Vitória Souza Barbosa tem apenas 22 anos, mas já conta com uma longa trajetória de vida, muitíssimo diferente de jovens de sua mesma idade. Quando adolescente, com apenas 15 anos, descobriu que tinha vitiligo e, desde então, luta com muito afinco contra todo e qualquer preconceito ou dificuldade que possam aparecer em seu caminho.
“Apareceu uma mancha no meu seio e minha mãe me levou a um médico da rede pública de saúde. Lá, ele disse que eu deveria passar uma pomada ginecológica porque estava com ‘pano branco’, mas não era nada disso. O número de manchas foi aumentando, até que procuramos um novo médico que solicitou uma biópsia e, no resultado, que veio de Campo Grande, apareceu o nome da doença: vitiligo”, disse.
Ela contou que, na época, sentiu um pouco de medo ao descobrir que possuía uma doença sem cura. “Eu fiquei muito nervosa com isso e minha família também. De repente, as manchas começaram a se alastrar: no rosto, no seio, nas axilas e, de repente, tudo parou”, pontuou.
Quando questionada pela equipe de reportagem do jornal “O Pantaneiro” sobre as mudanças que ocorreram em sua vida a partir do diagnóstico, ela foi enfática ao dizer que bastante coisa mudou. “Eu tinha medo de sofrer preconceito lá fora, medo de não conseguir emprego… Depois, com o tempo, eu comecei a me acostumar, mas ainda tenho receio de sair na rua porque sempre tem gente que acha que a doença é contagiosa e olha com uma forma estranha”, explicou.
A jovem também disse que o vitiligo tirou dela uma das coisas que ela mais gostava de fazer. “Hoje em dia eu não posso mais nadar e eu amava. Agora, se eu fico no Sol, o meu rosto fica vermelho. Além disso, eu preciso comprar um protetor solar, que é sempre dos mais caros, e tudo vem do meu bolso, porque a Prefeitura de Aquidauana não pode bancar”, falou.
Preconceito
Em Aquidauana, a jovem conta que enfrentou uma barra em uma loja que preferiu manter anônima. “Na época eu tinha 17 anos e a proprietária da loja disse que não queria ninguém com ‘isso’ no rosto, porque espantaria os clientes. Quando aconteceu, eu comecei a chorar, voltei pra casa, me tranquei no quarto e comecei a chorar”, contou, emocionada.
Vitória também falou que, recentemente, sofreu ataques preconceituosos através da internet. “Me adicionaram em um grupo de WhatsApp, que eu acho que era de São Paulo, com pessoas que eu não conhecia. Eu saí, alguém me adicionou de novo e o povo começou a fazer chacota, dizendo que eu era o Michael Jackson, que eu era manchada, perebenta. Quando isso aconteceu, eu excluí o grupo de novo, mas novamente me colocaram e, dessa vez, eu resolvi revidar e avisei que, se não parassem, eu entraria com um processo contra eles”.
A partir de então, ela contou com a ajuda de seu marido, Edoilson Weis, com quem é casada há dois meses, que pegou o celular e fez o bloqueio dos números que estavam proferindo ofensas contra ela, o que acabou com o incômodo, mas acabou deixando rastros dentro de sua mente. “Quando isso aconteceu, eu fiquei muito chateada. Não conseguia comer, passei o dia no quarto. Depois, isso passou”.
Edoilson também é peça fundamental em sua vida. “Ele me apoia e me motiva demais. Se eu quero ir em algum lugar, ele me leva”, disse.
Tratamento
Hoje em dia, a jovem abandonou o tratamento por conta própria, por perceber que, com ele ou sem ele, a vida continuaria a mesma. “Eu fazia tratamento em Campo Grande e usava um medicamento para tentar controlar a doença, mas não surtia nenhum efeito. Por isso, eu não quis mais”, enfatizou.
Por fim, a jovem deixou uma mensagem para todos aqueles que também enfrentam as mesmas dificuldades por possuírem vitiligo. “Gente, não tenham vergonha. A doença não é contagiosa, não coça, não dói. O preconceito das pessoas é o que marca a gente. Eu tenho vários amigos, inclusive criei um grupo no WhatsApp com pessoas que têm vitiligo e, enfim, a gente tenta se ajudar. Nesse grupo tem gente de todo o Brasil e tem estrangeiros também. Lá, trocamos experiências, falamos sobre medicamentos… Tem umas 100 pessoas no grupo”, finalizou.
Opinião Médica
A equipe de reportagem do jornal “O Pantaneiro” também entrou em contato com a Dra. Erica Lellis Spada Tahan, que é dermatologista, e contou um pouco mais sobre a doença. “O vitiligo é uma doença auto imune de causa desconhecida que provoca destruição do melanócito (célula que da cor à pele), causando a despigmentação da região atingida e, ao contrário do que as pessoas pensam, é uma doença não contagiosa”.
Ela também falou sobre o preconceito ainda escancarado na sociedade. “Ela ainda é uma doença cercada de preconceito e atrapalha as pessoas no campo psicológico e profissional. Apesar de não ter cura, com o tratamento adequado feito pelo dermatologista, é possível regredir consideravelmente ou até mesmo por completo as manchas. Dia 25 de junho é o dia Mundial do Combate ao Vitiligo, para conscientizar a população sobre a doença, ainda mal vista pela sociedade”, finalizou.
Fonte: http://www.opantaneiro.com.br/aquidauana/apos-descobrir-vitiligo-aos-15-anos-vitoria-faz-jus-ao/136463/
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