Uma pequena cápsula, pouco maior que um comprimido. Em seu interior, carrega uma microcâmera capaz de fazer até 55 mil imagens para diagnóstico de doenças do intestino delgado. A cápsula endoscópica é uma tecnologia já utilizada no Hospital Geral Dr. César Cals, da rede pública do Governo do Estado, nos casos de pacientes com sangramento de causa não identificada tanto na endoscopia digestiva alta quanto na colonoscopia.
O exame é feito com a ingestão da cápsula, que permanece dentro do corpo do paciente para percorrer toda a extensão do intestino, que mede de 4 a 6 metros no adulto, por até 8 horas. Ele fica ainda com um cinturão preso ao corpo que carrega a bateria e um gravador, que armazena as imagens geradas e enviadas pelo dispositivo, juntamente com sensores aplicados à parede abdominal. A cápsula, que é revestida por material biocompatível resistente ao trato digestivo, é descartável. Ela é composta por um sistema de lentes, câmara de vídeo e bateria. De acordo com o médico Marcus Valerius Ratacazo, endoscopista do Hospital César Cals, até então, a avaliação da mucosa do intestino delgado só era possível por meio de procedimento cirúrgico. “O paciente precisava ser internado para uma cirurgia e assim realizar um estudo da mucosa do intestino delgado. Com a cápsula isso não é mais necessário”, explica. Ele afirma que o paciente pode fazer todas as atividades do cotidiano durante a realização do exame.
O procedimento é ambulatorial. Para a preparação, a recomendação é que seja feito jejum de até 12 horas, e uma dieta com ingestão de líquidos, no decorrer do exame. O dispositivo ingerido, que mede 26 mm e pesa 4g, não causa nenhum incômodo para o paciente, sendo de fácil ingestão e eliminação. Foi o que aconteceu com Jacquecilene Prado Macdowel, funcionária pública, que iniciou o tratamento num hospital de atenção secundária. Após continuar com hemorragia digestiva, mesmo tendo realizado endoscopia e colonoscopia, ela foi submetida ao exame com a cápsula para uma avaliação mais especializada no César Cals. Com os resultados, ela foi medicada e passou ainda por consultas de retorno, para acompanhamento, no ambulatório do hospital. “Hoje eu estou bem. Não sinto mais nada”, afirma.
O exame proporciona mais qualidade de vida ao paciente, é mais confortável e permite uma maior precisão de resultados. Por não ser invasivo, não necessita da permanência do paciente no ambiente hospitalar. Ele fica liberado para a realização de todas as suas atividades diárias normalmente, enquanto a cápsula percorre toda a extensão do intestino delgado, passando pelo mesmo trajeto que segue o alimento. Passadas as 8 horas, ele deve retornar ao hospital para a retirada do cinturão com o aparelho e as imagens armazenadas. A cápsula, que é descartável, é eliminada pelo organismo naturalmente.
Para a análise das imagens, o médico utiliza um software específico que as transforma em vídeo, com duração de até uma hora. É dessa maneira que ele pode avaliar qualquer lesão na mucosa intestinal. O exame pode ser utilizado ainda para a investigação da doença de Crohn, doença celíaca, casos de suspeita de tumores intestinais, vigilância de pacientes com síndromes polipoides, anemia ferropriva (decorrente da privação ou deficiência de ferro no organismo, que compromete a produção, o tamanho e o teor de hemoglobina dos glóbulos vermelhos, hemácias); e, por fim, a suspeita de doenças disabsortivas, relacionadas à má absorção de nutrientes pela mucosa intestinal.
O Hospital César Cals adota a tecnologia das cápsulas endoscópicas desde o segundo semestre de 2013. Nem todos os pacientes que passam por exames de endoscopia necessitam da cápsula. O Hospital César Cals já implantou 52 cápsulas. O investimento anual para a realização dos exames é de R$ 83.000,00.
Fonte: Ceara.Gov
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