Algumas pessoas são muito flexíveis e capazes de realizar facilmente movimentos de grande amplitude ou não habituais. Mas o que parece ser uma vantagem pode ser uma condição de frouxidão ligamentar e das articulações, geralmente causada por deficiência na produção do colágeno. A hipermobilidade aumenta o risco de lesões articulares e musculares, podendo resultar em dores crônicas.
O tratamento depende de um diagnóstico preciso e do trabalho multidisciplinar entre médicos e fisioterapeutas. Com este propósito, foi inaugurado hoje (28), o Centro Especializado em Hipermobilidade e Dor (CEHD), na Asa Sul, em Brasília (DF). É o primeiro serviço especializado em Hipermobilidade Articular e suas consequências do Brasil.
“A Hipermobilidade Articular cursa com comorbidades que vão muito além da dor crônica generalizada. Entre elas estão a insônia, fadiga, cansaço, disautonomia, dor de cabeça, tremores nas extremidades, alergias e intolerâncias alimentares. Dependendo dessas complicações, o paciente é geneticamente classificado em Desordem do Espectro da Hipermobilidade (DEH) ou em Síndrome de Ehlers Danlos (SED)”, explica a médica fisiatra Angélle Jácomo, sócia da CEHD.
Apesar de pesquisas internacionais indicarem que cerca de 30% da população é hipermóvel, no Brasil quase não há literatura científica sobre o assunto e existem poucos médicos especializados nesta área. “Por desconhecimento no assunto é comum o hipermóvel ser taxado como preguiçoso ou exagerado. Também é comum recebermos no consultório pacientes hipermóveis diagnosticados erroneamente como fibromiálgicos. Ocorre que os tratamentos são diferentes e o paciente só piora”, esclarece Angélle, que é especializada em dor.
O objetivo do centro é reabilitar o paciente com hipermobilidade e SED, fibromialgia, dor de cabeça ou dor crônica para que ele volte a ter qualidade de vida. O tratamento é realizado com medicação e fisioterapia. A equipe é formada por fisiatra, neurologistas, cardiologista, cardiologista pediatra, endocrinologista, ortopedista, clínico da dor e fisioterapeutas.
“Estes pacientes com quadros crônicos, e muitas vezes incapacitantes, precisam de um diagnóstico certeiro além de um tratamento específico e individualizado. Suas comorbidades também precisam ser tratadas, assim como seus sintomas associados”, alerta o neurologista e especialista em dor Welber Oliveira, que também é sócio da CEHD.
Tratamento específico e individualizado
Comandada pela fisioterapeuta Fernanda Maria Rachid, especialista em dor e sócia da CEHD, a equipe de fisioterapeutas do centro atende apenas um paciente por horário. “Cada patologia exige um tipo de tratamento específico. Na reabilitação dos pacientes hipermóveis, por exemplo, nosso foco está no controle da dor e na reabilitação através de exercícios direcionados. Além disso, ensinamos a propriocepção (capacidade do indivíduo de identificar e perceber seus movimentos articulares no espaço) porque eles são desequilibrados e precisam aprender os movimentos corretos até no andar, bem como ao fazer exercícios físicos”, diz Rachid.
No CEHD são realizados exames de eletroneuromiografia e ecocardiograma, além de vários procedimentos, como laserterapia, infiltração articular, acupuntura e eletroacupuntura, infiltração de ponto gatilho, terapia por ondas de choque, bloqueio de nervos cranianos, entre outros procedimentos.
Fonte: Jornal de Brasilia.
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