A cirurgia bariátrica é um termo popularmente associado à obesidade, para um método cirúrgico invasivo para acelerar o emagrecimento.
Não obstante, sua aplicação não é recomendada para todos os públicos e é necessário cuidados no pré e pós-operatório.
A obesidade mórbida é uma condição médica de alto risco, listada na Classificação Estatística Internacional de Doenças (CID) e caracterizada por um IMC maior que 40.
Ela apresenta dificuldade de locomoção, riscos de infarto, AVC, entre outros. A obesidade é, por si, considerada um problema médico.
No entanto, a concepção de obesidade passa por três graus, sendo o último o mais grave, onde se encontra o perfil de paciente que recorre a uma cirurgia bariátrica.
A intervenção consiste na remoção de partes do estômago e intestino delgado, de modo a reduzir o volume de alimento que um indivíduo é capaz de tolerar.
Aliado a uma série de mudanças na rotina, a prática promove uma acentuada redução de calorias ingeridas.
Porém, fugindo do senso comum, a cirurgia bariátrica não está restrita a um único procedimento.
Realizada por meio de cortes no abdômen ou videolaparoscopia, a redução da capacidade digestiva pode acontecer de maneira menos ou mais invasiva.
Em todos os casos, a cirurgia bariátrica é uma alternativa que deve ser combinada a outros tratamentos para o emagrecimento, como a inserção de alimentação natural e balanceada, junto à prática de esportes.
Como acontece a cirurgia bariátrica
A cirurgia bariátrica é administrada por cirurgiões gerais e especialistas em cirurgia para o trato digestivo.
O acesso aos órgãos que serão alterados é traçado por meio de um corte aberto, de 30 centímetros ou por laparoscopia.
A laparoscopia se distingue do método mais clássico por ser menos invasiva, demandando uma incisão menor no abdômen, suficiente para introdução do laparoscópio no organismo do paciente, instrumento dotado de uma microcâmera.
Neste segundo método, a microcâmera é integrada a um monitor, por onde a equipe médica visualiza os órgãos internos e guia o instrumento.
Consta como uma técnica conhecida, inspirada em outras intervenções, como tratamento para celulite e flacidez nas pernas.
A cirurgia bariátrica é composta por vários grupos de procedimento, sendo duas as práticas mais executadas no cenário nacional; a escolha de cada método é realizada ao observar as condições do paciente e as preferências da equipe médica encarregada.
Técnica Sleeve
O procedimento consiste na remoção de parte do estômago, sem alterar as dimensões do intestino.
O corte é realizado de forma a deixar o órgão em um formato semelhante a uma manga, razão de seu nome (sleeve). A prática extrai 85% do estômago do paciente.
Técnica Bypass
A técnica Bypass é a mais utilizada nacionalmente, compreendendo mais de 60% das cirurgias bariátricas. É usualmente indicada para os casos mais graves, em comparação ao método sleeve.
A técnica Bypass consiste na criação de um novo percurso de alimento funcional, a partir da construção de um estômago de capacidade menor e a sua respectiva costura ao intestino, sem a remoção de qualquer órgão. O restante do trato digestivo é inutilizado.
Banda gástrica
A banda gástrica é uma técnica que consiste na instalação de uma cinta ajustável no estômago, de modo a comprometer parte de sua extensão, forçando o paciente a comer menos. É uma das cirurgias mais rápidas e menos invasivas.
O ajuste da cinta está associado a um aparelho posicionado abaixo da pele, no organismo do paciente.
Desta forma, as dimensões da cinta podem ser redefinidas de acordo com avaliação médica.
Tipos de obesidade: quando é hora de optar por cirurgia
A decisão pela cirurgia bariátrica é tomada em concordância com médicos, nutricionistas e profissionais encarregados do acompanhamento deste paciente.
A viabilidade desta opção é medida por um conjunto de características específicas de cada quadro clínico.
Grau 1 de obesidade: IMC entre 30 kg/m² e 35 kg/m²
O cálculo do IMC, isto é, o índice de massa corporal, que calcula a distribuição de peso em humanos adultos, é uma relação entre peso total e altura, onde esta última medida é multiplicada por dois e dividida pela primeira medida, desta forma:
IMC = 60kg/1,70m x 1,70m = 60kg/2,89 = 20,7.
No exemplo acima, o cálculo foi realizado com base em uma pessoa com 1,70 metros de altura e um peso total de 60 kg.
O resultado final, “20,7”, se encaixa na categoria de peso saudável, de acordo com a escala do IMC.
Este cálculo é uma constante em qualquer procedimento voltado ao emagrecimento ou controle de calorias ingeridas, utilizado junto a outras métricas, como a bioimpedância, usada em tratamento para flacidez na barriga.
Quando o resultado desta conta é maior que 30 e menor que 35, o sujeito está diante de um quadro de obesidade de primeiro grau.
Maior que o sobrepeso, a obesidade pode apresentar sintomas debilitantes para a rotina, como:
- Incômodos nas articulações causadas pelo excesso de peso;
- Insuficiência venosa e respiratória;
- Hipertensão;
- Diabetes;
- Angina;
- Apnéia do sono.
A parcela da população que apresenta obesidade de primeiro grau cresce com a presença de fatores de risco como sedentarismo e desnutrição oculta.
Esta última condição se dá com o consumo excessivo de alimentos de baixo teor nutritivo.
Fast-foods, frituras, alimentos processados e a ausência de frutas e verduras na dieta são condições que provocam a desnutrição oculta, um responsável direto pela obesidade.
Além do ganho de peso, tais hábitos de consumo desencadeiam outras doenças.
A cirurgia bariátrica é pouco indicada para os casos de obesidade de grau 1, uma vez que sua condição pode ser revertida com a inserção de atividades físicas de nível moderado a intenso, além de dietas e tratamentos prescritos por um centro médico especializado.
Grau 2 de obesidade: IMC entre 35 kg/m² e 40 kg/m²
Os casos de obesidade de grau dois apresentam uma maior dificuldade no alcance de resultados com procedimentos não-invasivos, como reconstrução dos hábitos alimentares e prática acompanhada de exercícios.
A cirurgia bariátrica é uma alternativa apresentada por profissionais da saúde em caso de estagnação, ou seja, quando as demais práticas de emagrecimento não surtem efeito.
A recomendação é maior quando é detectada a presença de uma comorbidade.
Outro fator decisivo para a escolha da cirurgia bariátrica é a idade. O grupo etário mais indicado está entre 18 e 65 anos.
O profissional responsável pode indicar tratamentos preparatórios e remédios manipulados como redutor de riscos do operatório.
A obesidade de grau 2 é considerada severa, adjetivo que denota um agravamento de doenças diagnosticadas e fatores de risco, alterando também o estado mental do indivíduo, que pode desenvolver transtornos ligados à auto-estima e realização pessoal.
Grau 3 de obesidade: IMC acima de 40 kg/m²
O último grau de obesidade é considerado obesidade mórbida, quadro de maior risco para óbito.
O risco de morte súbita causado pelas complicações cardíacas e respiratórias é o responsável pela considerável redução de sua expectativa de vida.
Obesos mórbidos são o principal grupo contemplado pela cirurgia bariátrica. Sua situação é urgente o bastante para que a intervenção seja recomendada.
Em alguns casos, o excesso de peso é grande ao ponto de inviabilizar a locomoção.
Precauções durante o pós-operatório
O pós-operatório da cirurgia bariátrica é uma etapa crítica no processo de perda de peso para pacientes obesos, uma vez que o comprometimento de seu trato digestivo gera modificações profundas em seus hábitos de consumo.
O pós-operatório de cirurgias bariátricas pode ser acompanhado, em sua fase mais avançada, após a recuperação, de métodos para redução de gordura localizada e excesso de pele, como criolipólise no braço.
Observar um conjunto de precauções pode reduzir os riscos de infecções e síndromes gastrointestinais.
O paciente deve procurar atendimento médico sempre em caso de desconforto fora do previsto para o pós-operatório.
Obediência às fases de recuperação
O pós-operatório é marcado pela lenta reinserção de alimentos na rotina diária do paciente.
Durante os primeiros dias, de modo a reduzir riscos de ruptura, a dieta recomendada para o indivíduo submetido a cirurgia bariátrica é exclusivamente líquida.
O cuidado com o consumo de substâncias é presente, inclusive, com relação à água, com recomendações apontando para ingestão de 50 ml em intervalos espaçados.
A obediência às restrições impostas pela equipe médica reduz as chances de complicações.
A dieta líquida, durando em torno de 15 dias, é substituída pela dieta pastosa como uma transição para uma alimentação sólida.
Todo o processo deve ser acompanhado constantemente pelo profissional encarregado da cirurgia.
Atenção aos episódios de dor
Dor gastrointestinal e em outras regiões do corpo podem ser sinais de uma complicação no pós-operatório da cirurgia bariátrica.
O principal indicador para estes casos é a permanência do problema após a ministração de analgésicos leves (dipirona, paracetamol).
Episódios de dor indicativos de problemas do pós-operatório podem surgir acompanhados de inchaços e manchas.
Alterações de temperatura cutânea também são pontos a serem observados.
Suplementação e atividade física
A suplementação vitamínica, junto a outros cuidados com o corpo, como o consumo de cosméticos orgânicos e atividade física regular devem ser adaptados às fases do pós-operatório. A suplementação reduz a queda de vitaminas durante a dieta líquida.
Além de recomendações específicas da equipe médica, a indicação geral é calibrar a intensidade do exercício, ao invés de eliminá-lo da rotina.
Caminhadas leves são mais recomendadas para a fase de recuperação.
Conclusão
A cirurgia bariátrica é uma solução essencial para o tratamento de quadros graves de obesidade, um procedimento que se aprimora com a variedade de técnicas empregadas para redução da capacidade digestiva.
Respeitar as limitações impostas pelo pós-operatório, bem como os desdobramentos da cirurgia é fundamental para o sucesso de sua fase de recuperação e os resultados prolongados da prática, evitando um posterior ganho de peso.
Esse texto foi originalmente desenvolvido pela equipe do blog Guia de Investimento, onde você pode encontrar centenas de conteúdos informativos sobre diversos segmentos.
Descubra mais sobre Artrite Reumatoide
Assine para receber nossas notícias mais recentes por e-mail.