A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) expandiu a cobertura do medicamento Dupixent (dupilumabe), da farmacêutica Sanofi, nas redes privadas de saúde, agora disponibilizando o tratamento da dermatite atópica grave também a pacientes pediátricos de 6 meses a menores de 18 anos. Anteriormente, somente indivíduos com mais de 18 anos tinham acesso a essa medicação por meio dos planos particulares. A medida, impulsionada por uma consulta pública que contou com a participação de 10 mil pessoas, entrou em vigor em 2 de maio.
Embora muitos casos sejam leves e não exijam tratamento sistêmico, aproximadamente 10% dos pacientes enfrentam formas moderadas ou graves da doença, prejudicando consideravelmente sua qualidade de vida. Isso porque o quadro gera coceira intensa, interferindo no sono e na autoimagem, além de aumentar o risco de problemas psicossociais, como bullying, isolamento social e transtornos de ansiedade.
Até 2017, ano em que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou o uso do Dupixent em casos de dermatite atópica, o tratamento para esses casos envolvia corticoides, tanto tópicos quanto orais, com seus potenciais efeitos colaterais, especialmente em usos prolongados. O uso poderia levar a complicações como obesidade, interrupção ou atraso no crescimento, diabetes, aumento do colesterol e catarata.
Outras opções incluíam medicamentos como metotrexato e ciclosporina, embora seu uso em crianças para dermatite atópica seja considerado “off-label”, ou seja, fora das recomendações originais.
Na opinião de Silvia, a incorporação do dupilumabe pela ANS, órgão responsável pela regulação e fiscalização das redes privadas de saúde, pode ser considerada um “divisor de águas”. “Estamos falando de uma terapia segura e que, quando bem indicada, pode mudar o curso da doença, evitando sintomas graves, progressão e internações hospitalares por conta das infecções, principal complicação da dermatite atópica”, declara a especialista.
Segundo a titular da SBD, a expectativa, a partir de agora, é que o Sistema Único de Saúde (SUS) inclua o medicamento. Afinal, para aqueles que não são beneficiários da rede privada de saúde, o acesso ao medicamento continua acontecendo por meio de compras em farmácias de alto custo, podendo chegar a um valor de R$ 12 mil. “Agora, aguardamos a incorporação pelo sistema público de saúde, para que crianças e adolescentes que não possuem os planos privados também sejam beneficiados pelo tratamento de qualidade”, declara a médica.
O que é dermatite atópica?
É uma doença inflamatória crônica caracterizada por lesões de eczema (vermelhas e grossas), secura e coceira na pele. Outra marca da doença é a recorrência, já que, segundo a SBD, ela costuma alternar entre períodos de melhora e piora dos sintomas, “podendo haver intervalos de semanas, meses ou anos entre uma crise e outra”.
Além disso, a dermatite atópica faz parte do grupo de doenças atópicas, ou seja, que não estão diretamente ligadas a um fator externo específico e que têm relação entre si. “Por isso, pessoas que têm alguma atopia, sejam as respiratórias (como rinite, bronquite e asma) ou alergias alimentares, têm mais chances de desenvolver a dermatite atópica e vice-versa”, explica Silvia.
O que causa a dermatite atópica?
Essencialmente, a dermatite atópica está ligada a fatores genéticos, de acordo com o dermatologista Heitor Gonçalves, presidente da Sociedade Brasileira de Dermatologia. Apesar disso, fatores externos podem disparar e piorar os sintomas, segundo o especialista.
“Pessoas com essa tendência genética, sob determinadas condições, sofrem alterações no sistema imunológico que levam a reações exacerbadas. Isso resulta na produção de substâncias inflamatórias e na diminuição da barreira de proteção da pele. Consequentemente, a pele fica mais suscetível à perda de água e mais seca, o que facilita o surgimento de inflamações”, descreve Gonçalves.
- Suor excessivo (favorecido por ambientes e roupas quentes e variações de temperatura);
- Baixa umidade do ambiente (porque aumenta o ressecamento da pele);
- Uso de roupas de lã e de tecidos sintéticos e ásperos (aumentam a coceira);
- Uso exagerado de sabonete;
- Situações de estresse. De acordo com Gonçalves, a adrenalina liberada nesses momentos aumenta a sensibilidade da pele em relação às substâncias que causam inflamação;
Por que a dermatite atópica aparece principalmente em crianças?
Segundo Gonçalves, os motivos dessa maior prevalência não são claros. Porém, ele acredita que o quadro melhore ao longo do tempo devido a uma “acomodação” do sistema imunológico à alteração genética típica da doença. “A dermatite atópica costuma surgir a partir dos três meses de idade e é possível que, ao longo dos anos, a sensibilidade aos fatores que causam alergia diminua”, explica.
Inclusive, a SBD aponta que aproximadamente 70% das crianças que apresentam dermatite atópica evoluem com a remissão (estágio em que a doença está sob controle) na adolescência. Apesar disso, a entidade destaca que há casos menos comuns em que a dermatite atópica surge na fase adulta.
Como prevenir a dermatite atópica?
Por ser uma doença com base genética, é difícil evitar o surgimento da dermatite atópica. Consequentemente, a sua prevenção, assim como o seu tratamento em casos leves, consiste em hábitos para evitar o agravamento dos sintomas, tais como:
- Melhorar as condições da barreira da pele. Para isso, é recomendado usar hidratantes ou emolientes sem cheiro, pelo menos duas vezes ao dia;
- Evitar banhos muito quentes e demorados;
- Não usar sabonetes direto na pele lesionada. Nesses casos, optar por loções de limpeza;
- Aliviar a coceira com compressas frias e, nos casos graves, com o medicamentos anti-histamínicos;
- Manter as unhas das crianças curtas para reduzir o risco de lesões a partir da coceira. Caso a coceira noturna seja um problema grave, pensar na possibilidade de recorrer a luvas leves durante o sono;
Fonte: Assessoria de Imprensa
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