocorrer por diversas razões: fatores de risco em comum, no caso de uma elevar a probabilidade do desenvolvimento da outra ou, ainda, quando um dos distúrbios efetivamente causa outro.
Vale reforçar que o termo comorbidade não deve ser confundido com complicação ou agravamento. Uma complicação é um efeito colateral, sintoma ou disfunção que surge em decorrência de uma patologia, procedimento ou tratamento. Manifesta-se no corpo e tende a passar após um período.
Quando pensamos no grupo mais atingido, aqui entram os mais velhos. À medida que envelhecemos, aumentamos as chances de o organismo desenvolver problemas de saúde durante o processo. No entanto, não se engane: isso não é coisa exclusiva de quem já chegou a uma idade avançada. Pessoas mais jovens também podem ter comorbidades.
Que doenças podemos classificar como comorbidade?
Talvez a dupla diabetes e hipertensão arterial (a popular pressão alta) seja uma das mais conhecidas. No entanto, não há limites: é possível apresentar três, quatro ou mais condições simultaneamente – doenças que têm início juntas ou uma após a outra.
E, além de questões físicas, como as mencionadas, uma condição comórbida pode incluir doenças mentais. Por exemplo, se um indivíduo tem diabetes e, posteriormente, for diagnosticado com depressão. Ambas têm sintomas que podem afetar a saúde e a qualidade de vida. Outras situações para ilustrar:
- Alguém com câncer e com um transtorno de ansiedade
- Um indivíduo com distúrbio de uso de substâncias, como álcool ou dependência de drogas (ou ambos) e uma doença mental
- Aqueles que apresentam depressão e ansiedade simultaneamente ? o que é mais comum do que imaginamos. De acordo com a National Alliance on Mental Illness (NAMI), estimativas apontam que cerca de 60% das pessoas com ansiedade também têm depressão e vice-versa.
Nos quadros de COVID-19, as comorbidades mais corriqueiras registradas que pioram o prognóstico do paciente, isto é, aumentam a probabilidade de ficar com Covid por mais tempo, manifestar uma forma mais grave da doença ou mesmo ter mais chances de morrer, são: obesidade, diabetes, hipertensão, doenças neurológicas, pulmonares, hepáticas e hematológicas crônicas.
Podemos incluir ainda na lista de condições consideradas comórbidas: Síndrome de Down, doenças cardíacas e respiratórias (como asma), complicações cerebrovasculares, doenças articulares, deficiência sensorial, artrite, desordem bipolar, transtorno de estresse pós-traumático, distúrbios de pânico, transtorno obsessivo-compulsivo, entre outras. Em todos os casos, ao consultar um médico por uma das questões, é importante relatar a outra.
No caso do coração…
O coração depende do bom funcionamento do organismo de modo geral para que possa se manter em pleno funcionamento. Lembrando que é dele a responsabilidade de bombear sangue em quantidade suficiente para suprir as necessidades do corpo. Na presença de multimorbidades, tem seu desempenho comprometido ou elevadas chances de desenvolver complicações.
Nesse sentido, analisando quadros de risco para pessoas predispostas ou com questões cardiovasculares diagnosticadas, temos combinações que podem ser perigosas, como diabetes e obesidade. Elas geralmente ocorrem juntas e, para agravar, também têm individualmente sua própria lista de comorbidades.
Ainda para exemplificar, vamos trazer um cenário comum entre os brasileiros: um paciente com insuficiência cardíaca (quando o coração se torna incapaz de cumprir sua função plenamente) que também convive com obesidade, colesterol alto, hipertensão, diabetes, estresse crônico ou tabagismo. Nesse caso, teríamos comorbidades (uma ou mais) que, somadas à insuficiência, são fatores de complicação direta para a saúde cardiovascular.
O I Registro Brasileiro de Insuficiência Cardíaca/Breath (Brazilian Registry of Acute Heart Failure), estudo realizado com 1.263 pacientes internados com quadro agudo da doença, apontou que 70,8% tinham hipertensão arterial, 36,7% dislipidemia (nível alto de colesterol e triglicérides no sangue) e 34% diabetes. Ou seja, quando a pessoa sofre de insuficiência cardíaca é comum apresentar comorbidades.
O que fazer?
Especialmente para o coração, é fundamental cuidar e fazer o monitoramento das doenças ou de fatores de risco. Em questões crônicas, há tratamentos e formas de controle eficientes capazes de preservar a saúde e a qualidade de vida.
Devemos realizar mudanças ou a manutenção de estilo de vida a fim de ter hábitos saudáveis, como parar de fumar, controlar o peso, manter uma dieta equilibrada e com pouco sal, reduzir o consumo de gorduras e de álcool e praticar exercícios físicos regularmente.
Encontrar o tratamento correto para alguém com comorbidade na maioria das situações requer avaliação e acompanhamento de profissionais de diferentes especialidades. Assim, exames e check-up regulares são outro ponto essencial.
Fonte: Minha Vida.
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