Quando se trata de prevenção às doenças, é sempre importante pensar na infância e puberdade. Existem inúmeros problemas oculares que começam nesse período. É o caso do ceratocone, distúrbio que causa afinamento irregular da córnea e que, geralmente, aparece nas primeiras décadas de vida. Essa protuberância em forma de cone pode provocar perda significativa de visão. “O ceratocone em crianças é mais agressivo do que em adultos e os protocolos de manejo são diferentes por causa de vários motivos, como progressão acelerada, estágio avançado da doença e comorbidades. Esse problema representa um fardo para a sociedade, pois afeta a qualidade de vida, desenvolvimento social e educacional das crianças”, explica o oftalmologista especialista em córnea do Hospital CEMA, Wilson Obeid.
Quando a enfermidade está presente, há uma redução significativa e variável na acuidade visual, distorção da imagem e aumento da sensibilidade ao brilho e à luz. Além disso, a assimetria característica da doença reduz a capacidade das lentes dos óculos em corrigir a visão adequadamente. O médico explica que o início do ceratocone pode ocorrer na puberdade (final da adolescência para homens e início dos 20 anos para a população feminina) e progredir até os 30 ou 40 anos. Depois disso, raramente ocorre qualquer progressão. “Em casos raros, ele pode evoluir e se manifestar em uma idade avançada”, diz.
A manifestação e a progressão da doença são altamente variáveis e, na maioria das vezes, são assimétricas entre os dois olhos. A prevalência do ceratocone na população é de 1 em 2 mil. Já na população pediátrica, é de 0,16%. Há uma influência genética, ambiental e até mesmo nutricional. Alguns tipos de alergias podem acelerar o progresso da doença e impactar no tratamento. Estudos mostram que 27,8% dos pacientes diagnosticados em estágio avançado da doença tinham menos de 15 anos, contra 7,8% com idade superior a 27 anos. “Os trabalhos demonstram ainda que há progressão do ceratocone em 88% das crianças em 1 ano de acompanhamento e diagnóstico, obrigando uma defesa precoce do tratamento”, explica o médico.
Entre as principais formas de tratamento estão o uso de óculos e lentes de contato, mas, em alguns casos, pode ser necessário transplante de córnea. Porém, o oftalmologista explica que, atualmente, já existem técnicas melhores para o tratamento, como o crosslinking, procedimento que aumenta a resistência da córnea e reforça sua estrutura. “Portanto, o diagnóstico precoce, o reconhecimento da progressão e a intervenção oportuna com crosslinking do colágeno corneano são imperativos para interromper o agravamento”, afirma.
Fonte: Assessoria de Imprensa
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