“As portas estão trancadas para mim.” Este é o sentimento do morador de Santo André Roberto Alfredo Bravo, 59 anos. O lamento do vendedor ambulante é ocasionado pela demora de dois anos e meio no agendamento de consulta com proctologista, solicitada em agosto de 2013.
O argentino, que mora no Brasil há 40 anos, detalha que durante a espera já passou por diversos setores da Prefeitura em busca de atendimento. “Fui à ouvidoria duas vezes e perdi as contas de quantas vezes estive na UBS (Unidade Básica de Saúde) São Jorge. Em novembro, fui lá pela última vez e os funcionários me disseram que ainda não havia previsão para a minha consulta. Está complicado”, lamenta Bravo.
Segundo ele, a luta para ser atendido pelo sistema de Saúde pública andreense gera sensação de impotência. “Me sinto de mãos atadas em cenário como este. Não adianta nada fazer diversas campanhas de conscientização se não nos amparam corretamente. Se essa demora persistir, vou comprar uma corrente e vou me prender perto de algum edifício público. Quem sabe assim eles não me notam e resolvem marcar a consulta que espero há tanto tempo.”
A situação do ambulante se agravou nos últimos dias. Preocupado, ele relata sangramento nas partes íntimas. “Há algum tempo começou (o sangramento), por ser uma região delicada, não sei o que pode ser. Tenho medo de que seja câncer de próstata e sabemos que se essa doença não for tratada corretamente, ela se espalha pelo corpo e mata. Tenho uma filha de 8 anos que precisa de mim.”
A rotina dura de Bravo, que acorda à 1h de segunda-feira a sábado para preparar o café que vende nas ruas de Santo André, justifica-se pela preocupação com o futuro da filha. “Tenho que pagar a pensão, as contas e comprar minhas mercadorias. Peço que Deus me dê saúde para trabalhar, mas com essa demora me sinto à mercê da sorte. Prometi para a minha menina que lhe daria um tablet daqui a um tempo, preciso cuidar da minha saúde para poder cumprir essa promessa.”
Procurada, a Prefeitura de Santo André, por meio da Secretaria de Saúde, informou que a guia do paciente está na programação de fevereiro da Central de Regulação para agendamento da consulta em março. Ainda conforme a administração municipal, o proctologista se enquadra em atendimento especializado prestado pelo Estado. Por mês, o município recebe 12 vagas, sendo sete para o AME (Ambulatório Médico de Especialidades) e cinco para o Hospital Estadual Mário Covas, equipamentos da rede pública estadual de Saúde.
Fonte: Dgabc
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