Quando não somos respeitados em nosso próprio espaço levamos para a vida a sensação de que as pessoas estão sempre nos invadindo. Uma simples pergunta pode se transformar em uma angústia, pois vivemos achando que devemos uma explicação para alguém. Nos sentimos acuados, às vezes até sem fôlego, pois muitas vezes é difícil separar a razão, do emocional.
Essas invasões rotineiras não permite que possamos respirar, estamos sempre em estado de tensão. Isso à médio e longo prazo deixa severas marcas no emocional, podendo levar a insônia, ansiedade crônica, dores musculares, depressão, entre outras alterações de saúde.
Passamos a vida em busca de soluções, um remédio, uma técnica que alivie essas dores, mas parece que quanto mais abrimos a caixinha, mais dor aparece para ser resolvida. As consequências que vão além do emocional se tornam concretas quando uma das reações é se esquivar do mundo.
Viver com o outro é um exercício diário, é cansativo estar o tempo todo na defensiva, tentado se proteger de um possível ataque que pode vir a qualquer momento. O mundo se torna hostil, as pessoas são perigosas, a angústia toma conta, impossibilitando relaxar. Acabamos nos isolando, criamos nosso próprio mundinho e só saímos para cumprir os compromissos necessários. Nos cercamos de tudo que nos proporciona conforto e ali ficamos, tentando buscar alívio para as angústias e tristezas.
É muito saudável que se aprenda a se cuidar de si mesmo e se proteger, mas faz parte do processo de cura enfrentar, olhar para essas dores, para essas situações que vem minando a alegria de sua vida. Confesso que não é um processo fácil, mexer nas feridas irá causar muita dor, pode ser até que infeccione, mas é essencial para buscar a tranquilidade interna. Mas se deixar lá, escondido, a dor irá te devorar aos poucos, até que não sobre nada que te faça ser feliz ou te dê prazer.
Olhar para o que está disfuncional, para o que não está fluindo faz parte do crescimento. Se esquivar pode até gerar a sensação de que está tudo bem, mas é ilusório, a infecção continua ali, a qualquer momento irá doer novamente.
Entender que as experiências que passamos por mais difíceis que tenham sido nos ajuda a crescer emocionalmente, tudo depende do foco que você dá. Se ficar preso as lamúrias ficará andando em círculos, mas se houver o entendimento, será mais fácil ressignificar a dor a que foi exposto.
Se permita a abrir a caixinha, faça isso com carinho, no seu tempo. Busque alguém de confiança que possa te ajudar nessa empreitada e se deixe curar. Quando nos permitimos ser feliz, a porta vai se abrindo e aos poucos vamos aprendendo que relaxar é possível e faz muito bem.
FONTE: E mais estadão – Luciana Kotaka
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